
Com estilo de Pininfarina e
entreeixos do Coupé, o Spider seguia o conceito targa: podia-se rebater
a capota traseira e retirar os painéis dianteiros


Mais para hatchback que para
perua, apesar do nome Estate na sigla, o Beta HPE combinava três portas
à frente do Coupé e o entreeixos do Berlina

O Montecarlo tinha pouco em comum ao Beta:
era um dois-lugares com motor
central-traseiro e soluções de estilo que o deixavam bem esportivo |
A família cresce
Antes que o
mal do subchassi viesse à tona, a linha Beta aumentou com rapidez. Já em
junho de 1973 aparecia o Coupé, com desenho do próprio centro de estilo
da Lancia, comandado por Pietro Castagnero, e
2+2 lugares. Era bem mais compacto
que o sedã, com menores comprimento (3,99 m) e entreeixos (2,35 m), além
de ser 4 cm mais estreito e 11 cm mais baixo, e pesava 990 kg, ante
1.085 kg do quatro-portas. Grade própria, quatro faróis separados e
traseira mais elegante o deixavam bem mais atraente que o sedã — na
verdade toda a carroceria era diferente, uma tradição na marca.
O cupê vinha só com os motores de 1,6 e 1,8 litro, que retrabalhados
desenvolviam 108 e 120 cv, na ordem. O câmbio tinha novas relações e as
semi-árvores de transmissão passavam a ter o mesmo comprimento, recurso
para evitar o esterçamento por torque
nesses carros de boa potência e tração dianteira. Rodas de alumínio de
14 pol e interior mais elaborado, com nove instrumentos analógicos no
painel, formavam o interessante conjunto. Entre os concorrentes da
versão estavam os alemães Ford Capri,
Opel Manta e BMW
320.
Em março do ano seguinte, no Salão de Genebra, vinha um targa ou
semi-conversível: o Spider, que nos Estados Unidos se chamaria Lancia
Zagato — nome do estúdio que o produzia, embora o desenho fosse de
Pininfarina. Tinha frente semelhante à do cupê, o mesmo entreeixos curto
e motores iguais, mas a traseira mostrava formas próprias. A seção
posterior do teto era rebatível e, na parte dianteira, os painéis podiam
ser removidos. Atrás das portas, uma larga coluna ligava um lado a outro
do carro, para aumentar a rigidez estrutural. Soluções como essa foram
comuns nos anos 70, época em que os conversíveis saíram do catálogo de
vários fabricantes.
Foi também em Genebra, em março de 1975, que as coisas começaram mesmo a
esquentar: surgiam o Beta HPE (sigla para High Performance Estate, perua
de alto desempenho, embora mais tarde fosse alterada para High
Performance Executive) e o Montecarlo (escrito assim e não Monte Carlo,
a capital do Principado de Mônaco). O HPE, mais um hatch três-portas que
uma perua, combinava o estilo frontal e as portas do cupê ao entreeixos
longo do sedã. O projeto, também da própria Lancia, seguia de certa
forma a proposta do Volvo 1800 ES.
O Montecarlo, por sua vez, partia de um projeto específico de
Pininfarina para a Fiat (os protótipos X 1/8 e X 1/20, que viriam
ampliar a linha iniciada pelo X 1/9), que
acabou recebendo motor e câmbio do Beta, só que em posição
central-traseira e com tração posterior. A cilindrada crescia para 1.995
cm³ para maior torque, mantendo os 120 cv. Esse motor de duplo comando
era basicamente o mesmo que equiparia nosso
Tempra 16 anos depois.
Seu
estilo era esportivo e atraente, com frente baixa e longa, traseira
curta e a solução de colunas posteriores alongadas (mas não o vidro,
pequeno e vertical) típica dos Ferraris, com os quais se identificava. A
seção frontal emoldurada em plástico preto conferia uma "cara de mau"
que combinava com sua personalidade. Havia um porta-malas razoável na
frente, já que o estepe vinha na traseira, e opção de amplo teto solar. Tanto o desenho quanto a fabricação couberam à Pininfarina.
Era menor que qualquer Beta, com 23 cm a menos em
comprimento e 5 cm a menos em entreeixos que o Spider, por exemplo, e
pesava só 970 kg.
Continua
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