Por dentro tinha bancos esportivos com encosto alto e volante de três raios com muito boa pega. Como opcional, podia ter assistência da direção, com a vantagem de uma relação mais baixa e apropriada ao dirigir rápido. O painel era completo, com conta-giros, voltímetro e manômetro de óleo, e seu grafismo era bonito e discreto. Os concorrentes eram Kadett GSi, Golf GTI e Citroën Visa GTI. A denominação GTI definitivamente estava na moda...

Com o Cabriolet, o pequeno Peugeot estava pronto para curtir o verão europeu, nas versões de 1,0, 1,4, 1,6 e 1,9 litro

Ainda em 1984 era vendida a série especial Lacoste, em parceria com a famosa confecção. A carroceria de três portas tinha desenho próprio nas colunas traseiras, largas e triangulares, e usava acabamentos diferentes: XE, XL, XR e XT, a gasolina, e XLD, XRD e XTD, a diesel. O 205 já respondia por 59% das vendas da Peugeot na Europa e 41% no restante do mundo. Em dezembro de 1985 saía das linhas de produção o milionésimo 205, depois de apenas 22 meses de produção. O carro era um verdadeiro sucesso. No ano seguinte era lançada a versão conversível 205 Cabriolet, muito simpática. Os europeus sempre valorizavam o sol, que é escasso em muitos países, e gostaram de curti-lo ao volante desses modelos.

Idealizado também pelo estúdio Pininfarina, seu motor básico era o do XE, com 954 cm³ e 45 cv, mas também estava disponível com 1.360 cm³ e 80 cv, como no GT, e com 1.580 cm³ e 115 cv. Tinha um arco de proteção central que também servia de apoio para a capota de lona. Por dentro trazia o mesmo acabamento da versão GTI. O acabamento Junior, mais simples, podia vir com os bancos recobertos de jeans. Agradou muito o público jovem. Outras novidades eram o câmbio automático, para o motor de 1,6 litro com 80 cv, e o 205 XA, modelo comercial só com dois lugares.
Continua

Nas pistas
Pouco depois do lançamento do 205, o jovem Jean Todt, então com 37 anos, estava encarregado de um projeto ambicioso: responsável pelo departamento de competições da casa francesa, sua tarefa era tornar o 205 um grande campeão de rali. O presidente da empresa e ex-piloto Jean Boillot também apostava no sucesso.

A construção da carroceria foi entregue à Heuliez, já conhecida por transformações em carros de série. O 205 Turbo 16 da Heuliez tinha os pára-lamas mais largos e, nos de trás, havia uma entrada de ar pouco à frente do eixo traseiro. Sobre a capota, um pequeno defletor para gerar sustentação negativa. A altura em relação ao solo era maior que os modelos de série e, na frente, havia um "afundamento" do capô para melhorar a refrigeração. Dava-lhe um ar mais robusto.

Portas, pára-lamas e capô misturavam poliéster, Kevlar e fibra de carbono. A parte traseira da capota e dos pára-lamas fazia uma só peça. A produção seria de 200 modelos, necessária para a homologação no Grupo B de ralis. O primeiro modelo tinha motor central-traseiro transversal, com turbocompressor KKK. Com 1.775 cm³, usava bloco e cabeçote em alumínio, duplo comando e 16 válvulas. Desenvolvia cerca de 350 cv a 7.200 rpm (potência especifica de 197,2 cv/l) e torque máximo de 43 m.kgf a 5.600 rpm. Tinha tração nas quatro rodas e a árvore de transmissão que as ligava era feita em fibra de carbono.

A caixa de cinco marchas tinha três conjuntos de relações diferentes, aplicadas segundo o percurso. A velocidade final variava: com relações curtas e equipado com pneus de asfalto, era de 166 km/h; com pneus de terra subia para 187 km/h. Com relação longa era de 200 km/h para asfalto e 225 km/h para terra. O pequeno leão possuía freios a disco ventilados nas quatro rodas, de 300 mm de diâmetro, e uma chapa protetora que servia de anteparo para pedregulhos e outras sujeiras de pista. O freio de estacionamento era hidráulico, pois os pilotos o usam para provocar saídas de traseira nas tomadas de curva.

Os pneus para terra eram Michelin TRX tipo M5, na medida 16/66-390. Para asfalto usava 20/59-390 na frente e 23/59-390 atrás. As rodas em alumínio eram da marca Speedline. O carro pesava 990 kg na versão para correr na Europa e 1.125 kg na voltada ao Rali Safári, que precisava ser ainda mais resistente. Nesta o pneu sobressalente ia sobre a capota. O peso mínimo autorizado era de 890 kg.

Por dentro o painel tinha um conta-giros eletrônico, alerta de pressão de óleo com manômetro, medidor da pressão do turbo com alerta, da pressão de gasolina e várias teclas. Ainda tinha rádio para comunicação, bancos especiais e cintos de quatro pontos. Soldada ao chassi havia uma estrutura em tubos para a proteção dos dois ocupantes. A suspensão usava triângulos sobrepostos e amortecedores Bilstein, com duas molas por amortecedor, uma regulagem para asfalto e outra para terra. A altura do carro variava em 80 mm conforme o tipo de piso da prova.

