


Com pequenas mudanças, o interior da Vemaguet foi o mesmo
até o modelo 1967 das fotos;
a tampa traseira abria-se em duas, para cima e para baixo
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Pouco depois, para 1966, aparecia com
bocal do tanque de combustível atrás da placa traseira em
vez de na lateral, luzes de direção dianteiras nas extremidades dos
pára-lamas, aquecimento interno, piscas com retorno automático (logo
abolidos por seu mau funcionamento) e freios dianteiros a disco,
opcionais — nosso primeiro carro a oferecê-los, pouco antes do Gordini.
Até vidros mais finos foram usados para reduzir o peso, enquanto
diferencial e quarta marcha mais curtos tentavam dar agilidade.
E, enquanto a linha Belcar recebia a frente de quatro faróis, o Fissore
1967 vinha com novas lanternas traseiras e grade, além de sistema
elétrico de 12 volts. Os planos de sedã e perua de quatro portas, esta a ser apresentada no Salão, foram
abandonados. Em setembro, seguindo os passos da matriz alemã, a
Volkswagen do Brasil adquiria a Vemag. O fim estava próximo para a linha
DKW.
A
crise
A história da Vemag teve diversos momentos difíceis, alguns relacionados
ao quadro político-econômico do País. A empresa foi abalada com a saída
de JK da Presidência da República, em 1960, e voltou a enfrentar crises
com a renúncia de Jânio Quadros, no ano seguinte. Com a tomada do poder
pelos militares, em abril de 1964, veio novo período conturbado.
O cenário era desolador para toda a indústria: consumidores sem
recursos, vendas em baixa, concessionárias sem crédito. A fábrica chegou
a ter 2.000 DKWs nos pátios e acabou por limitar a produção a 40 carros
por dia. Os outros fabricantes passavam pela mesma crise, mas podiam se
amparar nas matrizes estrangeiras — já a Vemag tinha de suportar por si
mesma.
E não foi só. Havia sérias falhas de engenharia e administração na
empresa. Localizada ao lado de um brejo, tinha o pátio inundado com
freqüência em épocas de chuva, exigindo que os funcionários corressem
para levar os carros zero-quilômetro a um lugar mais alto. Em termos de
administração, conta-se que aconteciam mudanças repentinas de decisão,
como a troca do lugar de novas prensas: concluído o pavilhão a elas
destinado, destruía-se a obra para a instalação em outro local.
De resto, problemas com fornecedores levaram à entrega de carros sem
equipamentos, como macaco e cinzeiro, ou com revestimento interno em cor
destoante da pintura, o que havia disponível em estoque. E não se pode
esquecer que as características técnicas peculiares dos DKWs — a tração
dianteira, o motor fumacento — provocaram alto índice de rejeição. Mesmo
assim, sua robustez conquistou adeptos e o Belcar foi dos mais usados
para o serviço de táxi, mesmo depois de sair de linha.
Continua
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