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Carros do Passado

Majestade aos 16

O superlativo motor V16 coroou uma fase de inovações
criadas pela Cadillac com ousadia, luxo e alta qualidade

Texto: Fabiano Pereira - Edição: Fabrício Samahá e Bob Sharp

Quem afirma que os americanos não sabem criar legítimos artigos de luxo, mas apenas produtos grandes e exagerados, não deve ter ouvido falar desses potentes automóveis com motor de 16 cilindros. Um dos maiores destaques do Salão de Detroit de 2003, o carro-conceito Cadillac V Sixteen reviveu o valor histórico de seus lendários antepassados com motor V16, que reinavam nas estradas americanas dos anos 1930.

Clássicos incontestáveis, esses audaciosos e raros Cadillacs ficaram um tanto esquecidos desde que a marca se tornou mais conhecida pelo tamanho dos rabos de peixe de seus carros que pela criatividade técnica. Mas se na metade do século passado ela era apreciada como símbolo nada discreto de status, já havia criado um dos melhores antidepressivos para os anos de crise que seguiram a queda da Bolsa de Valores de Nova York em 1929.

O início de tudo: o Cadillac modelo A Runabout, de 1903. Quatro anos depois a marca receberia um prêmio na Inglaterra por sua confiabilidade

Para entender a importância do V16, vale conferir a história da Cadillac Motor Car Company até a criação do modelo. As primeiras décadas da empresa foram muito inovadoras. Fundada em 1902, a Cadillac só precisou de cinco anos para receber o então respeitável Troféu Dewar, do Reino Unido, pelo avanço mais significativo do ano. Três modelos da marca foram escolhidos a esmo e desmontados com ferramentas simples. Um total de 721 peças de cada um foram misturadas, algumas substituídas e os carros remontados. Depois, os três provaram sua qualidade num percurso de 800 quilômetros.

Por causa do prêmio Dewar, a Cadillac passou a utilizar o mote Standard of the World, algo como a referência em qualidade para o mundo, o que hoje o mundo anglo-saxão do marketing chama de benchmark, referência. A fama não seria despropositada. Em 1913 a Cadillac seria o primeiro fabricante a bisar tal honraria britânica, dessa vez pelo Self Starter, motor de partida elétrico, de 1912. Não era por menos: pela primeira vez, um carro dispensava o uso da manivela para fazer o motor funcionar.

O modelo 30 de 1912 foi o primeiro carro no mundo com partida elétrica do motor: uma entre muitas inovações que essa divisão da GM introduziu

A companhia ainda hoje alardeia essa inovação, desenvolvida por Charles F. Kettering, que chegara acompanhada de ignição a bateria, também criação dele, e iluminação elétrica. Três anos depois, a Cadillac introduzia várias novidades: faróis com fachos altos e baixos, sistema de arrefecimento com controle termostático e motor V8 refrigerado a água produzido em série. O afogador automático de 1922 e a caixa de câmbio sincronizada em 1928 também estão entre seus méritos. Continua

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Fotos: divulgação - Data de publicação: 24/1/04

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