Apesar das formas do teto, que não abriam mão do conforto dos passageiros, o cupê da linha W123 mostrava elegância; o entreeixos era 85 mm menor

A Mercedes não demorou a ampliar a oferta com variações de distância entre eixos alongada, cupês (identificados pela letra C) e peruas (T, para Touring). Os cupês apareciam em março de 1977 no Salão de Genebra, nas versões 230 C, 280 C, 280 CE e 300 CD, com motores iguais aos do sedã. O formato do teto não era suave como o de alguns modelos do gênero, para privilegiar o espaço dos passageiros, mas o vidro traseiro mais envolvente e as pequenas janelas após as portas, sem coluna central, conferiam um ar mais descontraído e jovial que o dos sedãs. Eram também 85 mm mais curtos (toda a redução efetuada no entreeixos) e 43 mm mais baixos.

Em agosto seguinte eram inseridas as limusines 250, 240 D e 300 D Long, com nada menos que 630 mm a mais entre os eixos, além de 42 mm adicionais em altura. A fábrica optou por uma solução curiosa, em que as portas traseiras (maiores que nos sedãs convencionais) ficavam bem à frente do eixo posterior, sendo complementadas por janelas atrás delas. No interior, um banco escamoteável de três lugares era colocado à frente do assento traseiro, com um mecanismo de rebatimento que permitia mantê-lo junto aos encostos dianteiros, com excepcional espaço para as pernas de quem viajasse atrás. Se desejado, usava-se apenas um lugar, pois era bipartido.

A perua Touring, que chegava em 1978 com cinco versões, primava pelo espaço e trazia boas soluções, como um banco adicional para crianças no compartimento de bagagem

Em maio de 1978 era lançada a Touring, com as versões 230 T, 250 T, 280 TE, 240 TD e 300 TD. Era não só a primeira perua da Mercedes, como também uma das primeiras do segmento, pois a maior parte das marcas de luxo na época concentrava-se em sedãs. Comprimento e entreeixos não mudavam em relação ao automóvel, mas a altura ganhava 32 mm. Um interessante recurso era o banco adicional para crianças no compartimento de bagagem, voltado para a traseira, que podia ser guardado no assoalho quando fora de uso. Outro, a suspensão posterior hidropneumática, dotada de nivelamento automático em função da carga transportada. E o banco traseiro era bipartido. Continua

Nas pistas
O que para alguns parece absurdo — um Mercedes-Benz enfrentando lama e solavancos em um rali — foi colocado em prática, e mais de uma vez. Aconteceu também com a série W123: em 1978, cinco sedãs 280 E (junto de cupês 450 SLC) disputaram o Vuelta America del Sud, uma longa prova de 39 dias e 30 mil quilômetros, iniciada e concluída em Buenos Aires (Argentina).

Países como Paraguai, Uruguai, Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela e Brasil faziam parte do extenuante roteiro. Ao final, sete dos oito carros chegaram e dominaram o pódio: ficaram de 1º a 5º lugar, em 8º e em 9º.
Nas telas
Por se tratar de uma série intermediária, sem o apelo dos luxuosos Classe S ou dos conversíveis SL, a linha W123 não teve papéis de destaque no cinema. Mas fez algumas aparições.

Um dos casais mais chiques e simpáticos das telas, formado por Jonathan Hart e sua esposa Jennifer, formavam o Casal 20 da série de TV, que passou com muito sucesso entre 1979 a 1984. Tinham uma bela casa e também grandes automóveis. Um deles era uma perua 300 TD de 1979, que o dedicado mordomo e chofer Max dirigia. Foi usada em vários capítulos.

Belos e notáveis automóveis sempre são vistos em filmes do agente secreto mais famoso do planeta. E não poderia deixar de ser em 007 contra Octopussy (1983), que tem o grande Roger Moore fazendo o papel do intrépido agente James Bond. Um belo 280 SE preto (acima) aparece quando ele está em Berlim, no banco traseiro, sendo o carro dirigido por Karl. Bom filme da série, com ótimas cenas de perseguição. Anos mais tarde, no ótimo Goldeneye (1995), com Pierce Brosman no papel de 007, também pode ser visto um sedã vermelho.

Vários carros interessantes aparecem em Dia de Treinamento (Training Day), filme policial de 2001 estrelado pelo grande Denzel Washington, que faz o papel do policial pouco convencional Alonzo e tem como parceiro Ethan Hawke. Vêem-se por duas vezes modelos da série W123: um sedã em uma freeway, pouco à frente do Chevrolet Monte Carlo de Denzel, e na outra um belo cupê cinza.

A Identidade Boune teve seu filme-piloto feito para a TV. Também é um policial muito bem feito. O par famoso é Richard Chamberlain, que faz Jason Bourne, e Jaclyn Smith, atriz conhecida pela antiga série As Panteras. Um W123 táxi (acima) aparece em uma cena em Paris. Na comédia Junior, de 1994, estrelada por Arnold Schwarzenegger, que faz Dr. Alex Hesse, traz também Danny DeVito e a bela e competente Emma Thompson. Podemos ver um sedã branco dessa linha numa cena importante.

Francis Castaings

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