

Tudor, de duas portas, e Fordor,
com quatro, versões lançadas em 1923

O Roadster Pickup de 1925,
primeiro Modelo T com caçamba de aço instalada na fábrica, inaugurou a
longeva história dos picapes da Ford |
Fazia anos que a concorrência vinha tentando imitar o sucesso do Modelo
T. Essa reação ganhava força conforme o Ford envelhecia, sem acompanhar
a evolução tecnológica, sendo até motivo de piada por conta disso. Os
pára-lamas dianteiros, as saídas de ar laterais do capô em maior número
e uma revisão do chassi foram tentativas de remediar a queda nas vendas. O preço do Runabout era reduzido ao nível mais baixo da história do T, 260
dólares, e ele podia vir de fábrica com caçamba de aço. Ou seja, começava ali a
longa história dos
picapes Ford.
Uma importante novidade marcou a linha 1926: a volta das cores, ainda
que mantendo os pára-lamas pretos. Os Modelos T fechados também vinham
com grade banhada em cromo; a partida elétrica já era item de série
também nas versões abertas. No âmbito da produção, a semana de trabalho
da companhia passava a ser de cinco dias. A Ford começava a falar sobre
a intenção de tirar seu famoso e longevo produto de linha, embora
negando que ele logo seria substituído. Desde aquela época não se podia
dar muita confiança a declarações de um fabricante sobre o futuro de
seus carros...
Se em 1924 a Ford tinha dois terços do mercado, em 1926 a participação
já era de um terço. Edsel Ford tinha razão. Filho único de Henry e
presidente da Lincoln desde a aquisição da marca em 1922, ele defendia a
atualização do Modelo T havia tempo, mas seu pai relutava. Os Chevrolets
e Dodges tinham motores de 30 cv, interiores mais requintados, freios
com comando hidráulico e pedais de embreagem e acelerador, como os
carros de hoje. Aos olhos do público, o Modelo T só era atraente pelo
preço, mas estava ultrapassado, rústico demais para os anos 20. Em 1927,
Henry Ford finalmente concordou com seu filho.
No dia 26 de maio, uma cerimônia marcou o encerramento oficial da
produção do carro mais vendido do mundo. Nada menos que 15.007.033
unidades do Modelo T haviam sido fabricadas. Mais 477.748 foram
concluídas pelas fábricas da Ford no mundo todo — no total, 15.484.781
exemplares. As unidades fabris pararam de funcionar até que o substituto
do T, o novo Modelo A, começasse a ser
produzido em 22 de dezembro. Levaria quatro décadas até que o
Volkswagen Sedan conseguisse suplantar essa
marca de vendagem. Mas não foi ele que tornou o carro um bem de milhões.
É possível dizer qual é o melhor carro já feito? O Ford Modelo T
certamente não era, longe disso. Mas ele ainda é o mais importante. Se
continuar sua produção perdeu o sentido, a era do automóvel acessível
fabricado em massa iniciada por ele só se expandiu, fortaleceu, continua
até hoje e assim deve se manter. Nenhum carro transformou o mundo de
forma tão radical quanto o Modelo T, a mais exata tradução sobre quatro
rodas do mais revolucionário dos séculos. Nunca antes ter a obra-prima
de um visionário foi tão fácil para milhões de pessoas.
No mundo do automóvel, há 100 anos e provavelmente para sempre, o Ford T
é o carro modelo.
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