No uso fora-de-estrada, o Range Rover não deixa dúvida da capacidade de ir a qualquer lugar, mantendo um padrão de conforto difícil de igualar

Seria um desperdício para quem só precisa de um automóvel, mas dá prazer dirigir esse utilitário que honra todas as tradições de seu nome

No trânsito urbano, com atenção a suas dimensões incomuns, o "Rolls-Royce dos 4x4" se sai muito bem. A suspensão a ar mantém um rodar confortável, com excelência na absorção de pequenos impactos; já deslocamentos maiores das rodas são amortecidos com maior carga do que seu requinte faria esperar. Talvez fosse o caso de adotar um controle eletrônico, com diferentes modos de ação, também para o amortecimento. Outra ressalva é que, para entrada dos ocupantes, seria ideal poder rebaixar ainda mais a carroceria.

Esses inconvenientes desaparecem no uso em estrada, onde o Range Rover parece capaz de esgotar o tanque de 101 litros de combustível sem que os passageiros se cansem. Ruídos são mantidos fora da cabine, salvo aqueles de natureza aerodinâmica quando a velocidade supera em muito os limites legais. Em percursos sinuosos, porém, nosso desejo de uma suspensão mais baixa voltava: mesmo que o veículo tenha boa capacidade de efetuar curvas e conte com todo o aparato eletrônico para tirar o motorista de apuros, o fato de se estar longe demais do solo acentua a impressão de instabilidade.

Como não há sentido — embora muitos o façam — em escolher um Range Rover só para rodar por asfalto, rodamos mais de 100 quilômetros por terra em trechos irregulares, de baixa velocidade, e outros com muitas pedras, mas que permitiam deslocamento rápido.

Nos pisos irregulares, a suspensão manteve excepcional conforto, mesmo com os pneus de perfil algo baixo (255/50 R 20), e o modo para relva, gravilha ou neve do Terrain Response mostrou-se acertado, tendo indicado no painel em alguns momentos o bloqueio do diferencial central. Nas descidas íngremes o HDC facilitou bastante a condução e, usando os freios com intensidade, a calibração do ABS revelou-se ideal, sem pulsação excessiva ou liberação inesperada de frenagem.

O melhor mesmo foi o trecho mais veloz, em que o Range Rover devorou quilômetros com a mesma facilidade de uma estrada asfaltada, absorvendo todas as irregularidades e mantendo o ambiente interno em pleno conforto — e sem a infiltração de um grama de pó. Talvez não fosse o primeiro a chegar em um rali como o Dakar, mas certamente seus ocupantes sairiam dele bem menos fatigados que os adversários.

Um grande utilitário esporte, sem dúvida, até para quem precisa apenas de um automóvel. Embora sua compra, a nosso ver, só faça sentido para quem tiver utilidade para tantos aparatos fora-de-estrada — por exemplo, os que viajam com frequência até sítios de difícil acesso —, é inegável que os SUVs conquistaram adeptos por seu porte robusto e sua sensação de segurança. E, para os que participam desse grupo, o Range Rover Vogue Autobiography revelou estar mesmo no ápice da categoria. No topo do mundo.

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