


Se o Monza persistiu no mercado
até o fim do primeiro Vectra, em 1996, o Chevette durou tanto que
conviveu por quatro anos com o Kadett

O Santana conviveu com seu
antecessor, o primeiro Passat, e faria o mesmo com as três gerações
importadas do modelo que o substituíram

Quando saiu a segunda geração do
Gol, em 1994, a primeira continuou em linha como opção de entrada,
processo repetido 14 anos mais tarde

O primeiro Escort foi mantido
por três anos como Hobby; já o segundo, na foto, esteve no mercado em
simultâneo ao Focus entre 2000 e 2003 |
Casos históricos
Nos 52
anos de nossa indústria houve vários casos de gerações paralelas. O mais
peculiar talvez tenha sido o do Chevette, lançado aqui antes mesmo do
similar alemão, o Opel Kadett C. Enquanto na Europa a sucessão vinha
rápido, a cada cinco ou seis anos, o modelo brasileiro perdurou só com
retoques por duas décadas. Com isso, perdemos a geração D do Kadett (já
com motor transversal e tração dianteira, em 1979) e só em 1989 fomos
receber o modelo E, maior e bem mais moderno. Por manter dessa vez o
nome alemão aqui, a GM conseguiu diferenciá-los claramente. Ao se
deparar com dois carros tão diferentes em desenho e porte, poucos devem
ter ficado sabendo que eram duas gerações do mesmo produto — o avô e o
neto —, mantidas lado a lado por quatro anos.
E, tão logo o Chevette se foi, a linha Chevrolet protagonizou outro
desses casos. O Monza era nossa versão do alemão Ascona, que em 1988 deu
lugar por lá ao primeiro Vectra. Só que quando este desembarcou por
aqui, em 1993, veio um tanto mais caro (quase tanto quanto o Omega, de
maior porte) e não conquistou muitos dos adeptos do antigo líder de
vendas. Foi preciso a GM nos trazer a segunda geração do Vectra, em
1996, para que pudesse aposentar de vez o Monza — mesmo assim, motivada
em parte pelos custos que o velho modelo implicaria para se adaptar às
novas normas de emissões poluentes para o ano seguinte.
Na Volkswagen, o Santana de 1984 representava o sucessor europeu do
Passat original, mas um foi vendido aqui apenas como sedã e o outro só
como dois-volumes, o que tornou mais natural sua convivência até 1988.
Contudo, com a chegada do primeiro Passat importado em 1994, o Santana
se viu ao lado do sucessor, em uma reversão da situação anterior. Em
1998 o Passat foi reformulado e o veterano modelo nacional se manteve,
afastando-os em mais uma geração. Retirado
de linha só em 2006, o Santana chegou a ver a chegada ao Brasil de seu “bisneto”: o atual
Passat, três gerações mais novo que ele.
A Ford, se não chegou a tanto, por outro lado manteve gerações antiga e
nova em produção simultânea por vários anos e em diferentes linhas.
Quando saiu o segundo Escort para 1993, ela percebeu que — por fatores
como aumento de peso e, sobretudo, de custos — ele não poderia atender
ao segmento de base do mercado, do qual a marca estaria ausente até a
estréia do Fiesta brasileiro, dali a três anos. A solução foi sacar o
nome de uma série do antigo Corcel II, simplificar o acabamento e manter
o velho modelo nas lojas como Escort Hobby. Deu tão certo que,
revitalizada pela redução de impostos para modelos com motor de 1,0
litro, a versão ficou em linha até que viesse o Fiesta.
O próprio Fiesta repetiria a dose em 2002, com a chegada da segunda
geração feita em Camaçari, BA. Se o Ka não era bem aceito entre as
famílias maiores — só tinha três portas e quatro lugares — e entre os
frotistas, mas o novo Fiesta estava pesado e mais caro, o recurso foi
conservar a versão antiga feita em São Bernardo do Campo, SP e renomeada
Street, até que o mercado não mais a quisesse, o que levou cinco anos.
Ainda assim, ela permanece viva no picape Courier.
Outros exemplos de gerações simultâneas foram o Fiat 147 e o Uno, entre
1984 e 1986; o primeiro e o segundo Gol, de 1994 a 1996; o Kadett e o
Astra importado da Bélgica, em 1995; o Brava e o Stilo, por alguns meses
até 2003; o Escort e o Focus, de 2000 a 2003; o utilitário esporte Asia
Galloper e o Mitsubishi Pajero Full, no fim dos anos 90 e início desta
década (o sul-coreano era um Pajero de primeira geração); o picape
Nissan Frontier nacional e sua nova geração importada da Tailândia, por
um ano entre 2007 e 2008. Hoje há também o Chevrolet Tracker e o novo
Suzuki Grand Vitara, ainda que com marcas diferentes; e os Mitsubishis
Airtrek e Outlander.
Citi
Golf e Tsuru
Seria essa uma particularidade brasileira? Certamente que não: gerações
convivem em diversos mercados emergentes e até em países de vanguarda.
Quem se incomoda com o Golf brasileiro, que permanece na quarta geração
enquanto os alemães já começam a rodar na sexta, se surpreenderia ao ver
o que a VW fabrica e vende na África do Sul: o Citi Golf, nada menos que
o primeiro modelo do carro, feito na Alemanha de 1974 a 1983! A unidade
africana adquiriu o ferramental da filial americana da marca, na
Pensilvânia (que deixou de fazer essa geração em 1984), e decidiu
mantê-lo em linha ao lado do Golf II. Com o tempo vieram o terceiro, o
quarto e o quinto Golf, mas o Citi permaneceu bravamente. E não é
vendido apenas em versões despojadas e de baixo desempenho: o esportivo
1.8iR, com motor de 122 cv e apenas 900 kg, acelera de 0 a 100 km/h em
8,5 segundos. Continua
|