O novo conversível pesava 2.180 kg e chegava a 186 km/h. Tambores freavam seu entusiasmo. Sua suspensão dianteira era independente com molas helicoidais e a traseira de eixo rígido tinha molas semi-elípticas. Entre os opcionais daquele ano estavam ar-condicionado, direção assistida e o novo — e curioso — Autronic Eye (olho automático-eletrônico). Esse equipamento comandava a troca de farol alto para baixo quando detectava outro carro vindo no sentido oposto. A exclusividade do modelo 1953 ajudou a catalisar atenções para o Eldorado, que prosseguiu na linha 1954.

O grande conversível de 2,2 toneladas exibia requinte e itens inovadores, como o sensor que comutava os faróis ao perceber um carro em sentido contrário

O próspera década de 1950 via carros americanos redesenhados a cada ano, que ficavam mais rebuscados e coloridos. Detroit vivia seu auge, paralelo ao da Cadillac. Sobravam cromados. Além de ornamentos de capô e frisos, as barbatanas (rabos-de-peixe), inauguradas pela marca em 1948, e os pára-choques com garras protuberantes, apelidadas de dagmars (em alusão ao enorme busto de 99 cm da atriz e apresentadora Ruth Egnor, de nome artístico Dagmar), entre outros recursos visuais, eram anualmente renovados. O Eldorado 1954 era um exemplo perfeito disso.

Desta vez ele estava menos distinto em relação ao restante dos Cadillacs, que adotavam o mesmo pára-brisa envolvente introduzido por ele no ano anterior. Além dos pára-lamas cobertos por uma faixa cromada e portas redesenhadas, a maior atração era o preço 2.012 dólares mais baixo, que gerou vendas quatro vezes maiores. Um detalhe quase imperceptível dos modelos 1954 da marca era a leve elevação dos rabos-de-peixe, que ainda incluíam as lanternas. A frente de todos os "Caddies" tinha novo desenho, que fazia lembrar um buldogue.
Continua


O
interior do modelo 1954, que destacava em sua frente um protuberante detalhe: as garras de pára-choque,
apelidadas de
dagmars em alusão aos seios de uma atriz e apresentadora de TV, mostrada ao lado em um selo

Na música
Outros grandes carros, até mais populares entre os amantes de automóveis, marcaram presença nas paradas internacionais. Mas nada comparável ao poder musical do Cadillac.

Lance Hirsch, um aficionado pela marca do Texas, contou mais de mil canções que trazem a marca em suas letras. Ele estima que haja entre 10 e 50 mil músicas com o nome da divisão de luxo da GM. Claro que grande parte é feita por bandas e cantores desconhecidos, mas a Cadillac faz parte da história automobilística da música internacional como nenhuma outra marca. Dos tempos de Maybellene, de Chuck Berry, ao recente sucesso Seed, do The Roots, ela é uma das mais fortes referências pop americanas. Não é à toa que Elvis Presley era um dos mais notórios fãs da marca — e também citou um Cadillac, em Baby let’s play house.

Apesar de seu visual e comportamento mais adequado aos pais e avós dos roqueiros, foram estes que levaram a marca ao imaginário de milhões. Talvez porque, em geral, roqueiros queiram distância do atletismo propagado pelos que veneram carros esportivos. Para esses rebeldes, o que vale é a vida mansa e o visual espalhafatoso do carro, aspectos tão bem explorados por esse fabricante no passado.
Entre outras tantas músicas que mencionam um carro da marca estão Rock the Casbah, do The Clash; Look at that Cadillac, do Stray Cats; Beep beep, do The Playmates; Not fade away, de Buddy Holly and the Crickets; Dead flowers, dos Rolling Stones; Boogie man, do AC/DC; Cadillac dreams, do KISS; e Living loving maid, do Led Zepplin. Vale ainda destacar Bruce Springsteen, que sozinho cita Cadillacs em três canções: Adam raised a cain, Cadillac ranch e New York City serenade. Fica fácil entender a razão de a cadeia de restaurantes Hard Rock Cafe ter adotado o modelo 1959 como item de decoração.

Além do rock, os Cadillacs também estão nas vertentes que criaram esse gênero musical. Há exemplos da música negra como Freeway of love, de Aretha Franklin, e Ridin' with the king, de B.B. King e Eric Clapton. No universo country também são muito populares. If you've got the money, I've got the time, de Willie Nelson, e Cowboy Cadillac, de Garth Brooks, são só duas evidências disso.

No Brasil o porta-voz pop da Cadillac é ninguém menos que o rei Roberto Carlos, com a clássica O Calhambeque e a recente O Cadillac. Se nas últimas décadas deixou de ser padrão de qualidade como em seus anos de ouro, como ícone cultural a Cadillac continua imbatível.

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