Avaliação
Citroën Xsara Exclusive
Médio-pequeno
francês justifica o sucesso no Brasil: oferece
conforto e segurança a um preço competitivo
Texto e fotos:
Fabrício Samahá
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A fama de
estabilidade em curvas dos Citroën vem de longe, mas
sozinha não levaria o Xsara, médio-pequeno lançado em
maio último, às primeiras posições do mercado de
automóveis importados no Brasil. O Best Cars Web
Site conferiu numa avaliação de 50 quilômetros
com a versão Exclusive, pelas ruas e a serra de Campos
do Jordão, SP se as qualidades justificam o êxito do
sucessor do ZX.
A linha Xsara começa em US$ 22.300, versão GLX
três-portas, preço atraente diante do pacote de
equipamentos: ar-condicionado, controles elétricos de
travas (por controle remoto), vidros (só dianteiros) e
retrovisor direito, imobilizador de motor, duas
bolsas infláveis, cintos com pretensionadores e
freios a disco nas quatro rodas de série. O Exclusive de
cinco portas parte de US$ 26.200, já com freios
antitravamento e limpadores de pára-brisa automáticos,
e pode chegar a US$ 32.820 -- aí, sim, preço de carro
de luxo -- com acabamento em couro, teto solar elétrico,
toca-fitas com comandos no volante e câmbio automático.
A opção por esta conveniência retira mais desempenho
que de costume, pois implica motor de oito válvulas e
103 cv em vez do 16V de 112 cv.
Dotação de segurança é
destaque: freios antitravamento, duas bolsas infláveis e
pretensionadores de série
O estilo do Xsara pode não causar suspiros, mas é
contemporâneo -- ao contrário de seu retilínio
antecessor, que vinha desde 1991 -- e agrada à maioria.
O coeficiente aerodinâmico (Cx) é mediano, 0,33. Na
versão Exclusive há rodas de alumínio e faróis (com
lentes de plástico policarbonato em toda a linha) de
superfície complexa. A marca poderia, contudo, ter sido
mais ousada e não apenas reproduzir em menor proporção
as linhas do médio Xantia. Aberta a porta, impressão
das melhores: acabamento bem-feito e agradável aos olhos
e ao tato. O painel inclui hodômetros digitais (uma
tendência, pois dificultam a alteração por
comerciantes desonestos), marcador de nível de óleo e
um indicador da quilometragem que falta até a próxima
revisão.
Encontrar uma boa posição de dirigir torna-se fácil
com os ajustes de altura e profundidade do volante e de
altura e apoio lombar do banco. Bom o acesso aos
comandos, com destaque positivo para os do sistema de
áudio (por botões no volante), mas negativo para a
buzina (na alavanca à esquerda da direção, posição
tipicamente francesa a que poucos aqui estão
habituados). Os controles elétricos dos vidros montados
no painel, acima do rádio, ficam acessíveis mas em
local pouco intuitivo. Já os traseiros, no console
central, são mesmo pouco práticos. A versão GLX traz
comandos manuais dos vidros traseiros e do retrovisor
esquerdo, por economia; no Exclusive são todos
elétricos.
Atrás o espaço satisfaz para dois, com uma
conformação do banco que não inviabiliza um terceiro
ocupante. Vários detalhes revelam criatividade e
bom-senso no projeto do Xsara: retrovisor interno com
dupla articulação para ampliar os ajustes, travas
infantis das portas traseiras visíveis dos bancos
dianteiros, espaço para acondicionar a cobertura do
porta-malas no próprio compartimento, chave de
manobrista que não abre porta-luvas e porta-malas. Lugar
para objetos não falta, desde um bom compartimento no
console até um porta-revistas em cada porta dianteira. O
retrovisor esquerdo é biconvexo, com linha divisória
entre os níveis de convexidade: facilita em muito os
acessos a estradas e mudanças de pista.
Interior bem-acabado,
controles de som no volante e um indicador de quanto
falta para a próxima revisão
Uma configuração mecânica conhecida, mas moderna e
eficiente: motor de 1,8 litro, duplo comando e 16
válvulas, suspensão McPherson à frente e de eixo
autodirecional atrás, freios a disco com antitravamento.
Dada a partida, o Xsara agrada pela maciez da embreagem e
a suavidade do motor. Nos primeiros quarteirões já se
evidencia o bom resultado obtido pela Citroën do Brasil
com o encurtamento das relações de marcha -- de 12% a
5% entre a primeira e a quinta -- e a grande elasticidade
do motor. Segundo o fabricante, 87% do torque máximo
está disponível a 2.500 rpm, mas o carro retoma bem em
rotações menores, como 1.500 giros em terceira. Um
acerto muito positivo.
Boas sensações vão-se sucedendo, do ótimo isolamento
de ruídos (concorre o revestimento sob o capô e uma
técnica de construção do assoalho que filtra
vibrações de baixa frequência) ao desempenho alegre do
motor, capaz de superar 200 km/h segundo a fábrica. O
capô sustentado por molas a gás, que dispensa a vareta
e o esforço de levantá-lo, é item só encontrado em
modelos superiores. A suspensão digere bem as
irregularidades; percebe-se, porém, algum ruído na
passagem rápida por lombadas que indica a ausência de
batente hidráulico nos amortecedores -- recurso pouco
comum na Europa, mas necessário aqui, apesar de não
afetar a segurança ou durabilidade.
O motor de 112 cv, suave e silencioso, fica
sob um capô sustentado por molas a gás: detalhe
exclusivo na categoria
Nas curvas de raio médio e longo da serra de Campos, o
Xsara mostrou grande aptidão para uso esportivo e um
limite bastante elevado. Mesmo com pneus de medida
"turística", 185/65, o comportamento e
aderência permitem uma pilotagem bem alegre. O eixo
traseiro autodirecional contribui, na medida em que
esterça ligeiramente a roda traseira externa na mesma
direção das dianteiras e minimiza a tendência ao
sobresterço (saída de traseira). Certamente um dos
destaques do carro. Os freios potentes e a direção
bastante ágil, com relação 16,5:1, completam o
agradável conjunto.
Agradável parece ser a palavra certa para definir o
Xsara. A Citroën obteve no novo médio-pequeno uma
combinação rara de desempenho, conforto, segurança e
preço competitivo. Está explicado o sucesso.
FICHA TÉCNICA
MOTOR - Transversal, 4 cilindros
em linha; duplo comando no cabeçote, 16
válvulas. Diâmetro e curso: 83 x 81,4 mm.
Cilindrada: 1.761 cm3. Taxa de compressão:
10,4:1. Potência máxima: 112 cv a 5.500 rpm.
Torque máximo: 16,1 mkgf a 4.250 rpm. Injeção
multiponto.
CÂMBIO -
manual, 5 marchas; tração dianteira.
FREIOS -
dianteiros a disco ventilado; traseiros a disco;
antitravamento.
DIREÇÃO - de
pinhão e cremalheira; assistência hidráulica;
diâmetro de giro, 11,4 m.
SUSPENSÃO -
dianteira, independente McPherson, com
estabilizador; traseira, independente
autodirecional, braço longitudinal, barra de
torção, com estabilizador.
RODAS - 5,5 x
14 pol.; pneus, 185/65 R 14.
DIMENSÕES -
comprimento, 4,170 m; largura, 1,700 m; altura,
1,400 m; entre-eixos, 2,540 m; capacidade do
tanque, 54 l; porta-malas, 408 l (fabricante);
peso, 1.115 kg.
DESEMPENHO -
velocidade máxima, 201 km/h; aceleração de 0 a
100 km/h, 9,6 segundos; consumo em cidade, 8,3
km/l; consumo em estrada, 15,9 km/l.
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