Consultório de Preparação


por Iran Cartaxo


Parati com blower ou compressor: 230 km/h


Minha Parati 84 é minha paixão, Snow White é seu nome (é branca). Vi um Gol GT 87 com blower e gostaria de saber que ganhos esta preparação traria à minha Parati, que conta com um motor 1.8 a álcool de Gol GT, e as modificações necessárias para que o blower não desmonte o motor ou o carro.

Marcelo Roberto Franco Sanches
marfs@sti.com.br
Guarulhos, SP


O blower integra o ramo de preparação conhecido como sobrealimentação, ramo que se divide em dois: sobrealimentação química e forçada. Da sobrealimentação química faz parte o óxido nitroso, e a forçada engloba os turbos, compressores de acionamento mecânico e o blower. O blower e os compressores mecânicos -- incluído aqui o G-Lader, em forma de "G", utilizado anos atrás pela Volkswagen -- são ligados ao motor por uma polia, da qual retiram força para funcionar, por isso são sérios concorrentes na escolha do equipamento apropriado para o veneno.

As curvas de potência (as mais altas) e de torque estimadas para a Parati com motor de Gol GT (em azul), com blower de 250 cm³ (em verde) e com compressor centrífugo a 0,8 kg/cm2 (em vermelho)

Clique aqui para ver as curvas de potência e torque ampliadas


O blower na realidade não comprime o ar, mas força o deslocamento de uma quantidade bem maior de ar para o coletor, onde a pressão sobe e o ar acaba sendo comprimido. Como seu acionamento é por polia, entra em funcionamento já na marcha-lenta, o que resulta em potência adicional desde os regimes mais baixos de rotação -- uma vantagem sobre o turbo. Permite ainda que seja usado um coletor de escapamento dimensionado na preparação, pois não necesita de coletor especial para alojar a turbina como o turbo. Mas o turbo sempre produzirá uma potência maior em preparações equivalentes, pois não retira energia do motor através de polia para funcionar (clique aqui para saber mais sobre o blower).

Um equipamento que apresenta grandes vantagens sobre o blower é o compressor centrífugo de acionamento mecânico -- menor, mais simples de ser instalado e que permite a utilização de recursos como o intercooler. A única desvantagem do compressor centrífugo é seu preço, um pouco mais elevado que o do blower (clique aqui para saber mais sobre o compressor). Alguns também gostam do visual dado ao carro pelo blower, que na maioria dos casos necessita de um corte no capô: em função do grande tamanho ele não cabe no cofre do motor, como no caso da Parati. Assim, com o blower e os carburadores expostos, a aparência do carro fica bastante agressiva.

As modificações necessárias para adaptar o blower à Parati seriam o corte no capô; a troca do coletor de admissão por um que permita alojar o blower escolhido, ou a confecção de uma flange para tal; a troca do carburador por um de maior vazão, em que a aspiração forçada seja realizada sem restrições; um subcoletor, ou dutos, para ligar o carburador ao blower; adaptação do sistema de lubrificação do blower ao circuito original do motor; e a adaptação das polias necessárias para acionar o equipamento.

O tamanho do blower leva seus usuários a cortar o capô e deixá-lo exposto, o que confere grande agressividade ao carro


Como tanto o blower como o compressor centrífugo podem prover a potência e torque adicionais desde as rotações mais baixas, pode-se exagerar um pouco na preparação da parte aspirada do motor (comando, carburador, coletores), sem risco de perder a dirigibilidade por falta de torque em baixa rotação. Mas esta regra não se aplica a equipamentos que podem ser desligados -- possibilidade aberta pelo uso do acionamento mecânico, que permite adaptar uma polia eletromagnética e dar o controle do acionamento ao motorista -- ou que só sejam acionados automaticamente a partir de certa rotação ou posição do acelerador. Neste caso, se a preparação na parte aspirada for excessiva, o motor terá pouco torque quando o blower não estiver funcionando, com prejuízo à dirigibilidade.

