
Corsa: desenho algo desgastado,
mas contemporâneo e agradável

Palio: quarta série sobre o
mesmo projeto dividiu opiniões pelo estilo

Ka: maior aprovação que o
antigo, com ressalva à mistura de formatos

Fiesta: nova frente atualizou
aspecto, embora a carroceria seja de 2002

Sandero: bonito de frente e
discutível de trás, pelas lanternas e vidros

Gol: sem inovar, tem aspecto
moderno e foi bem recebido pela maioria |
Concepção e
estilo
Gol, Ka e Sandero são
os estreantes do grupo. O primeiro marca uma ruptura para a VW, pois
abandona a plataforma usada desde 1980, com motor longitudinal, em favor
da lançada em 2002 no Polo, com propulsor transversal. Na Ford a
evolução foi menor, pois a plataforma do antigo Ka de 1997 recebeu a
nova carroceria — nova não por inteiro, já que sobraram as portas e
parte da seção central. Apenas o Renault é inédito como hatch, já que se
baseia na plataforma do Logan, lançado na Europa em 2004. E os três são
desenvolvimentos brasileiros, embora o Sandero já esteja à venda também
no Velho Mundo.
Os demais são velhos conhecidos. A terceira reestilização parcial do
Palio, no ano passado, foi mais abrangente que as anteriores, mas
conserva o projeto original de 1996. No Fiesta as mudanças de 2007 foram
menores, quase só na frente, já que as linhas de 2002 ainda não estavam
defasadas. Lançado aqui naquele mesmo ano, o Corsa passou por alterações
sutis no ano passado. Destes, o Ford e o Chevrolet trouxeram o desenho do mercado
europeu, embora tenham recebido frente exclusiva no Brasil.
Os mais agradáveis à maioria, pelo que pudemos apurar na avaliação, são
os de Gol, Fiesta e Corsa (este já um pouco desgastado). O novo VW não
surpreende pela inspiração ou pela modernidade, mas é atual e agrada
pelo conjunto. Já o Sandero, se cativa pela frente moderna, tem cabine
com vidros laterais quase verticais e uma traseira de desenho inusitado
que foram criticadas. No Ka o conjunto foi bem recebido, mas se aponta
com freqüência a falta de harmonia entre as partes, como se fosse uma
mistura de seções de outros modelos.
Dos que têm o coeficiente aerodinâmico (Cx)
informado, o melhor é o do Corsa (0,327), seguido por Gol (0,34), Fiesta (0,36) e Ka (0,385). Para o Sandero pode-se estimar
0,36, como no Logan, enquanto a Fiat informava 0,33 para o primeiro
Palio, sendo esperado que o valor ainda se aplique. Multiplicados à área
frontal, esses coeficientes resultam em 0,71 no Corsa, 0,72 no Palio,
0,76 no Gol, 0,82 no Fiesta e no Ka (cuja menor área frontal compensa o
Cx mais alto) e 0,89 no Sandero, o que confirma a menor
resistência ao ar do carro da GM.
Conforto
e conveniência
Os modelos deste grupo
estão um degrau acima dos carros mais baratos do mercado, como Celta e
Palio Fire, mas não chegam ao topo da classe dos pequenos, onde aparecem
Fit e Polo. Isso fica evidente nos interiores, que são bastante simples
em materiais, embora até elaborados na aparência, como se nota pela
evolução estética do Fiesta no modelo 2008 e do Gol para 2009.
O Sandero tem detalhes que melhoram o ambiente em relação ao Logan, como
plásticos em três tons no painel, seções em cor prata e amplos puxadores
de porta. Também no Gol Power nota-se cuidado com esse
fator, caso das maçanetas e dos comandos de ventilação que imitam
alumínio polido, de ótimo efeito visual.
São amenidades que faltam aos demais modelos, sobretudo Corsa e Ka.
Este chega a expor a chapa da carroceria nas portas, colunas e laterais
traseiras, enquanto a VW economizou revestimento na pequena janela das
portas de trás. O tecido dos bancos é mais agradável no Sandero,
que se destaca no grupo, e um tanto simples no Corsa. Estes dois e o Ka
trazem a parte de trás dos encostos dianteiros revestida em vinil, de
aparência despojada, embora mais fácil de limpar.
Com o novo quadro de instrumentos, o Gol deixa para trás em mais um
quesito o próprio irmão Fox, em uma curiosa inversão de papéis — este é
que surgiu como opção superior ao Gol, não o contrário. Mesmo sem
computador de bordo e configurador de
funções, que são opcionais, o Gol tem mostradores bem legíveis,
termômetro do motor e um conta-giros bem maior e mais útil que o
diminuto do Fox. Só não aprovamos o retorno da iluminação em vermelho e
azul escuro, pois este não contrasta bem com o fundo preto.
Os
principais mostradores do Sandero são bem legíveis; já os de combustível
e temperatura em cristal líquido são razoáveis. Todos iluminados em
laranja, incluem computador. Este recurso e a cor da luz são comuns ao
Palio, mas seu mostrador de combustível em cristal líquido é pequeno e
pouco prático (seria preferível trocar de padrão com o de temperatura).
Corsa e Fiesta equivalem-se com os instrumentos essenciais de fácil
leitura, iluminados em tom amarelado no primeiro e em verde no segundo.
Este Ford usa fundo claro, mas do tipo que escurece sob baixa luz
ambiente, como no Palio e no Sandero. O compacto quadro do
Ka repete a iluminação do irmão maior, mas não tem termômetro do motor.
Ele, o Gol (como opcional) e o Palio apontam a quilometragem que falta
para a revisão.
Posição de dirigir é outro ponto em que o Gol evoluiu bastante: acabou a
divergência de banco para a esquerda, pedais e volante para a direita.
Agora só os pedais estão um pouco para a direita, mas isso pouco incomoda. Os demais são corretos nesse aspecto.
E o volante do mais novo VW conta com ajustes em altura e distância. Dos outros, só Fiesta e Palio têm regulagem em altura.
Continua
|