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Carros do Passado

A IBAP não foi levada a sério pela maior parte dos meios de comunicação e chegou a ser criticada por alguns, sem que ninguém saísse em sua defesa. Havia céticos sobre a idoneidade da empresa, que anunciava em sua publicidade a intenção de produzir 350 automóveis por dia em 1968 -- o mesmo que a Volkswagen, líder absoluta do mercado àquele tempo. O preço anunciado a que o carro seria oferecido aos acionistas, baixo demais para suas características, também despertava dúvidas.

O Democrata em uma foto promocional no Rio de Janeiro: a IBAP pretendia lançar às ruas 350 mil unidades dele por ano a partir de 1968

As dificuldades da IBAP começaram a aumentar quando um navio cargueiro com componentes mecânicos italianos foi interceptado, e a carga, considerada contrabando. Embora tivesse origem conhecida e documentação em ordem, segundo relatos da empresa, foi apreendida.

Mais tarde, quando o governo federal colocou à venda a estatal FNM (Fábrica Nacional de Motores), a IBAP foi impedida de adquiri-la. Interessado na compra, Fernandes definiu com seus acionistas a contribuição de uma quantia e formalizou a proposta ao governo, dando como garantia o terreno de São Bernardo do Campo. Embora a própria diretoria da FNM fosse favorável ao negócio, o Ministério da Indústria e Comércio teria recusado a proposta sem explicações.

As linhas elegantes e o projeto brasileiro eram destaques onde o carro era exibido, em viagens pelo País em que a empresa buscava novos sócios

O empresário ainda buscou a alternativa da concorrência pelo cartório do Registro de Títulos e Documentos, mas teria havido nova recusa, sob alegação de que "o proponente não tem capacidade financeira nem idoneidade técnica".

Durante a negociação de compra, o Banco Central e a Polícia Federal realizaram uma fiscalização nos escritórios da IBAP, na Avenida Ipiranga, e nas residências dos diretores da empresa. Apreenderam-se livros contábeis, extratos de contas bancárias, projetos e documentos, inclusive do Hospital Presidente. Embora -- ainda segundo a empresa -- não tenha sido encontrada nenhuma irregularidade, a FNM acabou sendo vendida para a italiana Alfa Romeo, em 1968.

Reprodução da capa de Notícias em Foco, publicação da empresa de Nélson Fernandes -- observe a coincidência de iniciais, bem explorada pelo logotipo -- para seus acionistas

O declínio   As críticas e o ceticismo circundavam a IBAP. Em junho de 1965, o Congresso Nacional criava uma CPI, Comissão Parlamentar de Inquérito, para interrogar Nélson Fernandes e ouvir peritos. Um ano depois -- de acordo com edição da época da revista Quatro Rodas -- eram publicadas 64 páginas a respeito no Diário do Congresso, em que se dizia não haver contabilidade, livros ou balanços da empresa. Continua

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