O interior típico dos
Volkswagens atuais mostra progressos e algumas perdas em acabamento;
ajuste elétrico do banco agora inclui o assento
Tela central serve a áudio,
telefone, ar-condicionado e estacionamento; o porta-malas continua
amplo, 510 litros, mas as dobradiças interferem
Com um cilindro e 0,5 litro a
menos, compensados por turbo e injeção direta, o motor do Highline
entrega 200 cv e 28,5 m.kgf em ampla faixa |
O estilo adotou linhas mais retas e elementos típicos da marca, como
grade e faróis, que lembram os do Fox. Não há mais opção de
lâmpadas de xenônio e os refletores são
comuns, de superfície complexa. Uma das
unidades de neblina acende-se em curvas, como no Fiat Bravo, para
iluminar a lateral da pista. Ficou no passado a integração da grade à
tomada de ar inferior do para-choque dianteiro, enquanto o defletor
deste assumiu duas pontas que não conseguem agradar a todos. A curva
final nas janelas laterais traseiras tem todo o jeito de BMW, mas no
conjunto o carro lembra o Audi A4. Na traseira as lanternas seguem um
tema mais horizontal, sem os elementos circulares do antigo, e o rebaixo
da placa de licença contribui para a sensação de maior largura. O
coeficiente aerodinâmico (Cx) melhorou de
0,31 para 0,30.
Comparado ao anterior, a sensação de que o carro é maior e pertence a um
segmento superior fica clara. No entanto, algo da esportividade do Jetta
antigo se perdeu: ele agora parece fazer par a modelos conservadores
como o Corolla, como se visasse a um público mais maduro.
O interior foi redesenhado, mas continua um ambiente familiar a quem
conhece os Volkswagens atuais, pelo uso de quadro de instrumentos,
volante e outros itens comuns a vários modelos da marca. No acabamento
de bom padrão, com encaixes perfeitos, painel em plástico macio e
apliques de aspecto refinado, cabe ressalva aos painéis de porta: o
plástico é rígido e não há cuidados conhecidos desde o Golf brasileiro,
como puxadores em material emborrachado. Por esse aspecto a sensação é
de retrocesso.
Os bancos mostram desenho bem feito e espuma de alta densidade (firme),
típica dos carros de origem alemã. Os ajustes manuais dos dianteiros
incluem a altura de ambos e, no caso da opção pelos elétricos, a
regulagem do assento também é feita dessa forma no do motorista — antes,
só a do encosto. No quadro de instrumentos, o mostrador digital informa
consumo em km/l e pode apontar temperatura do óleo e velocidade. Uma
falha é não haver faixa degradê no para-brisa.
Pela tela sensível ao toque no painel comandam-se sistema de áudio e
telefone e se veem os ajustes do ar-condicionado, além das indicações
gráficas dos sensores de estacionamento. Em junho haverá opção de
navegador por satélite. É fácil encontrar boa posição ao volante e, para
quem viaja atrás, nota-se o progresso no espaço para as pernas, antes
modesto e agora muito bom para o porte do carro. A largura interna
também cresceu, em 10 mm na frente e 14 atrás. No Highline existem
difusores de ar no console para essa região. Pelo apoio de braço central
tem-se acesso ao porta-malas, útil também para levar objetos compridos.
E por falar em malas, cabe menos bagagem no novo Jetta (510 litros,
ainda boa marca dentro da classe) que no anterior (538), em parte porque
as articulações pantográficas deram
lugar a "pescoços de ganso", que amassam as malas quando se fecha a
tampa. Esta vem com revestimento parcial, menor que antes, mas teve o
vão de acesso ampliado em 80 mm, no sentido da largura do carro, e
ganhou mecanismo que garante — segundo a VW — o menor esforço para
fechamento na categoria. O estepe mantém a inadequada economia de usar
pneu de 16 pol quando os demais são de 17 pol.
Dois motores,
mesma cilindrada
Ao contrário do que o uso de eixo de torção possa fazer supor, ambos os
novos Jettas usam a mesma plataforma básica, empregada também pelo Golf
europeu e pelo Passat com diferentes entre-eixos. E os dois se
beneficiam de avanços como uso de aços de alta resistência, que
permitiram reduzir sua espessura em alguns locais e descartar 30 kg de
peso na carroceria, mesmo com maiores dimensões.
Contudo, as semelhanças entre as versões terminam aí. As diferenças
começam nos motores que, embora com cilindrada, diâmetro e curso iguais,
são de famílias diferentes. O do Comfortline é da linha EA-113, e o do
Highline, da mais moderna EA-888, que entre outros elementos aciona os
comandos de válvulas por meio de corrente e não mais correia dentada.
Com turbo, injeção direta, duplo comando e quatro válvulas por cilindro,
o resultado da versão superior só poderia ser muito distante do obtido
pelo "primo pobre".
De fato, a potência de 200 cv e o torque máximo de 28,5 m.kgf,
disponível na faixa entre 1.700 e 5.000 rpm, deixam o Jetta Highline
como o mais vigoroso sedã da faixa média do mercado, com vantagem até
sobre os 170 cv e 24,5 m.kgf do cinco-cilindros de 2,5 litros do
antecessor. Já os 116/120 cv e 17,7/18,4 m.kgf do Comfortline (com
gasolina e álcool, na ordem) estão longe de impressionar, mesmo na
categoria de preço da versão. Como habitual em motores de duas válvulas
por cilindro, ele tem potência modesta se comparada à dos 1,8-litro de
16 válvulas de Honda Civic e Toyota Corolla, mas não fica para trás em
torque, resultado da maior cilindrada.
Nas caixas de câmbio, mais contrastes. O Comfortline repete as opções do
Bora, mas a automática de seis marchas é de nova geração, com redução de
atritos internos e bloqueio do conversor de
torque já a partir de 20 km/h, o que se reflete em maior eficiência
e menor consumo. Operação manual é possível mesmo sem os comandos
opcionais no volante. No Highline a VW adotou a prestigiada caixa manual
DSG de seis marchas, com dupla embreagem em banho de óleo e modos de uso
manual e automático, além de comandos no volante de série, e há ainda
assistente para saída em aclive ou declive, que retém os freios por dois
segundos.
Continua |