Aberta a tampa traseira, como a de uma caçamba de picape, tem-se acesso ao razoável porta-malas e ao motor de três cilindros com turbo

O desempenho e a estabilidade convencem, mas a suspensão é um tanto dura e o câmbio automatizado deveria ser mais suave nas trocas

Ao volante   O evento de lançamento ocorreu em São Paulo, SP, onde foi possível trafegar nos mais diferentes trechos urbanos e também em rodoviários. O Smart é um carro diferente, não resta dúvida. No começo estranha-se um pouco o fato de ser tão pequeno, mas logo essa sensação some e o motorista e o passageiro se sentem em carro comum.

Por suas características, curto e alto, a suspensão é um tanto quanto dura e esse aspecto se faz notar com intensidade em nossas ruas esburacadas. Em pavimento ruim esse aspecto incomoda um pouco. Por outro lado, em asfalto liso o comportamento do carro é exemplar. A atitude em curvas é melhor do que a esperada, sobretudo em vista de sua altura e largura. E o pequeno Fortwo é bem esperto no trânsito, com ótima disposição. O três-cilindros empurra o carrinho de maneira exemplar. Há um pequeno retardo de atuação no turbo, mas pouco acima de 2.500 rpm ele se manifesta com clareza. Seu ruído é interessante e até certo ponto instigante. A Smart divulga máxima bem modesta (145 km/h), mas com boa aceleração de 0 a 100 em 10,9 segundos.

O câmbio automatizado, por outro lado, é um dos pontos negativos do carro. As trocas de marcha não são suaves e não acompanham o vigor do pequeno motor: como demoram a acontecer, produzem um intervalo muito grande quando o sistema diminui a aceleração para trocar de marcha. Essa sensação é um pouco menor quando as mudanças são feitas manualmente, mas ainda assim elas poderiam ser mais suaves. O mais gostoso de andar com o Fortwo é usufruir de sua agilidade. Pequeno, leve e com um motor turbo de bom desempenho, sua agilidade é o que mais cativa. Seria perfeito — não fosse a lentidão do câmbio em acompanhar a vontade do motorista — pela disposição do motor e do conjunto para entrar nas brechas do trânsito, mudar de pista e se deslocar entre os carros, ônibus e caminhões com uma desenvoltura que nenhum outro carro oferece.

O modelo fechado custará R$ 57.900, e o Cabrio, R$ 64.900. Caro? Se analisarmos o carro em si, com sua configuração de carroceria, motor e equipamentos, pode ser considerado muito caro, pois é possível comprar um bom carro médio com esse valor. Entretanto, para quem analisa o Fortwo como um estilo de vida, como um carro de imagem, algo diferente que alguém pode se dar ao luxo de ter, o preço se torna relativo e de difícil medida. Tanto isso é verdade que importadores independentes chegaram a vender esse carro por R$ 100 mil.

De qualquer maneira, a Smart não tem a pretensão de ser uma marca de volume. Ela quer, com seu Fortwo, ser uma marca de imagem, que vende carros diferentes para pessoas que se diferenciam de seus pares. Essa é a ideia. E o carrinho — mesmo para quem somente gosta de carros e não se julga diferente de ninguém — é interessante e vale a pena ser conferido.

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