Em um belo trabalho de estilo, o Dakota 1997 adotava linhas arredondadas e imponentes, com inspiração no Ram de 1994

Cabines simples e estendida, além da versão com caçamba longa (no centro), e diversos acabamentos davam amplas opções no novo Dodge

O interior modernizado trazia bolsas infláveis frontais de série; a parte mecânica guardava muito do anterior, mas com um chassi mais rígido

Com a edição Shelby já esgotada, o Dakota 1991 trazia a opção de fábrica do V8 de 5,2 litros, agora com 170 cv (5 a menos). Ao contrário da série esportiva, sua frente foi ligeiramente alongada para comportar melhor o motor mais comprido. Em toda a linha havia para-choque dianteiro e grade novos, que vinham na cor da carroceria para o Sport. Esta versão trazia também estrutura de caçamba com faróis auxiliares. Para o ano seguinte, além de adotar faróis mais eficientes com lâmpadas halógenas no lugar dos antigos selados (sealed-beam), a Dodge providenciou mudanças no V6 e no V8. A nova série Magnum trazia injeção multiponto e aprimoramentos nos cabeçotes, o que os deixava bem mais vigorosos, com 180 e 230 cv, na ordem — expressivos 55 e 60 cv a mais que os do ano anterior;

Se a concorrência já não acompanhava o Dakota V8 com facilidade, agora comer fumaça de seus pneus traseiros era praticamente uma certeza. O mercado respondeu com entusiasmo, elevando as vendas em 60%. Na linha 1993 vinham ABS para as quatro rodas, uma primazia em picapes de qualquer tamanho nos EUA, e novos bancos individuais. No comparativo da Popular Science com o Chevrolet C1500, o Ranger (já na segunda geração) e o Toyota T100, o Dakota V6 foi o segundo mais rápido tanto em aceleração quanto no desvio entre cones, além de superar o Ranger por larga margem em espaço interno e de ter a maior capacidade de carga, 820 kg. A revista observou que "seu desenho externo e interno já parece datado", mas resumiu: "Se você quer transportar carga pesada no mundo real, o vencedor geral é o Dakota".

Bolsa inflável para o motorista (outra inovação no tipo de veículo) e alguma redução de potência no V6 e no V8 (para 175 e 220 cv, na ordem), pelo emprego de comando de válvulas mais "manso" a fim de oferecer melhor torque em baixa rotação, vinham para 1994. Os dois anos-modelos seguintes pouco trouxeram de significativo: apenas a versão Sport de tração traseira, em 1995; no ano seguinte, controle eletrônico da caixa automática e o motor Jeep de quatro cilindros, 2,5 litros e 120 cv. Embora as vendas tenham se mantido em bom patamar, o Dakota estava envelhecido diante dos reformulados S10 e Ranger. A própria Dodge, ao impressionado no segmento de pesados com o novo Ram em 1994, ajudou a evidenciar como o modelo médio estava perdendo o apelo. Mas uma notável evolução estava a caminho.

As retas pelas curvas   Revelada em 1996, a segunda geração do Dakota parecia mesmo um Ram em menores dimensões. No lugar das linhas retas vinham muitas curvas, ordenadas de modo a transmitir robustez e imponência. A grade de quatro retângulos dominava a vista frontal, ladeada por faróis relativamente pequenos, e o capô estava mais alto que os para-lamas como se mostrasse que ali embaixo morava o poder. Nas laterais, para-lamas abaulados davam uma sensação muscular. A cabine arredondada, em que as janelas não tinham mais quebra-ventos, completava o conjunto. Os projetistas haviam conseguido um grande trabalho.

O aspecto estava moderno também no interior, embora sem o mesmo destaque da carroceria; havia computador de bordo e o passageiro da frente afinal contava com bolsa inflável, item de série. Por baixo da novidade, porém, estava uma mecânica sem grandes alterações. Até as três opções de distância entre eixos — para cabine simples, a versão alongada e cabine estendida — eram as mesmas de antes, assim como a definição de motores e câmbios. O motor V6 voltava a 175 cv e o V8 retomava os 230. Evoluções, só no chassi, com aumento de 50% na resistência à torção, e na suspensão dianteira redesenhada, que usava molas helicoidais em versões de tração traseira e feixes de molas semielíticas nas 4x4.

