


O motor de 1,6 litro tem bom
torque desde baixa rotação; o estepe sob a caçamba só pode ser abaixado
com o destravamento da tampa desta |
Apesar do posicionamento favorável do lastro, centralizado na caçamba e
bem baixo, a diferença na dirigibilidade com e sem carga foi mínima. Tal
qualidade pode ser creditada à suspensão traseira por eixo de torção com
molas helicoidais (mesma receita do Montana e das outras gerações do
Saveiro) e amortecedores pressurizados. Na dianteira foi mantida a
suspensão independente tipo McPherson do Gol, apenas recalibrada e que
realmente transmite pouco da irregularidade do piso à cabine. Os freios
dianteiros são iguais ao do hatch; os traseiros ganham tambores de 230
mm em vez de 200.
Puxando tudo isso está o motor EA-111 de 1,6 litro, montado em posição
transversal, arquitetura que desfaz o nó de segurança dos antigos
Saveiros e seu anacrônico motor longitudinal. É o mesmo motor do novo
Gol e está acoplado à caixa de câmbio MQ 200, de engates muito leves e
precisos. As relações de marchas foram adaptadas ao uso específico no
picape: em comparação ao Gol, a primeira é 9% mais curta e a segunda 7%,
sendo iguais da terceira em diante e também no diferencial. Os pneus
básicos são comuns ao hatch, 175/70 R 14, mas a versão Trooper sai com
205/60 R 15, que têm diâmetro 4,4% maior — curiosamente não foi previsto
encurtamento correspondente no diferencial, o que deixa esse Saveiro
mais longo que o básico.
A sensação no breve teste é que o motor está justo para a utilização,
com os 104 cv (usando álcool) bem empenhados quando o assunto foi fazer
uma ultrapassagem rápida. O torque de 15,6 m.kgf aparece cedo, a 2.500
rpm, o que é bem-vindo sobretudo em um utilitário. Naturalmente, com
carga o câmbio precisa ser bem usado para não correr maiores riscos, já
que a quinta marcha longa produz apenas 3.150 rpm a 120 km/h reais no
Trooper (3.300 no básico, pelos pneus menores). Questionados sobre a
possibilidade de um motor maior, já que os principais concorrentes usam
de 1,8 litro, os homens da VW disseram um não com jeito de “talvez mais
para a frente.”
As demais qualidades dinâmicas do Saveiro ficam para uma avaliação mais
aprofundada do que esses meros quilômetros em estradas pouco variadas.
Fica evidente, porém, que esta é uma nova página de uma história
importante para a VW. Além de ser agradável de olhar, o picape está bem
gostoso de conduzir. Mais do que qualquer coisa, ficou evidente que a
marca tomou o necessário cuidado ao criar o novo Saveiro para tentar
reconquistar o que um dia foi dela, ou seja, a liderança no segmento.
Pelo que entrevimos, as possibilidades disso ocorrer são grandes. |