No período de agosto de 1984 até o final de 1986, não deu sossego aos concorrentes, que eram Toyota Celica Turbo, Audi Quattro, Ford RS 200, Lancia 037 Rally, Opel Ascona 400 e Renault 5 Turbo (saiba mais sobre o Grupo B). Na versão Evolução 1 ganhou o Rali dos Mil Lagos, na Suécia, onde se passa mais tempo no ar do que no chão... A proeza ficou por conta do finlandês Ari Vatanen. Também triunfou nas mãos do finlandês no Rali de San Remo e no RAC Rally. Nesse ano a Peugeot ficou em terceiro lugar no campeonato mundial.

Em 1985, já na estréia, venceu em Monte Carlo e na Suécia, com Vatanen. No Rali de Portugal a vitória coube ao também finlandês Timo Salomen, que venceria depois o Rali Acrópole, na Grécia. Na Nova Zelândia Salomen ficou em primeiro e Vatanen em segundo, a primeira dobradinha.

Logo depois, outra vitória de Salomen no Rali dos Mil Lagos. A Peugeot sagrou-se campeã, seguida pela Audi.

Em 1986, já na versão Evolução 2, ficou em segundo, quinto e sexto lugares. A equipe foi para a Suécia e tirou o primeiro com um novo piloto, o também finlandês Juha Kankkunen. Mais tarde, ganhou com o francês Bruno Saby na Córsega e nas duas seguintes, Acrópole e Nova Zelândia, Kankkunen levou a melhor. Triunfou novamente no Rali dos Mil Lagos e no Rali do Royal Automobile Club, no norte da Inglaterra, vencidos por Salomen. Outra vez foi campeã do mundo, seguida pela italiana Lancia.

A Federação Internacional de Automobilismo determinou o fim da categoria B no início de 1987, por achar os carros muito potentes e perigosos. O modelo E2 atingia já 440 cv e pesava apenas 900 kg. Chegava a 100 km/h em menos de quatro segundos! Os novos carros do Mundial de Rali seriam do grupo A, com mínimo de 5.000 unidades.

Assim como os irmãos 404 e 504 triunfaram em terras africanas, o pequeno leão foi disputar o Rali Paris-Dacar em 1987. Sob a direção de André de Cortanze, o novo diretor técnico, os carros foram adaptados em tempo recorde. Amarelo, com as cores do patrocinador Camel, tinha o chassi alongado e 4,2 metros. A suspensão usava quatro molas e dois amortecedores por roda.

O motor de 1.775 cm³ desenvolvia de 360 a 380 cv a 7.500 rpm e torque de 43 m.kgf a 5.500 rpm. Era alimentado por injeção Bosch K-Jetronic e o turbo, da marca Garret, tinha a pressão variável entre 2 e 2,2 kg/cm2. As quatro rodas eram motrizes e a caixa tinha seis marchas. Detalhe interessante era a capacidade dos tanques, ao todo 400 litros de gasolina! Dois tanques de 75 litros debaixo dos bancos do piloto e co-piloto, 190 entre o habitáculo e o motor e 60 sobre o teto.

A dupla Vatanen/Bernard Giroux levantou muita areia. Na capota havia uma entrada de ar e, logo atrás, um enorme aerofólio. Três modelos foram inscritos, pilotados por Ari Vatanen, Zanussi e pelo queniano Shekhar Metha. O finlandês conseguiu a primeira vitória do 205 no Dacar. No mesmo ano foi aos Estados Unidos para disputar a famosa subida de montanha Pikes Peak. O carro tinha sobre a capota dois aerofólios, e na frente, um enorme defletor. O motor, com pressão máxima no turbo, chegava perto dos 700 cv. Por pouco não levou.

No Dacar de 1988 o 205 de Juha Kankkunen ficou em segundo lugar. Serviu de escudeiro para Vatanen, que pilotou o 405 Turbo 16 que estreava. Também correu pela equipe, nas cores do patrocinador Pioneer, o ex-piloto francês de Fórmula 1 e de protótipos Henri Pescarolo. O rali, com vários acidentes graves, foi muito recriminado.

Para o 11º rali, renomeado Paris-Tunísia-Dakar em 1989, que teve a largada simbólica em Paris e o prólogo em Barcelona, a equipe contava com o francês Guy Fréquelin, atual chefe da equipe de WRC da Citroën, e Philippe Wambergue nos 205 Turbo 16. Participavam também Vatanen e o belga Jacky Ickx, ex-piloto de Fórmula 1, nos 405 Turbo 16. Foram 15 dias de corrida.

Para não haver briga entre os pilotos, que faziam tempos muito próximos em seus bólidos, a direção da equipe resolveu a vitória na base do cara-e-coroa. A moeda favoreceu Vatanen. Fréquelin chegou em quarto com o 205, que tinha quatro rodas direcionais. Em 1990 o Dacar se despediu do 205. Ficou em terceiro, nas mãos de Ambrosino e Baumgartner. Na frente, dois 405. Seus principais "inimigos" eram Mitsubishi Pajero, Toyota Land Cruiser, Lada Niva com preparação Porsche e Range Rover.

Uma bela carreira nas pistas.

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade