Mais sovina do que nunca

Espartano como sempre, o Gol aparece em versão Ecomotion
com a vaga promessa de reduzir o consumo em até 10%

Texto: Fabrício Samahá e Geraldo Tite Simões - Fotos: divulgação

Para-choques pintados por inteiro, calotas e o logotipo na traseira são as identificações externas desta versão voltada à redução de consumo

Simplicidade do interior é conhecida do Gol; no destaque, o indicador de consumo no painel; no motor de 1,0 litro, reprogramação eletrônica

A fórmula que trouxe redução de consumo de combustível e de emissão de CO2 ao Polo BlueMotion vem agora aplicada ao Gol de geração antiga (conhecida como G4), mas com outro nome: Ecomotion. A mudança destaca o aspecto de economia, talvez mais relevante no segmento de entrada — tão sensível ao fator financeiro — que a consciência ambiental. De acordo com a Volkswagen, o pacote de alterações resulta em redução de consumo de até 10% e não tem custo adicional: o preço sugerido com três portas (há opção por cinco) parte de R$ 27.530, o mesmo do Gol convencional.

No motor EA-111 de 1,0 litro, já bem conhecido, a única novidade é a recalibração da central eletrônica de injeção e ignição, sem implicar mudança nos índices de potência e torque. Ele permanece com 68 cv e 9,4 m.kgf, ao usar gasolina, e 71 cv e 9,7 m.kgf com álcool às mesmas rotações do Gol convencional. Na transmissão, a VW recorreu ao velho — mas eficaz — método de alongar as marchas por meio de um diferencial 6,8% mais longo, de 4,78:1 para 4,45:1. A estratégia é simples: com menor rotação, o motorista precisa usar mais o acelerador para o motor produzir a mesma potência e alcançar o desempenho desejado. Acelerador mais aberto significa menores perdas por bombeamento e, se a potência produzida é a mesma, o consumo é menor que com uso de rotação mais alta, como o Best Cars sempre propôs pelo método carga de direção.

Outra alteração técnica foi feita nos pneus. Sua medida passa de 175/70 R 13 para 165/70 R 13, o que reduz o diâmetro total em 2% (e torna menos efetivo o alongamento do diferencial) e a largura em 10 mm. No fim das contas, se o motor do Gol já conhecido gira a 4.000 rpm a 120 km/h em quinta marcha, no Ecomotion são 3.820 rpm ou 4,5% a menos — diferença que favorece um pouco o consumo e não chega a deixar o carro fraco nas retomadas. Na velocidade máxima divulgada para uso de álcool (170 km/h em qualquer das versões), o Gol básico estaria a 5.670 rpm e o Ecomotion a 5.415 rpm, um pouco mais distante do ponto de maior potência, 5.750 rpm. A aceleração de 0 a 100 km/h não foi prejudicada; pelo contrário: o "Eco" a faz em 12,2 segundos com etanol, 0,1 s a menos que o Gol comum. Quanto ao consumo, impossível saber: a VW optou por não informar os valores em uma versão focada justamente em economia.

Além da medida, os pneus têm composto do tipo "verde", ou favorável ao ambiente, com menor resistência ao rolamento. A pressão de enchimento bem acima da média — 39 lb/pol² nos dianteiros e 32 nos traseiros — também contribui para um rodar mais "solto", pois a área de contato com o solo fica na prática menor. Como pneus mais cheios afetam o conforto de marcha, foi feita nova calibração nos amortecedores com o objetivo de resgatar o padrão do Gol comum. O pacote Ecomotion inclui para-choques e grade inteiramente na cor da carroceria, novas calotas, um diminuto indicador de consumo digital no painel e logotipo na tampa traseira. Os equipamentos de série repetem a simplicidade franciscana do Gol básico: ajuste de altura para o banco do motorista, indicador de manutenção no painel, para-sóis com espelho, controle interno dos retrovisores, cintos dianteiros com regulagem de altura e imobilizador eletrônico do motor. Os opcionais disponíveis são aquecimento, desembaçador do vidro traseiro, preparação para sistema de áudio, controle elétrico dos vidros dianteiros e travas, ar-condicionado, direção assistida, lavador/limpador traseiros e temporizador do limpador de para-brisa e dois modelos de rádio com conexões USB, MP3 e para cartão SD, além de interface Bluetooth para celular — um aparelho com toca-CDs e outro sem.

Como anda   Embora tenha o mesmo motor e pese apenas 3 kg a menos que o Gol convencional, o Ecomotion parece um pouco mais "esperto" por causa dos pneus e da pressão que eles usam. Rodando, não se percebe nada realmente novo além de os pneus "cantarem" nas curvas mais ousadas um pouco antes do que se espera. Impressiona o elevado ruído interno, até mesmo do vento no para-brisa, apesar do coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,34, coerente com o de projetos mais recentes. O indicador de consumo no painel bem poderia ser maior para facilitar a leitura. No restante, é o bem manjado Gol com suas qualidades e limitações — entre estas últimas, a posição de dirigir com banco, volante e pedais desalinhados, que só tem similar na igualmente veterana linha Classic/Celta/Prisma da GM.

No evento de apresentação à imprensa em Campinas, SP a VW organizou uma competição de economia entre os jornalistas. Os melhores resultados foram de 24,2 km/l com gasolina e 17,7 km/l com álcool; na média dos 22 participantes o consumo foi de 19 e 13,5 km/l, na ordem. São números que chamam atenção, mas refletem condições de uso muito especiais, que ninguém coloca em prática no uso cotidiano. Para isso, seria útil conhecer ao menos os dados segundo norma NBR que a VW não contou para ninguém.

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Data de publicação: 1/5/10

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