Embora com progressos em comportamento dinâmico, o Dakota não estava mais vigoroso que o anterior. Mesmo assim, foi aprovado no teste da Motor Trend, que disse ter encontrado "equilíbrio quase perfeito para a 'ralação' do dia a dia e os passeios do fim de semana". A revista destacou a maior rigidez estrutural, a redução nos ruídos internos em pisos irregulares e o melhor comportamento da suspensão: "Percorreu o slalom com precisão e equilíbrio excepcionais. O comportamento em velocidade inspira confiança". Continua

No Brasil
A carreira do Dakota por aqui foi das mais breves. A Chrysler, que havia deixado o mercado nacional em 1981 após sua absorção pela Volkswagen, decidiu montar uma unidade em Campo Largo, PR para fabricar o picape com elevado conteúdo importado dos Estados Unidos. Em abril de 1998 apresentava o Dakota nacional nas versões básica e Sport (foto superior), a primeira com motor de quatro cilindros e 2,5 litros e a outra com o V6 de 3,9 litros, ambos a gasolina. Havia opção pela cabine estendida para o Sport, mas não pela caçamba longa ou a tração 4x4, oferecidas nos EUA.

Um motor a diesel, inexistente no mercado norte-americano, era necessário no Brasil e aparecia em 1999 com a unidade Detroit Diesel, também feita no Paraná. Com quatro cilindros, 2,5 litros e 115 cv, trazia soluções modernas como controle eletrônico da bomba injetora e do acelerador, cabeçote de alumínio, turbocompressor e resfriador de ar. Se em potência estava abaixo do 2,5 a gasolina, o torque máximo de 30,6 m.kgf ficava só 0,5 m.kgf aquém do obtido pelo V6. A versão, que vinha apenas em acabamento Sport e com cabine simples ou estendida, adotava ainda diferencial autobloqueante, que então se tornava equipamento de série em toda a linha.

O passo seguinte da Dodge foi lançar aqui o esportivo R/T (foto central), mas com fórmula diferente da original. Se nos EUA o motor era o V8 de 5,9 litros associado a suspensão baixa e rodas e pneus esportivos, para o Brasil foi escolhido o de 5,2 litros, 232 cv e 40 m.kgf que já equipava grande número do Jeep Grand Cherokee, para facilidade em assistência e reposição de peças. Com caixa automática de quatro marchas com alavanca na coluna de direção como item padrão (que se tornava opcional para a versão V6), o primeiro picape V8 nacional em décadas — no passado houve modelos da Ford e da própria Dodge com essa configuração — acelerava de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos e atingia 180 km/h, pelas informações da fábrica.

O problema estava na definição de suspensão alta e firme (ainda que a capacidade de carga fosse reduzida de 1.000 para 750 kg), rodas de 15 pol e imensos pneus 31 x 10,5 R 15, o que deixava o picape saltitante e com estabilidade precária. Faltava ainda um sistema antitravamento (ABS) de freios nas quatro rodas, pois estava restrito às rodas traseiras. A última novidade do modelo brasileiro foi a cabine dupla com quatro portas, em 2001, disponível com motores V6, V8 (em acabamento Sport, não R/T) e turbodiesel e com opção de caixa automática. Tinha seis lugares, banco traseiro rebatível bipartido (60:40) e menor capacidade de carga, 660 kg — exceto na versão a diesel, que mantinha os 1.000 kg por força da legislação.

Como a fábrica de Campo Largo já estava destinada ao fechamento, foram produzidas apenas 1.000 unidades com cabine dupla até que a breve carreira de nosso Dakota se encerrasse e a Chrysler fosse embora, mais uma vez, do País.
 
 

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