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Criatividade nas formas do interior e nos mostradores destacados e giratórios, mas falta a conexão para aparelho externo no bom sistema de áudio

Foto: divulgação
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A robusta estrutura de aço, destacada pela cor na aparência do Fortwo, é seu segredo para atender às mais severas normas de impacto atuais

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As duas tampas traseiras dão acesso ao porta-malas de 220 litros e ao motor abaixo dele; atrás do capô frontal, apenas reservatórios de água

Bom motor, suspensão dura   Andar com o Smart é uma situação muito peculiar. O motorista tem a sensação de estar em um carro pequeno, mas não tão pequeno como ele se revela quando se olha para trás, já que praticamente acaba nos bancos dianteiros. O habitáculo e a posição de dirigir não denunciam seu tamanho. Mas as vantagens de ter pouco mais de 2,5 metros de comprimento se revelam no trânsito, onde ele revela agilidade ímpar. Basta acelerar e ele se encaixa naquele buraquinho no trânsito onde parecia não caber carro nenhum. Nos cruzamentos congestionados, se o motorista acha que não pode passar, pois o carro não caberia no espaço que sobrou sem atrapalhar a via transversal, o Smart pode ir e ainda sobra.

Seu desempenho na cidade é correto. Existe um ligeiro retardo no acionamento do turbo (turbo lag), que começa a se manifestar a 1.500 rpm — da marcha-lenta até a entrada do turbo há uma fase difícil de ser cumprida pelo motor. Há um agravante: o câmbio não colabora quando isso acontece com o carro já em movimento, pois em modo automático ele sobe marchas rapidamente para que a rotação fique bem baixa, priorizando o consumo. Isso atrapalha um pouco as respostas do motor aos comandos do motorista, já que é preciso acelerar a fundo para provocar reduções. Melhor usar os comandos manuais. Inconveniente mesmo é a falta de suavidade na operação do câmbio: o famoso movimento de cabeça dos automatizados, pela interrupção de aceleração durante as trocas, é evidente nesse carro e chega a incomodar muito, sobretudo na mudança de primeira para segunda marcha.

Outro ponto crítico do Smart é o acerto da suspensão: é extremamente dura e, em nossas ruas desniveladas, faz os ocupantes sofrer. Em função do curto entre-eixos e da firmeza anormal da suspensão, o carro quica em todas as irregularidades, chegando a incomodar em local mais acidentado ou em longos percursos com essas características. Além disso, resulta em grande quantidade de ruído no interior. Sem dúvida a Mercedes precisaria elaborar um acerto para países com piso como o nosso, já que os padrões europeus de pavimentação são exceção por aqui. De qualquer forma, pelas características do carro seria difícil chegar a um resultado digno de elogios.

Para surpresa de muitos, o Smart tem excelente comportamento em estrada. Como a qualidade do piso costuma ser melhor e as rotações do motor estão sempre mais altas, conduzi-lo nessas condições se torna prazeroso. Seu desempenho é excelente e, se não houvesse a limitação da velocidade em 145 km/h, certamente ele alcançaria boa velocidade máxima. Retomadas são compatíveis com motores de maior cilindrada e é possível manter bom ritmo nas subidas, sem precisar de rotações muito altas ou implicar ruído elevado. Vale lembrar que, por se tratar de motor com turbo, não há a perda de potência em altitude elevada inerente aos de aspiração natural. Sua estabilidade surpreende pelo comprimento e a altura do carro. Podem-se tomar curvas com mais vigor que ele contorna com neutralidade e sensação de pleno controle. Há certa rolagem da carroceria, mas o acerto firme de suspensão em conjunto com a tração traseira colabora para o bom comportamento. E sempre há os controles eletrônicos para qualquer eventualidade.

No contexto geral, o Smart Fortwo é exatamente o que ele se propõe a ser: um carro divertido, com pretensões urbanas, mas apto a pequenas viagens sem maiores limitações que a de ter apenas dois lugares e um pequeno porta-malas. Os inconvenientes de ordem mecânica — suspensão dura, câmbio desconfortável — não impedem que ele tenha seus encantos. Difícil é justificar o preço que se pede por ele.

Ficha técnica

MOTOR - traseiro, transversal, 3 cilindros em linha; bloco e cabeçote de alumínio; duplo comando no cabeçote, 4 válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 72 x 81,8 mm. Cilindrada: 999 cm3. Taxa de compressão: 10:1. Potência máxima: 84 cv a 5.250 rpm. Torque máximo: 12,2 m.kgf a 3.250 rpm. Injeção multiponto sequencial, turbocompressor, resfriador de ar.

CÂMBIO - manual automatizado, 5 marchas; tração traseira. Relações: 1ª) 3,07; 2ª) 1,91; 3ª) 1,26; 4ª) 0,94; 5ª) 0,71; diferencial, 4,53. Velocidade por 1.000 rpm (em km/h): 1ª) 8; 2ª) 12; 3ª) 19; 4ª) 25; 5ª) 33.
FREIOS - dianteiros a disco, 280 mm ø; traseiros a disco, 203 mm ø; antitravamento (ABS).
DIREÇÃO - de pinhão e cremalheira; assistência elétrica; diâmetro de giro, 8,75 m.
SUSPENSÃO - dianteira, independente, McPherson, mola helicoidal, estabilizador; traseira, eixo De Dion, mola helicoidal.
RODAS - dianteiras, 4,5 x 15 pol, pneus 155/60 R 15; traseiras, 5,5 x 15 pol, pneus 175/55 R 15.
DIMENSÕES - comprimento, 2,695 m; largura, 1,559 m; altura, 1,542 m; entre-eixos, 1,867 m; bitola dianteira, 1,283 m; bitola traseira, 1,385 m; coeficiente aerodinâmico (Cx), 0,345; capacidade do tanque, 33 l; porta-malas, 220 l; peso, 770 kg.
GARANTIA E ASSISTÊNCIA - Garantia, 2 anos sem limite de quilometragem; rede de concessionárias, 2; informações de fábrica, 0800 9709797.
Comentário técnico
> Os motores a gasolina do Smart são fabricados no Japão pela Mitsubishi, que teve seu controle acionário nas mãos da extinta DaimlerChrysler entre 2000 e 2006. Na Europa estão disponíveis versões de aspiração natural com potência de 61 e 71 cv e as turboalimentadas de 84 cv (a que vem ao Brasil) e 98 cv (com a grife Brabus, preparadora especializada no grupo Mercedes), todas de 1,0 litro de cilindrada, além de um turbodiesel de 800 cm3 com 54 cv. Na versão disponível aqui o turbo atua com pressão máxima de 0,5 bar e conta com resfriador de ar.

> A suspensão traseira ressuscita um conceito muito usado nos carros de competição das décadas de 1950 e 1960: o sistema De Dion, que conta com o diferencial preso ao monobloco do carro e os braços de suspensão presos ao eixo. Com essa solução, o peso do eixo é diminuído e a suspensão pode trabalhar de forma muito mais eficiente que no tradicional eixo rígido, embora um sistema independente fosse preferível. Na dianteira a suspensão é independente McPherson. O peso de 770 kg no caso do Coupé é um pouco alto para o tamanho do carro, mas se deve basicamente à quantidade de equipamentos e à robusta estrutura.

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