Simulamos para a "Snow White" duas preparações equivalentes, ou seja, mesma preparação na parte aspirada e mesma pressão de admissão no coletor:

- blower de 250 cm³ de volume de deslocamento, com relação da polia de 1:2, ou seja, 2 giros do motor para um do blower (que resulta em pressão de 0,8 kg/cm² no coletor para este motor); um carburador duplo Weber 40; comando de 288°; e coletor de escapamento dimensionado;

- compressor centrífugo operando com pressão de 0,8 kg/cm²; intercooler; um carburador duplo Weber 40; comando de 288°; e coletor de escapamento dimensionado.

Observe o desempenho esperado:

  Atual Blower Compressor
Potência máxima 99 cv 229 cv 242 cv
Rotação de potência máxima 5600 rpm 6400 rpm 6400 rpm
Velocidade máxima 175 km/h 232 km/h 236 km/h
Rotação à velocidade máxima 6010 rpm 7955 rpm 8095 rpm
Aceleração de 0 a 100 km/h 12,0 s 6,5 s 6,3 s
Torque máximo 14,9 mkgf 25,3 mkgf 26,7 mkgf
Rotação de torque máximo 3600 rpm 4100 rpm 4100 rpm
Alongamento recomendado
na relação de transmissão
- 24,4 % 26,5 %
Aumento recomendado na
injeção de combustível
- 64,7 % 65,0 %
Aceleração longitudinal
no interior do veículo
0,52 g 0,95 g 0,98 g
A margem de erro é de 5% (para cima ou para baixo), considerando-se instalação bem-feita. Calculamos a aceleração de 0 a 100 km/h e a aceleração longitudinal máxima (sentida no interior do automóvel) a partir da eficiência de transmissão de potência ao solo do carro original. Para atingir os resultados estimados pode ser necessária a recalibragem da suspensão, reforços no monobloco e/ou o emprego de pneus mais largos. A velocidade máxima estimada só será atingida com o ajuste recomendado da relação final de transmissão. Os resultados de velocidade são para velocidade real, sem considerar eventual erro do velocímetro. A rotação à velocidade máxima é calculada considerando a relação atual de transmissão.
Algoritmo de simulação de preparação de motores desenvolvido pelo consultor
Iran Cartaxo, de Brasília, DF.


Como se pode observar, o uso do compressor centrífugo traz uma potência maior pelo uso de intercooler e pela menor potência necessária para acioná-lo. A preparação aspirada permitirá aproveitar melhor o câmbio curto de seu carro, Marcelo, pois os regimes de potência e torque se darão em rotações mais elevadas. Mesmo assim seria conveniente a adoção de um câmbio de cinco marchas, com relações próximas entre si (como o do atual Gol 1,8), em substituição ao atual de quatro marchas.

Rodas e pneus também devem estar de acordo com o desempenho obtido, sendo o conjunto do Gol GTI 16V -- rodas 6 x 15 pol. e pneus 195/50 -- uma boa opção. Se o custo elevado e a sensibilidade a buracos não forem problemas para você, opte por rodas de 16 pol. e pneus 205/40 ou 215/40, que darão grande motricidade e permitirão transmitir melhor os novos cavalos para o solo.

Para o nível de potência a ser atingido pode ser conveniente realizar alguns reforços no motor, mesmo porque os regimes de rotação são mais elevados. Serão necessárias bielas e pistões mais resistentes, podendo ser forjados; bronzinas e anéis também especiais; além dos reforços comuns a motores turbo, como embreagem reforçada. Caso não seja feita preparação na parte aspirada do motor, pode-se dispensar os reforços no motor e evitar quebras com os cuidados normais dispensados a motores preparados (leia outras consultas do Consultório de Preparação para saber quais esses cuidados).

Se a opção for mesmo pelo blower, apesar de ser um equipamento menos eficiente, uma coisa podemos garantir: o visual ficará bastante agressivo e será, com certeza, eficiente em convencer o carro da frente a dar passagem rapidamente!



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