Consultório de Preparação
por Alexandre Makoto e Iran
Cartaxo
Gol 1,8 turbo: válvulas,
pistões sobremedida...
Tenho um Gol CL 93 1.8 a álcool com
turbina 0.42, cabeçote trabalhado com válvulas de 2.000, junta
especial de Audi, velas B9EGV e cabos Accel, carburador 2E.
Mandei instalar o turbo e aproveitei para trocar anéis e
bronzinas pois já estavam gastos, mas depois de montado os
pistões começaram a "bater saia". Estava rodando com
1 bar. Quero colocar pistões de gasolina para descomprimir o
motor e assim rodar com uma pressão maior. Qual a melhor
preparação que vocês recomendam? Meu carro não estava andando
bem e o mecânico falou que as válvulas estavam
"presas" devido às pastilhas de válvulas. O que é
isso e qual a solução? Quanto irá melhorar meu carro com a
adição de um intercooler?
Tiago Brazioli Nastri
rodrigogs@tpn.com.br
Guarulhos, SP
Tenho um Gol GTS 94 com turbo Garret a 1 kg/cm2, comando de
válvulas Crower 254º para carro turbo, carburador Weber
40,radiador de óleo e embreagem de cerâmica para turbo. O carro
é a gasolina rodando com álcool. Comprei um kit de pistões
Ross última medida e bielas Crower com eixo de 1.8, para então
transformar este motor em 1.9. Também trocarei a carcaça quente
da turbina por uma com medida 48, já que a usada é a 64 para a
turbina encher mais rápido, perdendo em final mas ganhando em
baixa rotação (acho). Freio a disco ventilado na dianteira com
pastilhas Tecpad para carro turbo e barra para não deixar que a
suspensão dianteira levante com a aceleração. Gostaria de
saber sua opinião quanto a esta preparação e se tem alguma
sugestão.
Bruno Faria Orofino
mfo@biohard.com.br
Rio de Janeiro, RJ
O uso da taxa de compressão do motor a gasolina num carro
alimentado com álcool pode prejudicar muito o consumo e o torque
em baixas rotações, além de aumentar a emissão de poluentes,
contribuindo para que o carro seja reprovado em uma eventual
vistoria técnica. A taxa de compressão do motor a gasolina
aliada ao uso do álcool como combustível só é justificável
com pressão de sobrealimentação bem elevada, a partir de 1,4
kg/cm². Para até 0,8 kg/cm² pode ser mantida a taxa original,
e entre 1 e 1,2 kg/cm² pode ser necessária sua redução em 0,5
a 1 ponto para evitar detonação, o que pode ser obtido através
de usinagem no cabeçote.
O ajuste fino da mistura que alimenta o motor, bem como da curva
de avanço da ignição, são imprescindíveis, pois afetam muito
a dirigibilidade, o consumo e a durabilidade do motor. A mistura
deve sempre ser estequiométrica, isto é, com proporção ideal
entre ar e combustível. O avanço deve ser regulado no limite
para garantir bom torque e consumo, além de evitar detonação.
O uso de velas frias, como as usadas no Gol de Tiago, contribui
para a durabilidade e confiabilidade do motor, pois afastam o
risco de detonação, que pode furar um pistão ou mesmo
ocasionar a quebra do propulsor. O uso do intercooler aumentaria
em aproximadamente 7% a potência, ou cerca de 12 cv. Intercooler
para o Gol chega a custar apenas R$ 100, o que propicia uma
ótima relação de R$ 8 por cv ganho, além de também reduzir
os riscos de detonação, justificando plenamente sua adoção.
A preparação da parte aspirada do motor através do uso das
válvulas da versão 2.000 produz bons resultados, podendo ainda
ser associada à substituição do carburador atual pelo Brosol
3E, que alimenta o motor de forma mais eficiente que o 2E em
todos os regimes de rotação. Pode-se adotar também um comando
de menor abertura, mas com maior levantamento, bem apropriado a
motores turbo -- como o de 254° usado pelo Bruno. Proporcionaria
maior torque em baixos giros e melhor enchimento dos cilindros
quando o turbocompressor atuar.
O problema de válvulas presas é causado pelo desajuste na folga
proporcionada pelas pastilhas que definem sua regulagem. Pode ser
resolvido com uma regulagem das válvulas, feita substituindo-se
as pastilhas por outras de medidas adequadas, de modo a
restabelecer a folga ideal das válvulas.
O fato de os pistões estarem "batendo saia" pode ter
sido ocasionado por uma montagem incorreta dos mesmos ou por uma
utilização de certo modo abusiva, com frequentes ultrapassagens
do limite de giros. Vale ressaltar que esse procedimento é tão
desnecessário quanto condenável em um motor turbo: esta
preparação aumenta torque e potência nas faixas de giros
originais do motor, ao contrário da preparação aspirada, onde
a potência máxima ocorre em regimes mais altos. O uso de
pistões de última medida deve ser evitado, pois elimina a
chance de qualquer retífica posterior -- não pode ser
recondicionado em caso de desgaste (clique
aqui para saber mais). Além disso, o ganho proporcionado
não é significativo e certamente não justifica o custo elevado
da modificação.
A adoção de carcaça quente menor nesta turbina é uma ótima
medida, pois melhora a resposta do motor, deixando-o mais ágil.
Nota-se que a suspensão do Gol de Bruno foi muito bem
dimensionada, pois leva e