Os três câmbios são leves e agradáveis de usar (o do 206 em particular), embora ao do VW falte precisão em alguns engates. Ao eliminar a redundante trava interna contra engate involuntário da ré, a marca deixou essa manobra tão simples quanto no Ford e no Peugeot, como se fosse uma sexta marcha. No Fiesta a alavanca alta pode causar estranheza, mas logo cativa pela proximidade com o volante, tão apreciada em esportivos como os Alfa Romeos.

O comportamento dinâmico do Fiesta é dos melhores, mas o desempenho... O tempo
de 18,2 segundos de 0 a 100 km/h ilustra a lentidão desta versão de 1,0 litro e 66 cv

O Gol sempre foi exemplo de suspensão bem calibrada, oferecendo estabilidade adequada a seu desempenho, mas nos últimos anos tem recebido amortecedores macios demais na frente, o que a faz levantar nas arrancadas e afundar ao menor toque no freio. Em relação ao Fiesta e sobretudo ao 206, o rodar é mais macio e confortável.

O Ford segue a atual tendência do fabricante de primar pelo comportamento dinâmico, em que tudo concorre para a estabilidade e o fácil controle. Há até uma barra de amarração na suspensão dianteira, inesperada em um carro desse preço e potência, para ampliar a já elevada rigidez da estrutura. No Peugeot o comportamento é bom, mas às custas do conforto, pois a marca economizou no estabilizador dianteiro e teve de adotar molas muito duras. E deveria ter batentes hidráulicos nos amortecedores, para que uma lombada mais alta não desse a sensação de que tudo vai se desmontar.

O motor de 76 cv do Gol é brilhante na categoria, exibindo respostas das melhores;
o rodar é confortável e a estabilidade boa, apesar dos amortecedores macios demais

De resto, boas direções assistidas, freios suficientes para a proposta (sem opção de antitravamento ABS, porém), terceira luz de freio, faróis eficientes. Neste aspecto o Gol sai à frente, pois tem duplo refletor e unidades para neblina na frente e atrás, opcionais. O 206 perde por usar faróis de refletores únicos e sem a tecnologia de superfície complexa, mas vem de série com a luz de neblina traseira e o exclusivo ajuste elétrico do facho.

A Ford passou a usar, nesta geração, lentes de policarbonato nos faróis, como as demais marcas. Mas faltam a ele e ao Gol os repetidores de luzes de direção nos pára-lamas, presentes no 206 e... no Fiesta antigo. O melhor retrovisor esquerdo é o do Peugeot, biconvexo (no Ford é convexo, mas com efeito lente muito pequeno, e no Gol é plano).

Quase tão ágil quanto o Gol, o 206 tem a vantagem do menor ruído em viagem,
mas a suspensão prejudica muito o conforto pela economia de um estabilizador

No campo da segurança passiva, boa vantagem do 206. Embora as bolsas infláveis frontais sejam opcionais, existem encostos de cabeça e cintos retráteis de três pontos para todos os ocupantes como itens de série, além do inibidor da bolsa do passageiro. No Gol os encostos traseiros não são disponíveis neste pacote esportivo, falha que atenta contra a proteção desses passageiros. Já era hora de a legislação exigir esses itens em todo carro zero-quilômetro -- não só nos "novos projetos", como se conseguiu alterar a redação da lei, deixando de fora modelos de concepção anterior como ele.

No Fiesta, por sua vez, os cintos laterais traseiros (de três pontos, como no Gol) não são retráteis, o que dificulta a regulagem e os deixa soltos quando fora de uso, levando a se sujar. Se já se usa pouco o cinto atrás, imagine com essa solução tão infeliz. E a versão Personalité não oferece bolsas infláveis. Continua