Por mais ornados que fossem os Eldorados Biarritz e Seville, eles dividiam esse mesmo cardápio estético com os demais modelos da linha, tendo só uma moldura cromada na base das barbatanas como distinção. A exceção era o Brougham: contido e retilíneo, seu modelo 1959 não tinha pára-brisa panorâmico e o teto era geometricamente anguloso, com ampla área envidraçada. Seus rabos-de-peixe, discretos, embutiam as lanternas.

O Brougham era uma exceção em 1959: linhas sóbrias, barbatanas moderadas, portas traseiras comuns

Era novamente um prenúncio do que viria: o Brougham já tinha a cara dos mais contidos carros americanos do início dos anos 60. As portas traseiras adotavam abertura tradicional, o painel carregava menos cromados e até detalhes curiosos dos dois anos anteriores, como as garrafinhas de perfume e os copos de prata, desapareciam. Se parecia até um pouco menos americano, havia um motivo: era feito na Pinin Farina, em Turim, Itália (cujo nome composto, como ocorrera com o do próprio Eldorado, seria unido mais tarde). Mantinha o preço do modelo 1957 e só 99 foram feitos.

A prova de que o estilo adotado em 1959 não era tão exagerado assim veio no ano seguinte. Com a frente quase igual, mas simplificada, o Eldorado, assim como toda a linha 1960, trazia barbatanas suavizadas e mais baixas. Já começara a gestão de Bill Mitchell nesse departamento da GM. As lanternas cônicas davam espaço a lentes em forma de filetes instaladas nas próprias caudas, em um visual marcantemente mais limpo que o adotado na década anterior. O Brougham manteve-se igual e vendeu 101 unidades, mas não voltaria em 1961, assim como o Seville.

Em 1960 os exageros começavam a retroceder; era o último ano em que o conversível tinha a companhia do cupê e do Brougham

Nesse ano a frente e as laterais estavam ainda mais simples que em 1960. As colunas dianteiras tinham formato tradicional, apenas com a base curva. As barbatanas continuavam encolhendo, embora o pára-choque traseiro mostrasse extremidades pontudas para criar um visual de foguete. Fora isso, até faltava algum toque de personalidade ao novo estilo. O Eldorado era uma mera versão de acabamento do Série 62 conversível. Um atípico ano restrito a alterações menores viria com a linha 1962.

Tradição revigorada   Finalmente, em 1963, após 14 anos com pequenas alterações, era chegada a hora de uma grande evolução do V8 de válvulas no cabeçote lançado em 1949. Passava de 390 pol³ para 429 pol³, ou 7,05 litros, e desenvolvia 15 cv a mais. Estava bem mais suave e silencioso, com virabrequim mais leve, embora reforçado, e bloco com 22,5 kg a menos. No visual, apenas mudanças com resultados pouco perceptíveis. A frente era apenas evolutiva, as colunas do pára-brisa já estavam retas e a traseira agrupava as lanternas nos cantos do pára-choque, fora os filetes das barbatanas.

Em 1963 o motor V8 passava a 7,05 litros, mas as evoluções de estilo eram sutis

Pouco mudaria em 1964, quando o Eldorado perdeu o complemento Biarritz. Porém, como novo integrante da linha Fleetwood, passou a ser chamado de Fleetwood Eldorado. Na prática, para o público era apenas Eldorado — ou seu apelido, Eldo. Para reconhecer um deles em meio aos outros Cadillacs daquele ano, bastava notar a ausência de saias nos pára-lamas traseiros. Alguns novos equipamentos foram testados junto ao público em 1964, como o acendimento automático de faróis Twilight Sentinel, por meio de sensor crespuscular, e o Comfort Control, primeiro sistema de ar-condicionado e aquecimento 100% automático da indústria. Para 1965 viriam mudanças mais relevantes no desenho.

A contenção estética da marca, assim como de todos os fabricantes de Detroit, estava pautando os carros americanos dos anos 1960. Além de trazer um novo chassi e faróis duplos verticais com moldura na altura dos pára-lamas, chegava ao fim a maior marca registrada da Cadillac desde 1948: os modelos 1965 vinham sem nenhuma barbatana! Entretanto, a força desse artifício de estilo criado por Harley Earl estava longe de se encerrar. Até hoje o rabo-de-peixe é símbolo de Cadillac ou, pelo menos, de seus anos áureos.
Continua

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