


Com entrega suave de potência,
não abrupta como nos turbos antigos, o motor 1,4-litro agrada pelo
desempenho disponível desde baixa rotação

Alterações na suspensão deixaram
o Punto T-Jet mais firme e estável, mas sem comprometer o conforto de
marcha, que chega a surpreender |
|
MOTOR
- transversal, 4 cilindros em linha; duplo comando no cabeçote,
4 válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 72 x 84 mm.
Cilindrada: 1.368 cm3. Taxa de compressão: 9,8:1. Injeção
multiponto seqüencial, turbocompressor, resfriador de ar. Potência máxima: 152 cv a
5.500 rpm. Torque máximo:
21,1
m.kgf de 2.250 a 4.500 rpm. |
CÂMBIO
- manual, 5 marchas; tração dianteira. |
FREIOS
- dianteiros a disco ventilado; traseiros a disco; antitravamento
(ABS). |
DIREÇÃO
- de pinhão e cremalheira; assistência hidráulica. |
SUSPENSÃO
- dianteira, independente McPherson; traseira, eixo de torção. |
RODAS
- 6,5 x 17 pol; pneus, 205/50 R 17. |
DIMENSÕES
- comprimento, 4,03 m; largura, 1,687 m; altura, 1,505 m;
entreeixos, 2,51 m; capacidade do tanque, 60 l; porta-malas, 280
l; peso, 1.230 kg. |
DESEMPENHO - velocidade
máxima, 203 km/h; aceleração
de 0 a 100 km/h, 8,4 s. |
CONSUMO
- em cidade, 12,3 km/l; em estrada, 16,4 km/l. |
Dados do fabricante |
|
|
Desempenho
Um carro compacto, completo e luxuoso. Mas o que mais atrai a atenção e
aguça a curiosidade é a parte técnica do T-Jet. Tudo começa no motor. A
unidade é a mesma do Linea T-Jet, o motor
italiano Fire de 1,4 litro e quatro válvulas por cilindro, a gasolina, com potência
de 152 cv e torque máximo e 21,1 m.kgf disponível entre 2.250 rpm e
4.500 rpm. Um propulsor bem integrado à nova tendência européia de
downsizing, onde motores mais compactos atingem altos desempenhos com
mais economia de combustível por meio de emprego de turbo e/ou
compressor.
Os italianos dotaram essa pequena unidade de um turbocompressor de baixa
inércia, o IHI RFH3, cuja carcaça é feita com uma liga de ferro fundido
à base de níquel. Ele tem pressão de trabalho de até 1 bar, refrigeração
a água e resfriador de ar. O câmbio
manual de cinco marchas tem relações mais espaçadas entre si que no
Punto Sporting 1,8, como convém a um motor turbo: a primeira é mais
curta e a quinta mais longa, com diferencial também mais longo. No
efeito final (considerados diferencial e pneus), que é o que importa, a
primeira está 1% mais curta, a quinta 10% mais longa e as demais
(segunda a quarta) 7% mais longas.
Já foi tradição na Fiat uma versão esportiva com motor turbo, que
existiu para o Uno (nosso primeiro
carro de fábrica com o equipamento), o
Tempra, o
Marea e agora o Linea
e o Punto. Historicamente, esses motores foram sinônimo de alto
desempenho com certa brutalidade na condução, pois despejavam potência
de forma repentina a partir de certa rotação. No Punto T-Jet, como já
ocorria no Linea, a história é diferente: o alto desempenho ainda esta
lá, mas não com a brutalidade de antigamente. Agora o fornecimento de
potência é linear e progressivo.
O turbo de baixa inércia começa a atuar em baixa rotação e a percepção
de sua atuação é muito sutil. Quase não se nota que o carro é
superalimentado, pela rapidez e suavidade com que responde ao comando do
pé direito. A diferença para um motor de
aspiração natural aparece mesmo é em uma retomada de baixa rotação,
sobretudo em subida: o motor "enche" gradualmente, em qualquer marcha, e
faz o carro andar de maneira exemplar com rotação mais baixa do que
seria preciso em um motor aspirado de 152 cv e, por exemplo, 2,0 litros
de cilindrada.
Percebe-se, porém, que é um carro forte. Com peso de 1.230 kg, que se
traduz em relação peso-potência de 8 kg/cv, o Punto T-Jet não para de
empurrar, não toma conhecimento da topografia e ganha velocidade sem
esforço. De acordo com a fábrica, bastam 8,4 segundos para acelerar de 0
a 100 km/h e a máxima vai a 203 km/h, ganhos expressivos em comparação
ao Punto Sporting (10,3 s e 184 km/h com álcool). No entanto, o consumo
informado chega a ser melhor que o desta versão com gasolina por 0,2
km/l, sinal da eficiência do motor turbo em condições de baixa
solicitação.
Como o T-Jet está muito bem acertado, não se nota a velocidade, a não
ser pela rápida aproximação dos carros que estavam nas estradas em que o
avaliamos, na região de Belo Horizonte, MG. A rotação em quinta marcha
fica ao redor de 3.400 rpm a 120 km/h: poderia ser menor em um motor com
tanta disposição em baixo regime. Ficou evidente a opção da Fiat por um
carro bem ágil em retomadas. Naturalmente, as alterações técnicas não se
resumiram a motor e câmbio. A engenharia redimensionou a suspensão e os
freios. Há novas molas 17% mais rígidas na frente e 8% na traseira,
cargas de amortecedor revistas, estabilizador no eixo traseiro
(inexistente nos demais Puntos) e estabilizador dianteiro 1 mm mais
espesso, passando para 20 mm.
O resultado não poderia ser melhor: comportamento muito preciso em
curvas e em altas velocidades sem comprometer o conforto. Nem parece que
usa pneus de perfil baixo, tamanha a suavidade de rodagem. Faltaram mais
curvas na avaliação, mas deu para sentir confiança mesmo em curvas mais
fechadas em velocidade. A tendência é escapar de frente sem exagero. Os
freios também receberam atenção: usam discos nas quatro rodas,
ventilados na dianteira com 284 mm de diâmetro (o Sporting tem 257 mm) e
traseiros com 251 mm. O ABS de oitava geração é o mais moderno
disponível.
No geral, o Punto T-Jet — ou Punto Turbo, como a própria Fiat às vezes
se refere a ele — é um carro muito interessante em um mercado tão
carente de pequenos esportivos, os "foguetes de bolso" (que em inglês se
traduz na interessante expressão pocket rocket). Tem aparência de
acordo, está atualizado com o Primeiro Mundo em termos de estilo e
mecânica e, sem dúvida, resgata o prazer de dirigir para quem gosta de
andar rápido em reta e em curva. Se considerados o preço e o pacote de
equipamentos de série, arriscamos a dizer que sua participação prevista
na linha (6% a 7%) logo terá de aumentar — a Fiat já admite chegar a 15%
do mix. Mesmo com a crise, a empresa espera vender 400 unidades mensais
desse novo foguetinho. Produto para isso existe. |