O Coupelet era um cupê com capota em estilo landaulet; o Modelo T de 1917 assumia as formas acima, com radiador em aço em vez de latão

O Central Door Sedan, com porta no meio de cada lateral, era outro lançamento; em 1919 a Ford substituía a manivela pela partida elétrica

No material do Touring Car de 1923, o pára-brisa um pouco inclinado e menção à alta demanda pelo carro, que pode exigir espera pela entrega

Revisões constantes do processo produtivo fizeram o tempo de montagem cair para 93 minutos. Se as vendas ultrapassassem 300 mil carros, cada comprador receberia um reembolso. Foram 308.162 exemplares, mais que todos os outros fabricantes americanos juntos. Promessa cumprida: cada cliente recebeu 50 dólares de volta.

Do ápice à eternidade   Em 1915 os pára-lamas do Modelo T ganharam desenho arredondado e os faróis agora eram elétricos. Foram acrescentadas as versões Coupelet (fusão de Coupe e Landaulet, pelo tipo de capota) e Central Door Sedan, modelo fechado do tipo "cristaleira" com uma única porta no meio de cada lateral. Com a chegada do competitivo Chevrolet 490 para 1916, o preço do Modelo T Runabout básico caía para 345 dólares, contra os 490 dólares do concorrente. A produção anual saltou para 743.811 carros. Mas foi a linha 1917 que trouxe as mais profundas mudanças visuais desde seu lançamento.

Um novo radiador de aço estampado, na cor do carro, substituía o de latão e deixava as dobras do capô mais arredondadas. Não havia mais qualquer peça em latão nesse ano-modelo, algo curioso de se notar para o mais notório carro nascido no que os americanos chamam de brass era (era do latão). Os pára-lamas dianteiros também estavam mais curvos. E foi naquele ano que Ford lançou seu primeiro chassi para uso utilitário: o TT, baseado no Modelo T. Dele derivariam os futuros caminhões da marca.

No ano de 1918 a prioridade era suprir as forças armadas americanas, em combate na Primeira Guerra Mundial, com equipamentos quem iam de ambulâncias a submarinos. A produção do Modelo T civil despencou por ordem do governo, mas para 1919 ele finalmente recebeu a partida elétrica. Item de série nas versões fechadas e opcional nas abertas, ela acrescentava um amperímetro ao painel, além de alguns dólares ao preço. Mas o velocímetro ainda era opcional. Os novos aros de roda desmontáveis vinham de série nos carros fechados para facilitar a troca de pneus.

Cortes de preço prosseguiam na estratégia da Ford. Foi o que, em meio a uma crise econômica, possibilitou vendas de 1.275.618 veículos da marca em 1921, mais que o dobro do ano anterior. A fatia do mercado triplicou para 61,5% — quase 57% da produção mundial de automóveis! O crescimento prosseguia até que, em 1923, a Ford mexesse no time que estava ganhando... para crescer ainda mais. O Modelo T ganhou pára-brisa levemente inclinado e a divisória entre motor e habitáculo passou a ser de metal. A chegada das versões sedã Tudor (de two-door, duas portas) e Fordor (de four-door, quatro portas) valorizou a linha.

Após mais de dois milhões de veículos da marca vendidos apenas naquele ano-modelo (1,8 milhão dos quais sendo o Modelo T de passeio), 1924 teve na versão cupê de cinco janelas e traseira integrada o maior destaque. Foi quando a Ford comemorou o décimo milionésimo veículo fabricado por ela. O Runabout de entrada custava 265 dólares e o trabalhador americano ganhava em média 1.300 dólares ao ano. A última renovação relevante veio em 1925, quando as vendas caíam pelo segundo ano consecutivo, mesmo com parcelamento semanal do preço do carro em cinco dólares. Continua

Nas telas
Com todos os anos de permanência do Modelo T no mercado, não é de se impressionar que a lista de filmes em que ele tenha aparecido seja longa, da época em que ele ainda era vendido ou de períodos posteriores. E foi nas comédias de curta metragem que ele mais se destacou. Eram mais que meras participações. Por ser um carro barato, o T "atuava" com freqüência e podia muitas vezes ser avariado ou mesmo destruído em prol do riso. Como pouco mudou por vários anos, é difícil identificar o ano da maior parte deles.

