Foi um caso de muita pompa para pouca circunstância — reunir a imprensa
especializada em Florianópolis, SC, para dirigir um carro sem qualquer
novidade técnica —, mas o empenho se justifica pela importância do
produto para a marca: no ano passado o Sandero respondeu por 43% das
vendas da Renault, índice que pode até subir depois da renovação de
estilo e interior apresentada agora.
A reforma visual tentou dar um ar atualizado ao hatch compacto, com
alguma ligação ao Fluence, sem acarretar altos custos. Na frente, tudo
se resumiu a faróis, para-choque e grade, em que as antigas tomadas de
ar foram fechadas — agora a admissão se faz apenas por vãos mais
embaixo. Como o capô é o mesmo, dois vincos que ligavam as pontas dos
faróis a elementos da grade perderam o sentido. Os faróis em si
continuam com refletor único, medida de economia que poderia ter sido
repensada em nome da segurança, e as luzes de direção passaram de seu
lado externo para o interno.
A versão Stepway teve remodelado o elemento plástico do para-choque, que
simula um quebra-mato, e continua com máscaras negras nos faróis. Na
traseira, toda a linha vem com o nome do modelo abaixo do emblema da
Renault, no centro da tampa, e novas lanternas — que, assim como os
faróis, foram refeitas sem alterar seu formato, para não exigir
intervenções na carroceria.
A Renault aproveitou para efetuar modificações há muito aguardadas no
interior, como painel com textura mais agradável e botões de controle
elétrico dos vidros nas portas em vez de no painel. Outras novidades são
rádio/toca-CDs/MP3 de tamanho maior, com conexões USB e para Ipod e
interface Bluetooth para telefone
celular; volante regulável em altura, vinculado a direção assistida;
comando interno do bocal do tanque de combustível, comandos de
ventilação redesenhados, instrumentos com nova grafia, alerta para baixo
nível de gasolina no reservatório de partida a frio, novos padrões de
revestimento e melhorias no isolamento acústico.
O Sandero 2012 mantém as opções de acabamentos e motores do anterior,
exceto pela série especial
GT-Line, que expirou
e não foi relançada. A versão de entrada Authentique (preço sugerido de
R$ 28.700) tem motor de 1,0 litro e 16 válvulas e interior bastante
simples, sem equipamentos dignos de menção. A Expression, que deve
representar metade das vendas do modelo, custa R$ 32 mil com o mesmo
motor e R$ 35 mil com o de 1,6 litro e oito válvulas. Traz direção
assistida, banco do motorista e volante reguláveis em altura, rodas de
15 pol (com motor 1,6) e detalhes com acabamento na cor cinza.
O Privilège, ao preço de R$ 40 mil, vem com motor 1,6 e acrescenta
ar-condicionado, controle elétrico dos vidros (quatro), travas e
retrovisores; rádio/CD/MP3, banco traseiro bipartido, rodas de alumínio,
faróis de neblina e computador de bordo. Completa a gama o "aventureiro"
Stepway, de R$ 42.600, único a ter o motor de 1,6 litro e 16 válvulas. A
versão traz suspensão elevada, decoração externa e interna específica e
rodas de alumínio de 16 pol de série, mas alguns itens do Privilège,
como controle elétrico dos vidros traseiros e o rádio, são opcionais.
Ao avaliar um Stepway na região da capital de Santa Catarina, o Best
Cars já sabia o que esperar: um carro de projeto simples, sem grande
preocupação com acabamento, mas que transmite robustez e — no caso dessa
versão, dotada do motor mais potente da linha — agrada pelo desempenho.
Foi o que ele nos confirmou, e nem poderia ser diferente. Alterações
técnicas de que a imprensa cogitou, como aumento de potência no motor de
oito válvulas e opção de câmbio automático, não se confirmaram (por isso
não é publicada aqui a ficha técnica, igual à dos anos anteriores).
As alterações internas são bem-vindas e contribuem para afastar o
Sandero de suas origens modestas, já que ele é derivado do Logan —
modelo que surgiu com ênfase no baixo custo de desenvolvimento e
fabricação. Mesmo assim, o ambiente está longe de parecer luxuoso. O
nível de ruído agora está em patamar adequado para a categoria e, claro,
conveniências como o sistema Bluetooth são muito apreciadas nessa era
digital.
Foi uma reforma mais tímida do que deveria? Certamente. Mas a Renault
parece acreditar que será o bastante para se defender de novas ameaças,
como os modelos chineses, e manter a competitividade de seu carro-chefe. |