



Com o jipe Kübelwagen, o anfíbio Schwimmwagen
e o sedã Kommandeurwagen (de cima para baixo), o VW seguia o
caminho militar antes de chegar aos civis, o que exigiu a reconstrução
da fábrica após a guerra
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O
local acabou servindo para a fabricação de veículos militares derivados
do projeto: o jipe Kübelwagen, o anfíbio Schwimmwagen e o sedã
Kommandeurwagen (leia boxe abaixo). Poucas unidades civis foram
produzidas de 1940 a 1945 e só para uso de oficiais das forças armadas.
Adaptação
à nova Alemanha
Com o fim do conflito,
a Alemanha foi dividida em quatro zonas, cada uma administrada por
um dos países aliados vencedores. Fallersleben ficou na zona de ocupação inglesa, sob a supervisão do major Ivan Hirst, e a
cidade passou a se chamar Wolfsburg. A fábrica do VW estava dois terços
destruída, mas a grande carência de veículos que pudessem ser usados na
prestação de serviços essenciais, como polícia, correios e demais órgãos
do governo provisório, pedia urgência. Era preciso reconstruir aquela
unidade fabril. Não demorou para a versão de passeio do projeto começar
a ganhar as ruas.
Mesmo sem a reconstrução do local ter sido finalizada, já no segundo
semestre de 1945 os primeiros Volkswagens eram concluídos. Entretanto, a
maior parte dos carros ainda era de Kübelwagen, devido ao estoque de
peças: foram 500 deles, contra 52 sedãs. Em 1946,
já priorizando esta versão, foram produzidas 10 mil unidades destinadas
aos serviços públicos. No ano seguinte, embora o número tenha caído para
8.500 carros, quase todos foram adquiridos pelos soldados estacionados
no país. Era o primeiro contato de estrangeiros com um projeto que
alcançaria enorme popularidade nos mais diversos mercados.
O governo provisório estudou a venda e transferência da fábrica para
alguns países, até que várias dificuldades o fizeram convidar Heinz
Nordhoff (leia boxe) para administrar a empresa. Ex-executivo alemão
da Opel e ex-crítico do projeto VW, ele não estava conseguindo
trabalho nem mesmo na Opel, que temia críticas caso empregasse quem
havia colaborado para o esforço de guerra alemão. Sem melhores
perspectivas de vendas internas na época, Nordhoff empenhou-se em procurar novos
mercados para o projeto criado por Ferdinand Porsche, que nessa época já
estava prestes a abrir com seu filho Ferry uma fábrica própria de carros
esporte.
A princípio, a meta inicial era tentar explorar mercados
europeus. O primeiro foi a Holanda, onde os irmãos Pon — importadores
que teriam participação importante no projeto da
Kombi — receberam um lote de 56
sedãs. No ano seguinte Bélgica, Dinamarca, Luxemburgo, Suécia e Suíça já
recebiam suas cotas do besouro alemão. Tanto no velho continente quanto
na América, fabricantes ainda desdenhavam do pequeno carro.
Uma
série de modificações nos processos produtivos da fábrica precisou ser
feita, assim como vários detalhes do VW foram aprimorados. Dessa forma,
Nordhoff conseguiu aumentar a produção. Foram fabricados 19.244 unidades
em 1948. A entrada de divisas trouxe novos investimentos que dobrariam a
produção em 1949, quando o governo alemão foi restabelecido. O nome do modelo passou, na prática, a também identificar uma marca
com a apresentação do utilitário Typ 2, a Kombi.
Continua
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