

A arquitetura do Fluence repete
a do Mégane, caso das suspensões, que conservam o equilíbrio entre
conforto e comportamento dinâmico


Ao lado do motor Nissan, a caixa
CVT é uma bem-vinda novidade; pode também operar com mudanças manuais
entre seis marchas simuladas


Apesar da limitada avaliação, o
novo Renault mostrou os bons atributos esperados de um sedã médio -- e
alguns pontos que merecem atenção |
No restante, a concepção do novo Renault repete a do antecessor, caso da
suspensão traseira por eixo de torção, que não acompanha a tendência
pelo conceito multibraço (Focus, Jetta e outros). As novidades estão nos
pneus 205/55 R 17 do Privilège, ante 205/60 R 16 do Dynamique, e o
controle de estabilidade e tração. Nem mesmo em peso o Fluence, com
1.372 kg na versão de topo, afasta-se muito do já pesado Mégane
automático de 1.355 kg.
A novidade merecia uma avaliação prolongada e em trajetos variados, mas
não foi o que a empresa ofereceu aos jornalistas: apenas 40 quilômetros
de Marginal do Rio Pinheiros, na capital paulista, e Rodovia dos
Bandeirantes, ou seja, retas, trânsito pesado e radares. Mesmo assim,
foi possível chegar a algumas conclusões.
Primeira: a mudança para o motor Nissan fez muito bem ao Fluence. Com
funcionamento bastante suave e baixo nível de ruído, pode ser bem
explorado para entregar desempenho (de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos com
álcool, automático) sem demonstrar esforço. Segunda: uma CVT bem
resolvida com essa, e ainda com opção de trocas manuais, mostra-se bem
melhor que uma caixa de quatro marchas. O intervalo entre as relações é
menor e, ainda assim, trafega-se a 120 km/h na "sexta virtual" — ou em
modo automático, tanto faz — com meras 2.800 rpm.
Em operação manual, abre-se quase todo o acelerador em giros baixos sem
provocar redução, que só vem quando atingido o fim de curso. As mudanças
são no padrão mais comum, subindo para frente e reduzindo para trás, e
não há comandos no volante. Para uma arrancada rápida o motorista pode
frear enquanto acelera até pouco acima de 2.000 giros, como em qualquer
automático, mas ao soltar o pé esquerdo a sensação é de um carro algo
lento.
É que a CVT está calibrada de modo a alongar relações devagar, de modo
que precisa de quase 100 km/h para chegar à potência máxima de 6.000
rpm. Em modo automático, a subida de giros é linear e dali para cima o
motor fica sempre em 5.500 rpm (deveriam ser 6.000 — talvez opção para
menor nível de ruído). No modo manual notam-se as trocas para cima, mas
bem mais suaves que em uma automática comum: só pelo conta-giros se
percebe a variação entre 5.000 e 6.000 rpm, caindo de volta para 5.000,
enquanto a velocidade cresce.
Apesar da falta de curvas no trajeto, o Fluence transmitiu segurança em
alta velocidade pelo acerto das suspensões, com bom controle de
oscilações, sem causar desconforto. A absorção de irregularidades está
excelente para o baixo perfil de pneus, mérito que pode ser atribuído
também ao Continental Conti Premium Contact 2 de moderna geração. Outros
destaques são os baixos ruídos aerodinâmicos — parece que o nome do
modelo se justifica, embora o
Cx 0,334 seja apenas mediano — e a direção levíssima
em baixa velocidade e com peso correto em alta, que já se destacava no
Mégane. Contudo, esperávamos funcionamento mais eficaz do
ar-condicionado.
Tudo considerado, o Fluence parece uma grande soma do que a aliança
Renault-Nissan tinha de melhor na categoria: aproveita motor e caixa CVT
do Sentra, mas com suspensão confortável como a do Mégane (a do Sentra é
um tanto dura) e estilo típico dos novos Renaults, que se afastam das
aberrações estéticas comuns na marca alguns anos atrás — caso típico era
o Mégane hatch anterior, substituído por um modelo bem mais harmonioso,
cuja ausência no mercado nacional é uma pena.
Com a garantia de três anos já habitual na marca, a Renault tem um plano
ambicioso com seu novo sedã médio: tirar o Vectra do terceiro lugar em
vendas na classe, assumindo a posição atrás de Corolla e Civic e à
frente de C4 Pallas, Focus, Sentra e o futuro
Peugeot 408, entre outros.
Parece muito para quem ocupava uma das últimas colocações com o Mégane?
Talvez, mas o carro tem grandes atributos, que a empresa espera aliar a
um aprimoramento dos serviços de pós-venda, tão importante — se não mais
— nessa faixa de mercado quanto o próprio automóvel. |
MOTOR
- transversal, 4 cilindros em linha; duplo comando no cabeçote,
4 válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 84 x 90,1 mm.
Cilindrada: 1.997 cm3. Taxa de compressão: 10,2:1. Injeção
multiponto sequencial. Potência máxima: 140 cv (gas.) e 143 cv (álc.) a 6.000 rpm. Torque máximo:
19,9
m.kgf (gas.) e 20,3 m.kgf (álc.) a 3.750 rpm. |
CÂMBIO
- automático de variação contínua; tração dianteira. |
FREIOS
- dianteiros a disco ventilado; traseiros a disco; antitravamento
(ABS). |
DIREÇÃO
- de pinhão e cremalheira; assistência elétrica. |
SUSPENSÃO
- dianteira, independente McPherson; traseira, eixo de torção. |
RODAS
- 17 pol; pneus, 205/55 R 17. |
DIMENSÕES
- comprimento, 4,62 m; largura, 1,81 m; altura, 1,47 m;
entre-eixos, 2,7 m; capacidade do tanque, 60 l; porta-malas, 530
l; peso, 1.372 kg. |
DESEMPENHO - velocidade
máxima, 195 km/h; aceleração
de 0 a 100 km/h, 10,1 s (gas.) e 9,9 s (álc.). |
Dados do fabricante para
versão Privilège; consumo
não disponível |
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