Menos de dois anos após a chegada da camioneta (à esquerda), a Vemag passava a fazer o sedã e a perua de carroceria mais larga, F94 (à direita), além do jipe

Ainda sem os nomes Belcar e Vemaguet, os modelos 1961 já traziam motor de 1,0 litro; o teto branco, conveniente sob nosso sol, era opção freqüente

 

Técnica peculiar   A produção nacional da década de 1960 tinha uma curiosidade: ainda não havia a consagração de certos conceitos mecânicos que se vê hoje, responsável por uniformizar a formulação técnica de variadas marcas. Nos carros médios e pequenos, tínhamos opção de estrutura monobloco (Dauphine) ou chassi e carroceria separados (Fusca e DKW), motor e tração dianteiros (DKW) ou traseiros (Dauphine e VW), refrigeração a ar (Fusca) ou a água (demais modelos), três cilindros (DKW) ou quatro (os outros) e até motor a dois tempos (também DKW) ou quatro tempos (os demais).

Como se nota, a família Vemag era a de concepção técnica mais peculiar — e não só por esses fatores. Seu motor com bloco de ferro fundido e cabeçote de alumínio era muito simples, dotado de apenas sete peças móveis (virabrequim, três bielas e três pistões), já que os dois-tempos não têm válvulas ou seu comando: a admissão e o escapamento são feitos por janelas nos cilindros. Quando ele se desgastasse, era possível instalar um motor parcial recondicionado pela fábrica, à base de troca, a custo acessível e com apenas três horas de serviço.

Propulsores a dois tempos em geral trabalham com óleo lubrificante misturado ao combustível, sendo queimado junto dele durante a combustão. Nos DKWs iniciais a mistura era feita diretamente no tanque, à proporção de 40 partes de gasolina para uma de óleo, o que resultava em excesso de lubrificante em algumas condições. Era inevitável a grande emissão de fumaça azulada ao dar partida ao motor frio. Por outro lado, não era preciso trocar óleo de motor, o que outras marcas exigiam a cada 2.500 km na época.

Sua simplicidade chegava a soluções como dispensar a bomba d'água do sistema de arrefecimento. A circulação de líquido entre bloco e radiador dava-se por sifão térmico, em que a água quente sobe e a fria desce. O radiador ficava atrás do motor, em posição elevada (para favorecer o sifão térmico), e o ventilador mecânico era movimentado por uma árvore que passava pelo cabeçote. O termômetro da água no painel não era elétrico, mas hidráulico: um tubo cheio de éter ligava o instrumento ao cabeçote, sistema um tanto frágil.

O pedal do acelerador tinha dois estágios: a partir de determinado ponto, uma segunda mola endurecia bastante o pedal para estimular a condução com pouco abertura de acelerador, forma mais econômica para motores a dois tempos. A bomba de combustível usava acionamento pneumático pela parte inferior do bloco, produzido pelo vai-e-vem do pistão do terceiro cilindro. O sistema de ignição era individual, com um platinado, um condensador e uma bobina para cada cilindro, e o avanço inicial de ignição também precisava ser feito um a um. Embora desse certo trabalho para ajustar, tornava muito improvável o carro ficar na estrada por problema de ignição. Continua

Anunciado para "o executivo moderno", o Belcar era nosso único sedã médio; tinha a praticidade dos seis lugares e do assoalho sem túnel central

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