Em um interior simples, mas bem
montado, o Uno mostra revestimento criativo e painel compacto, com
computador de bordo e leitura simples
Os materiais do J3 são
adequados, mas não a montagem; instrumentos iluminados em azul
dificultam a leitura; note-se a posição do conta-giros
Em espaço no porta-malas o
chinês (embaixo) leva vantagem, 350 ante 290 litros, mas seu acesso é
crítico; o modelo usa estepe temporário |
Por outro lado, uma
série de detalhes pode evoluir nesse chinês, fato típico de uma
indústria sem tradição: a catraca da alavanca de freio de estacionamento
é a mais ruidosa que já ouvimos; os anéis cromados dos difusores de ar
refletem o sol nos olhos do motorista no meio do dia; o aparelho de
áudio tem botões muito pequenos e sua iluminação incomoda em viagens
noturnas; o relógio aparece no rádio, mas só após apertar uma tecla.
Outros: as portas não abrem se estiverem travadas, sendo preciso puxar
os anacrônicos pinos ou desligar o motor para que se destravem; o ajuste
elétrico dos retrovisores faz o movimento inverso ao usual, embora avise
desse fato por uma inscrição up embaixo; e faltam ajuste de
altura dos cintos dianteiros, função uma-varrida do limpador de
para-brisa, iluminação nos controles elétricos dos vidros e espelho no
para-sol do motorista.
Na comparação com o Uno, alguns itens sobressaem no JAC, como
sensores auxiliares de estacionamento na
traseira, controle elétrico também dos vidros traseiros (com botões nas
portas, o que preferimos à montagem no painel usada pelo concorrente) e
dos retrovisores, aviso para atar cinto, luzes de leitura na frente,
botão de pisca-alerta no topo do painel (no Fiat vem sobre a coluna de
direção, de acesso difícil em emergência), maçanetas internas com
aspecto de cromado (mais fáceis de encontrar à noite) e cobertura do
porta-malas acarpetada.
O Fiat, em contrapartida, oferece espelho
convexo junto ao teto para acompanhar crianças no banco traseiro,
função um-toque também para subir o
vidro do motorista e descer o do passageiro (no J3, só a descida do
vidro esquerdo), lavador de
para-brisa com varrida adicional segundos depois (para limpar aquela
gotinha que escorre), conexões USB e para Ipod no sistema de áudio (no
chinês, apenas uma míni-USB que requer cabo adaptador), interface
Bluetooth para telefone celular e dois
porta-óculos (um à esquerda, outro no console central do teto).
Ambos trazem ainda rádio/toca-CDs com função MP3 e qualidade de áudio
modesta, temporizador do controle
elétrico dos vidros e da luz interna, comando interno mecânico para a
quinta porta e a tampa do tanque de combustível, controle remoto de
travamento das portas, espaço razoável para pequenos objetos (apesar do
pequeno porta-luvas do Uno), porta-copos, aviso genérico para porta mal
fechada, travamento automático das portas em movimento e difusores de ar
bem localizados e de fácil direcionamento.
Como se espera pelas dimensões dos dois carros, o espaço interno é
modesto. Na frente há acomodação satisfatória; já no banco traseiro o
quadro se complica para as pernas e, sobretudo, os ombros: são muito estreitos,
situação que chega ao extremo no JAC. O formato "quadrado" da
cabine do Uno traz espaço regular para a cabeça, enquanto o J3 é
lamentável também nesse aspecto: um ocupante de 1,75 metro de altura já
bate no teto caso se sente ereto, apoiado no encosto de cabeça. O
passageiro central também encontra um banco mais confortável no Fiat.
Se por dentro o chinês é mais apertado, cabem mais volumes em seu
compartimento de bagagem, que leva 350 litros contra 280 do Uno (290 com
o encosto traseiro ajustado para posição mais vertical). Parte da
vantagem advém do uso de estepe temporário, bem estreito, enquanto o do
Fiat repete a medida dos pneus de serviço, apenas sem roda de alumínio.
O J3 ainda tem a vantagem do encosto bipartido em 60:40, ante o
inteiriço do concorrente, mas os dois — sobretudo o JAC — incomodam pelo
vão de acesso com base alta demais, que requer levantar as malas bem
acima do usual.
Mecânica,
comportamento
e segurança
O
motor de 1,35 litro do J3 é mais elaborado, pois usa duplo comando e
quatro válvulas por cilindro, contra o comando único e as duas válvulas
do 1,4-litro do Uno. Ao contrário do que muitos acreditam — pois só a
JAC destaca o fato por meio da sigla VVT, aplicada à carenagem do motor
e às portas dianteiras —, ambos contam com
variação do tempo de abertura das válvulas de admissão. A favor do
Fiat está a flexibilidade em combustível, que o chinês deve ganhar só no
próximo ano.
A opção por maior potência específica
(que impressiona com 81 cv por litro) resulta em 20 cv a mais no J3, ou
108 cv, contra 85 do Uno com gasolina e 88 com álcool. O chinês é
superior também em torque máximo, só que em rotação mais alta: 14,1
m.kgf a 4.500 rpm ante 12,4/12,5 m.kgf a 3.500 rpm (combustíveis na
mesma ordem) do nacional. Com isso, nas rotações de uso mais frequente a
diferença de disposição entre os motores é menor do que se espera, com o
agravante de que o JAC pesa 105 kg a mais.
O resultado é que o Fiat mostra-se ágil e chega a parecer, nas
saídas, mais "esperto" que o chinês. O comportamento do motor do J3 é
peculiar: fraco até 2.000 rpm, apenas aceitável dali até 3.500 giros e
bastante ágil após essa marca. Com isso, gostar ou não de dirigi-lo
envolve a predileção pessoal por motores que "pedem" rotação ou que
aceitam trabalhar bem em giros baixos. O Uno não faz exigências nesse
quesito.
Continua
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