O Gordini e o 1093 (foto) estiveram em corridas de pista, ralis e
reides da década de 1960. Na Europa, o maior feito foi o 1093 de
Pierre Orsini e Jean Canonicci vencer o Tour de Corse de 1962, na
França, em que 14 dos 23 veículos que terminaram a prova eram
desse modelo. Georges Nicolas faturou com essa versão o Rali
Safári no leste africano e, no mesmo ano, Gaston Perkins e Roberto
Larghero venceram a 6 Horas de Buenos Aires. Suas participações no
Rali de Monte Carlo também foram marcantes. Mesmo na neve não se
intimidava.

Na França, em 1961, o serviço de competição da Renault era
dirigido por François Landon. Ele tinha a incumbência de preparar
um modelo para o Grupo A, para carros de turismo de série. Surgia
assim o 1093 (leia no texto principal), um carrinho
atraente e invocado. A vitória mais notável foi na Volta da
Córsega, em novembro de 1962. Também brilhou em vários ralis
regionais. Pilotos de renome debutaram no valente carro, como
Jean-Pierre Nicolas, Gérard Larrousse, Claude Ballot-Léna, Henri
Pescarolo e Guy Chasseuil. Entre 1962 e 1963 foram construídos
2.100 exemplares da versão.
Em tempos mais recentes, o Dauphine e seus derivados podem ser
vistos em competições de carros antigos. Gérard Larrousse, que
pilotou desde o 1093 até um Formula 1 na era turbo, disse sobre
essa versão do sedã Renault que, "por causa da pouca aderência,
era instável e gostava de pôr as rodas viradas para o céu", ou
seja, capotava facilmente. "Devido a isso aprendia-se muito a
dirigir neles."
No Brasil
Foi em 1962 que suas vitórias começaram por aqui. No Festival
de Recordes em Interlagos e no Circuito de Araraquara, SP, Chico
Landi e Toni Bianco venceram com o Gordini nº 21, com motor de 998
cm3. Em junho, na prova Quilômetro de Arrancada no Rio de Janeiro,
outro 1º lugar. Em setembro, na 500 Quilômetros de Interlagos, a
dupla Landi/Bianco ficava com o 5º na geral. Fechando o ano, em
dezembro, na 500 Milhas de Porto Alegre, no Circuito da Cavalhada,
a equipe de Luiz Antônio Greco obtinha o 3º lugar geral e o 1º na
categoria 850 com dois Gordinis, um deles 1093. |
No ano seguinte, na 12 Horas de Porto Alegre, o Gordini ficou com
os três primeiros lugares na categoria 850 cm3. Poucos dias
depois, em São Paulo, venceu a Prova de Estreantes no Prêmio II
Aniversário da ACESP. Em agosto, em Araraquara, obteve novamente
os três primeiros lugares na categoria de cilindrada. No mês
seguinte levava os dois primeiros lugares em sua classe na 3 Horas
de Interlagos. Na prova em homenagem ao grande Christian Heins, a
100 Milhas de Interlagos, outra vez com os dois primeiros lugares
na categoria. Para fechar o ano, em novembro, na 1.500 Quilômetros
de Interlagos, os dois primeiros lugares foram do 1093, seguidos
por dois Gordinis.
Em 1964 o Nordeste viu o Gordini ficar com o 1º e 2º lugares na
prova Circuito Força Livre, em Recife. Dois 1093 também fizeram a
dobradinha em Brasília, em maio. Seu êxito cruzou a fronteira e
foi ao Uruguai, em Rivera, vencer carros de maior cilindrada no
Campeonato Sul Americano. No final do ano, naquele país, sagrou-se
campeão na categoria. Durante a temporada de 1964, estabeleceu 133
recordes em Interlagos, sendo 54 locais, 54 nacionais e 25
internacionais. Na publicidade era anunciado que em 22 dias havia
rodado o equivalente a uma volta ao mundo ou três anos de uso
normal.

Com um 1093 o grande Émerson Fittipaldi venceu uma de suas
primeiras provas, no circuito da Ilha do Fundão, no Rio de
Janeiro, na categoria Estreantes. Outros pilotos de renome
nacional estiveram ao volante do carrinho, como Luiz Antônio Greco,
Eduardo Scuracchio, Christian Heins, Wilson Fittipaldi Jr. e
Francisco Lameirão.
Em 1965, dividindo um 1093, Luiz Pereira Bueno e José Carlos Pace
venceram a 1.600 Quilômetros de Interlagos, uma das provas mais
longas e importantes do calendário brasileiro. Foi heróico!
Chegaram automóveis mais modernos, potentes e aerodinâmicos, mas o
carrinho deixou sua marca. Na equipe Willys, com a pintura em
amarelo com faixa verde (acima), e em outras particulares. Um
fenômeno.
Francis Castaings |