CONSULTÓRIO DE
PREPARAÇÃO |
por Iran Cartaxo
Gol com turbo de entrada rápida e
veneno aspirado
Qual a
configuração que vocês recomendam de um kit turbo para
o Gol 1.8 carburado, 1993, bem otimizada, próxima do que
a VW está usando atualmente no Golf turbo? Pretendo
combinar preparação aspirada com o turbo. Usar taxa de
compressão de 9,1:1, aliada a uma turbina IHI pequena,
para que o motor tenha torque em baixas rotações, além
do uso daquela válvula de alívio eletrônica sugerida
na consulta do Logus; usar 0,8 kg/cm2 de pressão, aliado
a um comando de válvulas 280 com levantamento de 10,5
mm. O avanço seria regulado o mais próximo possível da
detonação antes da atuação da turbina (usando caixa
de gerenciamento para ter melhor controle), e logo que
esta comece a pressurizar o motor, o ponto seria atrasado
conforme necessário, mas ainda sempre no limiar da
detonação. Cano de escapamento com mesmo diâmetro da
saída da turbina, para tornar a exaustão dos gases mais
eficaz e diminuindo um pouco o turbo-lag; polia
regulável, carburador 3E e sonda lambda para ajudar nos
ajustes. O que vocês me dizem desta receita? Quais suas
sugestões?
Marcos G. Ferreira Filho
São Caetano do Sul, SP
Você demonstra bom conhecimento de preparação, Marcos.
Seu projeto é bastante equilibrado, mas revela alguns
erros conceituais que, uma vez corrigidos, podem otimizar
o rendimento do veneno. A utilização de turbinas
pequenas, para redução do turbo-lag e entrada
rápida em pleno funcionamento, é uma tendência atual,
como no motor turbo do Golf GTI, Passat e Audi A3/A4.
Aliada a outros recussos, permitem a esses carros
apresentar o torque máximo já em baixas rotações e
ter uma curva de torque bem plana. Efeito semelhante pode
ser obtido em seu carro.
A começar pela turbina utilizada, prefira uma do tipo
bipulsativo, mais adequada a um motor 4 cilindros, com
válvula de alívio integrada e refrigerada a água
(recurso não muito importante, mas válido para reduzir
a temperatura de trabalho do compressor e
consequentemente do ar admitido). Faça o acionamento da
válvula de alívio através de uma válvula
eletromagnética (de três vias), o que evita que a
alívio inicie sua abertura antes da pressão máxima ser
atingida, reduzindo ainda mais o turbo-lag.
Ligue a tomada de pressão da válvula de alívio na
válvula eletromagnética, e esta na tomada de pressão
original da de alívio. Acione a eletromagnética por um
pressostato.
Obter uma curva de avanço de ignição eficiente da
forma descrita pode ser difícil, mesmo usando uma caixa
de gerenciamento adicional. Conseguir o avanço máximo e
o mínimo no limite ainda é fácil em um carro
carburado, mas o resto, e levando em conta um gráfico
tridimensional (ponto x rotação x carga), sem o
auxílio do mapeamento original de uma injeção vai ser
difícil. Uma solução razoável é manter o sistema de
avanço como está, com a melhor regulagem que você
conseguir para o carburador e comando que for utilizar.
Faça a regulagem de ponto com o motor aspirado, depois
coloque o turbo e uma caixa de gerenciamento de ignição
com atraso progressivo com a rotação acionada pela
pressão. Assim, quando a pressão chegar a um certo
patamar -- digamos 0,2 kg/cm2 --, a caixa passa a atrasar
o ponto cada vez mais, de acordo com a subida da
rotação. Programe-a para atingir o valor de atraso
máximo a cerca de 3.000 rpm: assim você terá uma curva
bem próxima do ideal.
A escolha de carburador e comando está correta, mas
você se engana quanto ao escapamento. Na saída da
turbina o diâmetro deve ser o mesmo (até para que se
encaixe sem degraus), mas logo depois e no resto do
sistema deve-se seguir o diâmetro calculado, como
explicado na consulta do Chevette. Para passar do diâmetro de saída da
turbina até o diâmetro calculado você pode fazer um
cone abrindo ou fechando. O ideal é escolher uma turbina
com o diâmetro de saída bem próximo daquele calculado
para seu conjunto de escapamento (ou um pouco menor),
para que tanto o tamanho do turbo como o da saída de
escapamento estejam corretos.
Outras recomendações: adote velas mais frias, com grau
térmico entre 10 e 11, pois a taxa de compressão
utilizada é relativamente alta. Faça o coletor de
escapamento com tubos sem costura, dobrados em curvas
longas, juntando os tubos que saem de cilindros com
tempos distantes em cada uma das tomadas da turbina
bipulsativa. Digamos que a sequência de ignição seja
1-4-2-3: deve-se colocar o 1 e o 2 em uma entrada do
turbo, e o 3 e o 4 em outra entrada, para evitar o
cruzamento de válvulas de escapamento entre os
cilindros.
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