CR-V: interior simples e
funcional com instrumentos bem legíveis, mas em itens de conveniência
fica muito atrás do que o concorrente oferece
Tiguan: painel bem desenhado,
mais equipamentos (muitos cobrados à parte) e a ampla tela dos sistemas
de áudio e de auxílio para estacionar
Mesmo sem valores comparáveis,
os compartimentos de bagagem dão clara vantagem ao CR-V em espaço,
apesar do estepe mais volumoso |
A tela colorida, ampla e com boa resolução, é usada para
acionar várias funções por toque e para exibir múltiplas informações,
como nome da banda e da faixa por extenso — e ponha extenso nisso, pois
são mais de 30 dígitos para cada campo.
Os dois contam com fartos itens de conveniência, como ar-condicionado
automático de duas zonas de ajuste (e muito fácil de usar por manter
comandos giratórios para temperatura),
controlador de velocidade, teto solar com controle elétrico,
acionamento automático de faróis e limpador de para-brisa, quatro alças
de teto, espelhos iluminados nos para-sóis (novidade no CR-V 2010),
alerta específico para porta mal fechada, porta-copos, comandos de áudio
no volante (também do computador de bordo do VW) e apoios de braço à
frente (dois no Honda) e atrás.
Mas o Tiguan oferece mais em vários aspectos. Seu controle elétrico dos
vidros inclui função um-toque e
sensor antiesmagamento para todas as
janelas, contra apenas a do motorista no CR-V (ambos vêm com
temporizador). Ao comando da chave
podem-se abrir e fechar os vidros e o teto solar — este só se ergue
enquanto os vidros baixam, preferível ao arranjo em que corre para trás.
Esse teto, que é opcional, ocupa quase a área superior do VW, sendo a parte dianteira
móvel (ergue-se ou desliza para trás, por fora) e a traseira fixa, com
comando elétrico também para a tela de proteção solar. A tela pode ser
mantida fechada com o teto aberto ou basculado, o que ajuda a evitar o
turbilhão de ar no interior; no entanto, quando fechada deixa passar
mais sol do que o ideal em um país tropical.
Outros detalhes favoráveis ao VW são
sensores de estacionamento à frente e atrás (incrível não haver
sequer os traseiros no CR-V), aquecimento nos bancos dianteiros, configuração
de funções, alerta programável para excesso de velocidade,
retrovisores externos com aquecimento e rebatimento elétrico (para
passar ou parar em locais estreitos), alarme com proteção por ultrassom,
difusor de ar-condicionado para o banco traseiro, sua extensão para o
porta-luvas (útil para manter bebidas frescas e chocolates íntegros),
acendedor de cigarros, buzina dupla (mais agradável que a "bibi"
do CR-V), abertura do tanque de combustível vinculada à trava central
(mais cômodo que acionar a alavanca do oponente), retrovisor interno
fotocrômico, luzes de cortesia no
assoalho dianteiro, luzes de leitura traseiras (no CR-V há apenas a
iluminação central), fechadura no porta-luvas e bússola digital.
Para aplicar e liberar o freio de estacionamento do Tiguan basta usar um
botão — ou nem isso, pois ele é acionado ao desligar o motor —, ao passo
que no CR-V aperta-se um anacrônico pedal. Há ainda no VW o Auto Hold,
que automatiza a aplicação dos freios quando o carro está parado, mesmo
no plano, e é muito conveniente no tráfego urbano por dispensar ao
motorista manter o pé no freio nas paradas. E, por último mas não menos
importante, o sistema de estacionamento, um opcional de R$ 3,7 mil que
inclui câmera traseira para orientar manobras de ré e o aparelho de
áudio com tela sensível ao toque (leia
boxe sobre o funcionamento do sistema).
O CR-V responde com poucas vantagens: faixa degradê no para-brisa
(ausente do Tiguan como na maioria dos carros europeus; ele vem apenas
com serigrafia acima do retrovisor), cinto de segurança com a ancoragem
inferior externa ao próprio banco (mantém a regulagem quando se move o
assento) e um bem-bolado porta-óculos de teto (também no concorrente)
que, quando semiaberto, serve de espelho
convexo para monitorar crianças no banco traseiro.
Não falta espaço à frente ou atrás nesses utilitários, mas o CR-V
oferece mais em altura e largura no banco traseiro, como esperado por
suas dimensões. Quanto à acomodação das pernas, é excelente em qualquer
um deles por haver ajuste longitudinal do assento (separado em 60:40 nos
dois casos), que permite recuá-lo e fazer os passageiros se sentirem
numa limusine em detrimento da capacidade de bagagem. O encosto traseiro
reclina-se nos dois modelos, com vantagem para o Honda pela divisão em
40:20:40, enquanto no VW vem em apenas duas partes, 60:40. O ocupante
central tem conforto mediano no Tiguan e pior no CR-V, no qual o encosto
o incomoda mais.
Os compartimentos de bagagem não podem ser comparados porque a Honda
fornece apenas a capacidade até o teto, e a VW, até a cobertura
divisória — de 1.011 e
360 litros, na ordem. De qualquer forma, mesmo que apenas metade do
volume informado esteja abaixo da tampa, o CR-V ainda fica em clara
vantagem sobre o Tiguan, que tem nesse fator uma limitação para o uso
familiar.
O modelo mexicano traz dois painéis de cobertura: um macio e enrolável
na posição habitual e um rígido a meia altura, apto a receber objetos de
até 10 kg. Em ambos o estepe fica sob o assoalho, por dentro, mas o do
Honda é 100% operacional por ter roda e pneu iguais aos outros, enquanto
o VW usa
estepe temporário, bem fino.
Mecânica,
comportamento
e segurança
Com mesma cilindrada e
igual número de cilindros e de válvulas, os motores se diferenciam por
alguns fatores: turbocompressor com
resfriador de ar e injeção direta de combustível são exclusivos do
Tiguan; já o CR-V é o único a ter variação
de tempo e levantamento de válvulas (saiba
mais sobre técnica). O resultado é potência e torque bastante
superiores no VW, com 200 cv e 28,5 m.kgf, esses disponíveis na ampla
faixa de 1.700 a 5.000 rpm, ante 150 cv e 19,4 m.kgf (a 4.200 rpm) do
Honda.
Continua
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