
Nas curvas do autódromo,
agilidade e comportamento surpreendentes; no trecho fora de estrada, a
prova do vínculo aos valentes Land Rovers

O comando giratório do câmbio e
as teclas seletoras do sistema Terrain
Response, que ajusta diversos parâmetros
às condições do terreno


O motor trabalha com
dois turbos, um deles acionado em média e alta rotações, e a
nova caixa automática tem nada menos que oito marchas |
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MOTOR
- longitudinal, 8 cilindros em V; duplo comando nos cabeçotes,
4 válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 84 x 98,5 mm.
Cilindrada: 4.367 cm3. Taxa de compressão: 16,1:1. Injeção direta
de duto único, 2 turbocompressores. Potência máxima: 313 cv a 4.000 rpm. Torque máximo:
71,4
m.kgf de 1.500 a 3.000 rpm. |
CÂMBIO
- automático, 8 marchas; tração integral. |
FREIOS
- dianteiros a disco ventilado; traseiros a disco; antitravamento
(ABS). |
DIREÇÃO
- de pinhão e cremalheira; assistência hidráulica. |
SUSPENSÃO
- dianteira, independente McPherson; traseira, independente,
braços sobrepostos. |
RODAS
- 20 pol; pneus, 255/55 R 20. |
DIMENSÕES
- comprimento, 4,972 m; largura, 2,216 m; altura, 1,865 m;
entre-eixos, 2,88 m; capacidade do tanque, 97 l; porta-malas, 994
l; peso, 2.810 kg. |
DESEMPENHO - velocidade
máxima, 210 km/h; aceleração
de 0 a 100 km/h, 7,8 s. |
CONSUMO
- em cidade, 8,7 km/l; em estrada, 12,2 km/l. |
Dados do fabricante; ND = não disponível |
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Na
pista
Na pista? Isso mesmo: a apresentação da novidade ocorreu no autódromo
José Carlos Pace, no bairro paulistano de Interlagos, onde não apenas
pudemos conhecer o novo Vogue TDV8 como também o restante da gama Land
Rover. Em voltas rápidas em pista efetivamente não é possível avaliar o
veículo do ponto de vista padrão, mas sim de um ângulo extremo: mais que
a análise de seu comportamento, o que se verifica é a reação em
situações limite, que dificilmente um dia serão enfrentadas por um
desses majestosos utilitários esporte.
Nas duas voltas autorizadas para cada um dos jornalistas presentes, o "Rolls-Royce
dos 4x4" — como o chamam seus admiradores — mostrou uma verve esportiva
considerável e inesperada. É evidente que tal uso não premia a
apreciação daquelas que serão as maiores qualidades do Vogue em uso
prático, como o requinte de seu interior — onde a palavra "acabamento"
parece redimensionada a outro patamar, fazendo com que carros ditos de
luxo sejam arremessados para um nível inferior.
Podem-se gastar bons minutos escolhendo a posição de dirigir ideal por
meio das inúmeras regulagens elétricas de volante e banco. O critério do
desenho interno sublinha serem os Range Rovers carros que não seguem "a
moda", mas sim "sua moda", a tradição do mito revisitada em tom atual.
Ainda assim, impressiona o posicionamento na "poltrona" de comando, com
o volante de aro grosso revestido de fina pele e dotado de uma miríade
de comandos.
Motor ligado (ligado? Quase não se ouve nem se sente!), o curioso painel
chama atenção: o ponteiro do conta-giros não real, mas sim um desenho
branco numa tela circular escura. Desenho clássico, realização moderna.
O instrutor nos alerta na saída do boxe que o freio de estacionamento,
com comando elétrico, atua nas quatro rodas e permite ao acompanhante
frear o veículo em caso de mal súbito do motorista.
Afundar o pé no acelerador move com presteza o grande Range Rover, e
perceber as mudanças é mais uma tarefa visual do que auditiva: a
suavidade das trocas é tanta que a percepção se dá de forma mais clara
olhando para o curioso ponteiro do conta-giros. Abusar nas curvas é algo
inadequado para um carro com suas dimensões e peso, mas para esse inglês
a regra parece ser uma grande exceção: dotado de sistema que monitora e
altera a carga dos amortecedores num ritmo de 500 vezes por segundo, a
rolagem da alta (quase 1,9 metro) carroceria é contida e os pneus de 255
mm de seção colam ao asfalto.
O poderoso motor V8 empurra com fé a enorme massa e, nas curvas, cada
exagero recebe a benevolente ação da elaborada eletrônica que age como
um gigantesco anjo da guarda. A enorme mão do "anjo" impede que o Range
Rover cumpra ao pé da letra os desígnios das leis da física, que o
queriam capotando, derrapando ou ao menos desperdiçando o poderio de seu
conjunto motriz. Em vez disso, a quantidade exata de potência é jogada
ao solo e o grande utilitário progride na medida certa, derrapa
contidamente e transforma aquele inadequado ambiente de pista em
agradável exercício de controle. Ao motorista, fica uma verdadeira
sensação de segurança.
Deixando o asfalto, a terra. Tão ou mais impróprio do que andar rápido
em Interlagos com um Range Rover Vogue é torturá-lo numa pista como a
montada pelos organizadores, que, mesmo longe dos padrões de um Camel
Trophy, apresentava um naipe de situações das quais desconfiamos que
nenhum dos donos colocará seu veículo à mercê. Lamaçal, rampa
extremamente íngreme seguida de aclive equivalente, costelas e demais
ingredientes do cardápio fora-de-estrada estavam à disposição de quem
quisesse verificar como esse carro de quase meio milhão de reais reage.
E como reage? Justificando plenamente seu preço e mostrando que — apesar
de elegante, sofisticado, exclusivo e "monárquico" — um Range Rover é
parente direto de um Land Rover. E a participação dos modelos Defender,
Freelander e Discovery, certamente mais à vontade na pista criada para a
ocasião, comprovava que, sim, o Range Rover Vogue é um 4x4 de extremo
luxo, mas não deixa de ser um 4x4 plenamente habilitado para enfrentar
caminhos difíceis sempre que se quiser ou se precisar. |