Em sua filmografia estão vários curtas cômicos, como África Selvagem (Roughest Africa, 1923), A Oeste de Hot Dog (West of Hot Dog, 1924), O Segundo Século (The Second 100 Years, 1927), Ensopado de Pato (Duck Soup, 1927), Dois Marinheiros (Two Tars, 1928), Leave 'Em Laughing (1928), Perfect Day (1929), Grande Negócio (Big Business, 1929), Hog Wild (1930), Towed in a Hole (1932), On the Wrong Trek (1936) — todos com o Gordo e o Magro, a dupla de Oliver Hardy e Stan Laurel, na ordem. Outros créditos são Assombração Assobrada (Haunted Spooks, 1920), Get Out and Get Under (1920), Girl Shy (1924) com Harold Lloyd, Uma Semana (One Week, 1920), O Espantalho (The Scarecrow, 1920), The Boat (1921), O Aeronauta (The Balloonatic, 1923) com Buster Keaton e Dia de Prazer (A Day's Pleasure, 1919) com Charles Chaplin.

Há também as comédias curtas Wandering Willies (1926), Double Trouble (1927, mas com um T 1924 em cena), Mitt the Prince (1927), The Big Shot (1929) e Cash and Carry (1937). De comédias em longa metragem há Dr. Jack (1922), Grandma's Boy (1922), Speedy (Speedy, 1928), As Três Eras (Three Ages, 1923) e Mr. Boggs Steps Out (1938). Um 1926 aparece na francesa Le Schpountz (1938), um 1924 em Blondie Plays Cupid (1940) e um 1914 em O Fantástico Super-Homem (The Absent Minded Professor, 1961), com Fred MacMurray. A sueca Pang i Bygget (1965) e O Leão Vesgo (Clarence, the Cross-Eyed Lion, 1965) também trazem o modelo no elenco automotivo. Até a comédia E Aí, Meu Irmão, Cadê Você? (O Brother, Where Art Thou?, 2000), com George Clooney e John Turturro, mostra um Modelo T.

Mas nem só de risos foram as participações do modelo nas telas. Um T aparece na ação Roaring Roads (1935); na aventura Contrastes Humanos (Sullivan's Travels, 1941), com Joel McCrea, Veronica Lake e um T transformado em carro de batalha; no drama The Choppers (1961), em que ele aparece em versão hot; e no drama Música na Noite (Musik i Mörker, 1948) do cultuado diretor sueco Ingmar Bergman. Um 1927 preparado para corrida está na ação Flertando com a Morte (The Big Wheel, 1949) e o drama Assim Caminha a Humanidade (Giant, 1956) conta com Elizabeth Taylor, Rock Hudson e James Dean, além de um picape roadster T.

Um T hot rod aparece no drama Caçada Humana (The Chase, 1966), com Marlon Brando, Jane Fonda e Robert Redford. Outro 1923 está na aventura alemã Pippi Långstrump (1969). O drama Lua de Papel (Paper Moon, 1973), com Ryan e Tatum O’Neal, tem uma versão caminhão. Outro drama em que o T é usado é Na Época do Ragtime (Ragtime, 1981), com James Cagney e Brad Dourif. Em Tomates Verdes Fritos (Fried Green Tomatoes, 1991), com Kathy Bates, Jessica Tandy, Mary Stuart Masterson e Mary-Louise Parker, há um Ford T entre vários A.

No drama australiano Hammers Over the Anvil (1993), com Charlotte Rampling e Russell Crowe, e no policial feito para TV O Outro Capone (The Lost Capone, 1990), com Eric Roberts, também se pode ver o T. O drama sobrenatural À Espera de um Milagre (The Green Mile, 1999), com Tom Hanks, traz um T 1926, um ano mais novo que o do drama Kinsey – Vamos Falar de Sexo (Kinsey, 2004), com Liam Neeson e Laura Linney. Mas uma das melhores homenagens foi a Lizzie de Carros (Cars, 2006), um 1923 de animação que é a viúva do fundador de Radiator Springs. O simpático automóvel fala o que pensa, mas muitas vezes esquece o que disse logo em seguida. Não tem jeito... É mesmo com bom humor que a carreira cinematográfica do lendário Ford ficou marcada até aqui.
Perfect Day Hog Wild
Assim Caminha a Humanidade The Big Shot
Get Out and Get Under O Outro Capone
Dois Marinheiros Uma Semana
E Aí, Meu Irmão, Cadê Você? Grande Negócio
O Fantástico Super-Homem Pippi Långstrump
Carros The Choppers

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade