
Citroën: caixa automática,
modo manual, redução para obter freio-motor

Linea: automatizado poupa
energia, mas deixa a desejar em suavidade

Focus: modo manual com bom
arranjo para manter a marcha ou trocar

Corolla: câmbio simples, sem
operação manual, mas bastante suave |
A caixa Dualogic do Linea mostrou-se uma opção apenas razoável para um
sedã desta categoria. Ocorre que não há como obter desse tipo de câmbio —
a não ser com o recurso de duas embreagens, cada vez mais usado por
várias marcas — a suavidade de operação de um automático tradicional,
como o dos demais modelos avaliados. Sente-se bem no Fiat a interrupção
de potência durante as mudanças, mesmo que o motorista continue a
acelerar (aliás, não adianta aliviar o acelerador para "pedir" troca
ascendente, pois a central raramente a efetua).
Falta maciez também em algumas arrancadas e na situação em que, ao cair
a velocidade, a caixa reduz para primeira e nela o motorista retoma a
aceleração, sem chegar a parar. Ajudaria se o
controle eletrônico do
acelerador não o deixasse tão abrupto, sobretudo quando se tira o pé. Nesses
casos optar por mudanças manuais não melhora o quadro, pois o problema
está na operação da embreagem, não na escolha das marchas. Se serve de
consolo, o câmbio automatizado não representa perda de energia como o
automático e é o único entre estes modelos a ter quinta marcha, embora
os demais pudessem recebê-la. Ainda, em modo esporte, ele permite arrancadas
bem
rápidas, até com leve perda de tração, se o motorista acelerar total e
abruptamente (a caixa produz breve "queima" de embreagem para esse
efeito).
Outros aspectos podem melhorar no Dualogic. Um, a caixa nem
sempre começa em modo automático quando a alavanca é trazida à esquerda
para engatar primeira: como a seleção entre manual e automático é feita
pelo mesmo movimento, a escolha é confusa e às vezes se cai em manual
sem querer. Outro: a Fiat recomenda engatar marcha à ré ao imobilizar o
carro, sem o que uma sineta soa, mas para dar nova partida é preciso
recolocar em ponto-morto. Portanto, ou o motorista aceita um trabalho que
nenhum outro tipo de câmbio dá — manual ou automático —, ou se acostuma
a não dar atenção à sineta. E mais: ao tentar manobra não autorizada,
como uma redução que traria rotação excessiva, a mesma sineta soa exageradas
13 vezes enquanto aparece uma mensagem de aviso no quadro de
instrumentos. Três seriam suficientes.
Entre os demais, o Corolla destaca-se pela suavidade da caixa, mas os
outros não decepcionam — e o Pallas mostra calibração bem acima da média
da PSA Peugeot-Citroën, que em alguns modelos do grupo resulta numa
sucessão de trancos. Como é habitual na indústria francesa, o câmbio do
C4 usa mais retenção e redução de marchas para produzir freio-motor que
os dos concorrentes, o que em alguns casos incomoda, como ao fazer uma
ultrapassagem sob aceleração total e a caixa demorar a subir marchas
após a manobra.
No
Focus há um detalhe digno de elogios em como o câmbio se comporta ao
chegar ao limite de rotações, bem como ao se acelerar a fundo em baixos
giros. A Ford definiu que, até cerca de 90% do curso do acelerador,
ponto que se percebe com clareza no pedal, a marcha em uso será mantida,
levando o motor ao corte de injeção a cerca de 6.800 rpm (antes disso,
perto de 6.500, uma seta vermelha acende-se no contagiros para sugerir a
mudança manual). Se o motorista supera o batente e conclui o curso,
ocorre mudança automática para cima ou para baixo. Perfeito.
Nos demais modelos com modo manual, o fabricante escolheu entre um e
outro: no Pallas a troca ascendente ocorre no limite de giros; o Linea
permanece na marcha selecionada. Para ficar ainda melhor, a caixa do
Focus poderia bloquear o conversor de torque
mais cedo para que se pudesse retomar velocidade em rotação bem baixa no
modo manual, como é possível no C4 e no Linea. Como é hoje, ao acelerar
bastante na faixa de 2.000 rpm, por exemplo, o conversor atua e a
rotação sobe, o que eleva o consumo. Ainda, no Citroën e no Fiat a
marcha em uso é indicada mesmo em modo automático.
Continua
|