Um Ford para os Jetsons

Futurista e familiar, o Taurus tinha a receita certa para tomar o
mercado americano de assalto e recuperar o vigor da Ford

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

Estados Unidos, 1985. O país vivia uma euforia de seus valores. As crises, distúrbios e contestações dos anos 60 e 70 passavam longe e até já eram motivo de piadas. O presidente Ronald Reagan agradava mais em Washington que em seus anos em Hollywood, enquanto o império comunista, liderado pela União Soviética, estava prestes a se desmantelar com a chegada de Mikhail Gorbatchev ao poder. O futuro parecia promissor, apoiado na impressão de que o American way of life, o estilo americano de viver, era um caminho certo para o progresso.

Se os anos 50 haviam sido o auge da prosperidade econômica e cultural americana, era hora de aproveitar as liberdades sociais conquistadas nas duas décadas anteriores e, ainda, reviver as alegrias simples da vida familiar nos subúrbios residenciais que proliferaram naqueles anos dourados. Um dos filmes mais marcantes e divertidos do ano, De volta para o futuro, refletia bem isso mostrando um jovem que, ao voltar 30 anos no tempo, conhece a juventude dos pais nos anos 50 — além de eternizar o DeLorean DMC12, carro que, não fosse o filme, seria apenas lembrado como um projeto fracassado.

O antecessor: derivado do Fairmont da década de 1970, o LTD (aqui em versão perua) e seu estilo conservador só acentuaram o aspecto inovador do Taurus

No mundo do automóvel, esse futuro chegava mais cedo na Ford, que apresentou um revolucionário modelo intermediário para 1986. O Taurus foi o que todo fabricante espera alcançar quando se propõe a inovar. Sua revolução foi aceita não só sem resistência, como também com enorme entusiasmo. Isso muito se deve à disposição da Ford de recriar com ousadia dois dos tipos mais tradicionais de automóvel — o sedã de quatro portas e a perua de cinco para a família —, respeitando alguns de seus preceitos tradicionais. Se há dois carros americanos fundamentais dos anos 80, um é a linha de minivans da Chrysler e o outro o Taurus.

O novo Ford era o principal resultado de um vultoso investimento da ordem de três bilhões de dólares. O outro rebento do projeto era seu primo Mercury Sable, com visual ainda mais futurista. O padrão aerodinâmico que ambos lançaram tornou-se a referência da indústria em todo mundo e, embora o Ford mais vendido em 1986 nos Estados Unidos tenha sido o Escort, o Taurus seria o líder de vendas entre os modelos de marcas americanas por mais de 15 anos. Além de um enorme sucesso de mercado, para a Ford ele foi um precioso e necessário impulso para fora da crise que afundava a empresa na época.

As formas do novo Ford surpreenderam os EUA em 1985: linhas suaves e arredondadas, frente sem grade, ampla área envidraçada

Por volta de 1980 a gasolina estava mais cara, a competição dos importados cada vez mais acirrada, a fatia de mercado da Ford mais fina, seus produtos quase todos envelhecidos. Ainda por cima, havia novos regulamentos do governo e a crise interna entre Henry Ford II e Lee Iacocca, que levou este último a deixar a Ford e salvar a Chrysler. Nesse cenário foi dada a largada ao projeto Sigma, um modelo médio para os padrões americanos e com tração dianteira, que deveria igualar ou superar as qualidades dos concorrentes em estilo, engenharia e desempenho. Continua

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Data de publicação: 24/12/05

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