Como muitos grandes carros americanos, na década de 1970 o Cougar entrou em uma fase infeliz, de desenhos sem inspiração e motores amarrados pelos sistemas antipoluição. Havia por toda parte pressões para que a antiga exuberância de potência acabasse: normas de emissões e de segurança, seguradoras que protestavam pelos índices de acidentes com carros de alto desempenho, a crise do petróleo em 1973. E a Mercury não teve alternativa a ceder.

O modelo 1974, com base no Montego e no Torino, perdia de vez as pretensões esportivas: o Cougar era agora um cupê de luxo, com câmbio automático de série

Em 1974 o felino tornava-se uma versão cupê mais luxuosa da linha Montego/Ford Torino, de grandes dimensões. Era um caso raro de carro americano que, nos anos 70, ganhava tamanho em vez de ser reduzido. A frente não havia mudado muito e na coluna traseira havia uma pequena janela — chamada de ópera — de gosto duvidoso. No capô, um bonito detalhe era o emblema da cabeça de um puma, que ali ficaria até 1983. Mas não havia nada de esportivo no carro, do meio-teto revestido em vinil ao câmbio automático de série. Estava mais para um cupê de luxo, como o Grand Prix lançado pela Pontiac em 1969, agora um de seus concorrentes.

Três anos depois, em 1977, com a extinção do Montego, o Cougar tornava-se o principal modelo "médio" da Mercury. Adotava a plataforma do Thunderbird e já estava bem descaracterizado. A coluna traseira do modelo cupê era enorme e o carro tinha um ar muito pesado. Havia versões quatro portas e até a perua Cougar Villager, que chegava a ser atraente, mas só durou um ano. Mas a variedade de opções ajudou a atingir em 1978 o melhor total de vendas de sua história, 213 mil unidades.

O XR-7 de 1978 tinha a plataforma do Thunderbird e aspecto pesado, mas a variedade de versões (incluindo quatro-portas e perua) fez desse ano o melhor em vendas

O declínio   Com o abandono da plataforma do Torino, um ano depois, a Mercury passava a usar a chamada Fox, a mesma então adotada no Mustang. Esse novo Cougar para 1980 vinha apenas no acabamento XR-7 e trazia, pela primeira vez, molduras nas janelas das portas. As linhas continuavam retilíneas, sem qualquer ligação com o modelo original dos anos 60. O interior buscava modernidade com o painel digital e o computador de bordo, mas a mecânica decepcionava: um pequeno V8 de 255 pol³ (4,2 litros) era a opção de entrada. Se parecia ruim, ficaria pior: em 1981 voltava a carroceria sedã e aparecia o primeiro motor de seis cilindros no modelo; um ano depois, renascia a perua da linha. O Cougar havia perdido toda sua individualidade, mas a rejeição do mercado — foi seu pior período em vendas — fez a corporação repensar sua estratégia.

A nova geração de 1983 deixava a variedade de carrocerias a cargo do Mercury Marquis, enquanto o felino voltava a ser um cupê luxuoso. Ao lado do Thunderbird, introduzia na Ford o chamado aero-look ou estilo aerodinâmico, com formas suaves, que se tornariam padrão na empresa em pouco tempo. Uma clara diferença para o T-Bird era o vidro traseiro bem mais próximo da vertical, o chamado Formal Roof, enquanto a base das janelas subia em uma curva atrás das portas. Essa série foi bem recebida pelo mercado, apesar da ausência temporária da versão XR-7 e da oferta de motores impensáveis alguns anos antes: até o quatro-cilindros de 2,3 litros com turbocompressor foi oferecido, ao lado do V6 de 3,8 litros (140 cv) e do V8 302.
Continua

Apesar dos motores incoerentes com sua tradição -- havia até um 2,3-litros com turbo --, o Cougar de 1983 fez sucesso e estreou as linhas curvas, aerodinâmicas, que fariam escola dentro da Ford
Para ler
Mercury Cougar, 1967-1973 (Classic Motorbooks Photofacts) - por Chris Halla, editora Motorbooks. Apenas as duas primeiras gerações são cobertas nas 79 páginas desse livro, em inglês, publicado em 1992. Mas, afinal, são elas as que mais interessam, pois representam o tempo de desenho inspirado e grande potência nos motores V8.

Mercury Cougar 1967-1987 - por Gary Witzenburg, editora Automobile Quarterly. São apenas 59 páginas, mas a obra consegue passar pelos 20 primeiros anos de produção do felino (foi publicada em 1987, em inglês). Fica bem claro como o Cougar perdeu atrativos, vítima das pressões por segurança e das tendências de estilo dos anos 70 e 80.
Nas telas
No filme de 1968 A lovely way to die, um policial que mistura romance e suspense, o grande Kirk Douglas interpreta Jim Schuyler e a belíssima Sylva Koscina é a milionária Rena Westabrook, que está envolvida num misterioso crime. Ele, detetive e ex-policial, faz suas investigações num belo Cougar branco. Um filme clássico muito bom, com o charme dos anos 60.

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