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Carros do Passado

O que ironicamente tornava absurda a sofisticação desse Cadillac era o fato de ele surgir quase em seguida à queda da Bolsa de Valores de Nova York, que marcaria o início da depressão econômica dos anos 1930. Com o evento em outubro de 1929, após o pico do mercado de ações em setembro, seu anúncio foi adiado. O lançamento só ocorreria durante o Salão de Nova York, em 4 de janeiro do novo ano. Apesar do enorme pânico na economia americana, ainda em dezembro de 1929 a chegada do mais caro dos Cadillacs era anunciada pelo rádio, a mídia mais avançada daquele tempo.

Este V16 segue a cartilha do estilo de código 43; a divisão das cores no capô se dá por uma curva que leva às soleiras retas das quatro portas. Trazia requintes como rádio e aquecedor em meio à pior crise econômica dos Estados Unidos

A Fleetwood gastara 10 milhões de dólares naquele ano produzindo carrocerias para a Cadillac e a LaSalle. Entre os opcionais estavam rádio, aquecedor, aba de pára-brisa, quebra-ventos e o ornamento de capô, a Deusa. A fabricação da série 452 V16 começava com dois carros por dia. Gradualmente podia-se medir a aceitação do carro, considerando-se seu preço básico de 5.350 dólares (US$ 59.000 atualizados) e a crise que abatia o mercado local. Em abril já eram 22 por dia e a milésima unidade deixava as instalações da empresa no dia 8 daquele mês.

O dobro já havia sido produzido em junho, num valor total de 13,5 milhões de dólares — mas os custos de produção desses primeiros 2.000 carros haviam sido de nada menos que 54 milhões! Reflexo da crise, em outubro apenas 54 seriam feitos. Mas, surpreendentemente, isso não o aposentaria tão cedo. Apesar do prejuízo da GM, a principal função do V16 na linha Cadillac era mesmo a imagem de excelência que rendia à empresa.

O 4161S (acima), sedã para cinco passageiros, trazia pára-brisa inclinado em 18°. O conversível 4280 para quatro ocupantes (à direita, em cima) tinha três configurações de teto e divisória de vidro atrás do motorista. A sobriedade da carroceria 4264B (embaixo) podia ser amenizada com um acabamento de trama de palha na parte traseira, como o modelo do anúncio que abre a matéria; apenas três unidades receberam esse tratamento

Na mesma época, seis unidades do carro começaram a excursionar por algumas grandes cidades da Europa em um evento promocional. Passaram por Paris, Colônia (Alemanha), ganharam prêmios em Viena (Áustria) e participaram de uma exposição em Londres. Estrategicamente, o sexteto fez uma parada na cidade de Cadillac, no sudoeste da França. Supunha-se que essa era a origem do sobrenome do francês fundador de Detroit, Antoine de la Mothe Cadillac, que era natural de St. Nicolas-de-la-Grave. Continua

Madame X
É incrível como um único estilo de um carro pode dar tanta margem a controvérsia. Especialistas e aficionados por Cadillacs muitas vezes divergem sobre o que caracterizava o estilo Madame X 1930-1931 (poucos foram feitos em 1932 e 1933), o mais comentado na linha V16. Não é por menos, com as inúmeras opções de carroceria do modelo. Era o estilo adotado no modelo exposto no Salão de Nova York de 1930.

Sabe-se que o nome em si vinha de uma peça adaptada para as telas que fez muito sucesso nos anos 1920. A história girava em torno da mulher de um político que, por acidente, mata seu amante e é forçada pela sogra a se esconder para não destruir a carreira do filho. Reza a lenda que Harley Earl quis homenagear a atriz que fazia o papel principal na peça em cartaz em Detroit.

Estudiosos afirmam que o V16 Madame X era sempre um sedã ou limusine da Fleetwood, com quatro portas e cinco ou sete lugares, tinha o pára-brisa inclinado em 18° — exceto poucas unidades iniciais com a peça reta dividida em forma de V — e código de estilo iniciado por 41. Alguns modelos Landaulet tinham a parte traseira do teto conversível. Mas, com tantos questionamentos, o Madame X permanece envolto em mistério, como a personagem que lhe deu o nome.
Nas telas
A dificuldade de ver um V16 nas telas é que ele aparece, na maioria dos casos, em filmes muito antigos. De qualquer modo, vale a atenção em qualquer um passado nos anos 1930 e 1940.

A adaptação para as telas da peça homônima Madame X (de David Lowell Rich, 1966), com Lana Turner e John Forsythe, mostra logo na abertura um V16 1938. Nesse ano-modelo o estilo com o mesmo nome da peça já não era mais produzido.

Em Os Insaciáveis (The Carpetbaggers, 1964), de Edward Dmytryk, a Hollywood da década de 1930 é o cenário de fundo. Alan Ladd dirige um V16 1930 personalizado, ou melhor, fantasiado, com chifres sobre o radiador, estofamentos com pele de vaca e pistolas como maçanetas.

No filme À procura do destino (Inside Daisy Clover, 1965), estrelado por Natalie Wood, Cristopher Plummer e Robert Redford, o diretor Robert Mulligan coloca um série 90 V16 1938-1940 preto em diversas cenas.

Da mesma segunda geração do propulsor é o modelo Town Car 1940 que aparece em The Mad Miss Manton (1938), de Leigh Jason, com Barbara Stanwyck e Henry Fonda. Thanks a Million (1935), musical de Roy Del Ruth com Fred Allen e Dick Powell, traz um Phaeton 1932.

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