


Derivado do 308, o 408 tem maior
entre-eixos e frente com seu próprio desenho, de certa forma não
acompanhada pela traseira bem discreta |
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Pela primeira vez, entre-eixos e
toda a carroceria do Jetta diferem dos usados pelo Golf; de estilo
sóbrio, está menos esportivo que o anterior |
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Na linha Peugeot a
denominação dos modelos costuma seguir um padrão sequencial, em que o
primeiro dígito se refere ao porte do carro e o último à geração. Assim,
408 sugere um sucessor para os 405, 406 e 407, mas na verdade ele não o
é — esse seria o 508, que
acaba de chegar ao Brasil trazido da França. O 408 surgiu na China em
2010 como uma versão sedã e com maior distância entre eixos do hatch
308, um carro de segmento inferior, e a Peugeot percebeu que outros
mercados emergentes — como alguns na América do Sul — veriam nele uma
boa alternativa ao mais sofisticado e caro 508.
Similar derivação aconteceu com o Jetta nessa sexta geração, que pela
primeira vez usa maior entre-eixos que a do Golf e não compartilha com o
hatch qualquer painel de carroceria. É um passo a mais na independência
de um sedã que teve desenho próprio na dianteira desde o modelo inicial,
de 1979. Os brasileiros receberam a quarta geração (como Bora) em 2001,
a quinta como Jetta em 2006 e a sexta no ano passado, todas importadas
do México.
Os dois são exemplos de sedãs com linhas atuais, mas até certo ponto
tradicionais. O Peugeot ousa um pouco mais na frente, com faróis
bastante alongados e a ausência de grade superior, mas sua traseira
poderia ser mais expressiva. O Jetta, harmonioso, deixa clara a intenção
de parecer um carro maior e mais maduro que a geração anterior, mesmo
que perdendo muito da antiga esportividade. Detalhe comum é que ambos se
diferenciam, nessas versões de topo, apenas pelo desenho das rodas e, no
caso do VW, o logotipo TSI abaixo da lanterna direita.
Os
coeficientes aerodinâmicos (Cx) divulgados
são muito próximos, exato 0,30 no Jetta e 0,308 no caso do 408. Com
maior área frontal, o Peugeot sai em desvantagem naquilo que importa, o
Cx multiplicado pela área: 0,788 ante 0,729 do VW.

O ambiente interno é
tradicional nos dois modelos, sem ousadias que pudessem desagradar a
clientes mais conservadores — salvo pela alavanca de freio de
estacionamento do 408, que lembra a do Honda Civic da geração anterior.
Se os bancos são revestidos em couro em ambos, há diferença nos
materiais plásticos: os do Peugeot têm aspecto mais refinado (embora só
o do painel superior seja macio ao toque, como no concorrente), enquanto
os do Jetta tornaram-se um tanto simples no novo modelo, incompatíveis
com a faixa de preço dessa versão.
Nos dois o motorista encontra um ótimo banco, dotado de regulagem
elétrica para todas as funções e espuma de densidade ideal para manter o
corpo descansado, embora a do Peugeot pareça dura demais a princípio.
Vantagem do VW é ter o apoio lombar regulável, também elétrico e com
ajuste de altura. No caso do passageiro a reclinação do encosto se dá em
pontos definidos, o que não é ideal. Os bons volantes são reguláveis em
altura e distância e revestidos de couro; seus três raios oferecem bom
apoio para os polegares e o pé esquerdo dispõe de apoio bem definido.
Agrada no Jetta o acelerador preso por baixo.
Os painéis incluem computador de
bordo com duas medições e consumo indicado em km/l. O
Jetta tem ainda velocímetro digital e indicador de temperatura do óleo.
As iluminações em branco são eficazes, mas a grande área clara no 408
requer ajuste à noite. Os sistemas de áudio contam com amplas telas
(sendo a do Jetta sensível ao toque), comandos junto ao volante e boa
qualidade de reprodução, que nos pareceu melhor no VW, dotado ainda de
disqueteira para seis CDs. Ambos trazem interface
Bluetooth, entradas auxiliar e USB; só o
Jetta tem conexão para Ipod e aceita cartão de memória SD.
Só o 408 traz (de série na versão) navegador por GPS, com ampla tela
retrátil de 7 pol e informações como altitude e bússola
digital. Deixa a desejar a inserção de endereços: como deve ser
feita letra por letra pelo botão, exige longo tempo de atenção
— o que um comando por voz evitaria — e até certa inclinação do corpo. A
cidade do endereço deveria ser sugerida pela localização atual para
eliminar uma tarefa. O Jetta agora oferece navegador como opcional, que
não equipava o carro avaliado.
O ar-condicionado de ambos traz controle automático em duas zonas e
extensões para o banco traseiro e para o porta-luvas. São bem
dimensionados, mas algo chamou atenção no Peugeot: em tempo ameno, sem
sol e ao redor de 20°C, o ventilador emitia ar aquecido mesmo em
velocidades de estrada, levando ao uso do ar-condicionado sem real
necessidade. Um problema só do exemplar avaliado?

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