


O 911 na pista da Capuava:
reações rápidas, mas acessível a qualquer motorista, a menos que seja
provocado no permissivo modo Sport Plus


O sistema Torque Vectoring freia
a roda interna à curva para melhorar a estabilidade; freios, aliás, são
um tradicional destaque desse Porsche |
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MOTOR
- traseiro, longitudinal, 6 cilindros horizontais opostos; duplo comando
variável nos cabeçotes,
4 válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 102 x 77,5 mm.
Cilindrada: 3.800 cm3. Taxa de compressão: 12,5:1. Injeção direta. Potência máxima:
400 cv a 7.500 rpm. Torque máximo:
44,9
m.kgf a 5.600 rpm. |
CÂMBIO
- manual automatizado, 7 marchas; tração traseira. |
FREIOS
- dianteiros e traseiros a disco ventilado; antitravamento
(ABS). |
DIREÇÃO
- de pinhão e cremalheira; assistência elétrica. |
SUSPENSÃO
- dianteira, independente McPherson; traseira, independente,
multibraço. |
RODAS
- dianteiras, 8,5 x 20 pol, pneus 245/35 R 20; traseiras, 11 x 20
pol, pneus 295/30 R 20. |
DIMENSÕES
- comprimento, 4,491 m; largura, 1,808 m; altura, 1,295 m;
entre-eixos, 2,45 m; capacidade do tanque, 64 l; porta-malas, 135
l (dianteiro) e 205 l (traseiro); peso, 1.415 kg. |
DESEMPENHO - velocidade
máxima, 302 km/h; aceleração
de 0 a 100 km/h, 4,1 s (com pacote Sport Chrono). |
CONSUMO
- em cidade, 8,1 km/l; em estrada, 14,9 km/l. |
Dados do fabricante; consumo
pelos padrões europeus |
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Começamos com o programa convencional de direção acionado. O 911 sai
ágil, com potência desde baixa rotação, e as mudanças de marcha
automáticas mal são percebidas de tão rápidas e suaves. Ao menos no
asfalto liso da pista, só o ronco do motor — discreto em marcha-lenta,
bem presente à medida que o pé afunda o pedal da direita — denuncia não
se tratar de um sedã de luxo, pois ficam de fora os desconfortos
normalmente associados a esportivos.
Chegam as curvas mais travadas e, apesar de uma arquitetura que tinha
tudo para dar errado — com o motor "pendurado" na traseira —, o 911 as
contorna com excelência, sob pleno controle. O ritmo aumenta e a
sensação continua de um carro "na mão", que raramente precisa da
intervenção da eletrônica para seguir o traçado imposto pelo motorista,
qualquer que seja o raio da curva ou a forma de tomá-la.
É fácil notar que, apesar do peso concentrado atrás, o Porsche tem
tendência a um leve subesterço nas
curvas, ajuste intencional do fabricante para torná-lo acessível ao
motorista de média habilidade, sem treinamento de pilotagem. Mas é
possível reverter esse comportamento nas tomadas de curva, cortando o
acelerador, e do meio para o fim delas, usando cada vez mais o pé
direito. As mudanças manuais de marcha pelos comandos junto ao volante
são imediatas e, no caso das reduções, acompanhadas de
aceleração interina para acoplamento
mais suave.
Na reta, o Carrera S vai a cerca de 160 km/h com o ronco do
seis-cilindros invadindo a cabine, esticando marcha por marcha até o
limite de 7.800 rpm, quando o câmbio faz a troca para cima mesmo em modo
manual. Nesse programa de uso, porém, o motorista pode explorar o
acelerador em baixas rotações sem provocar redução automática, que vem
apenas quando se usa o interruptor de fim de curso do pedal.
Uma rápida parada permite usar o controle eletrônico de largada, que
monitora a aceleração e o acoplamento da embreagem para uma arrancada
tão rápida quanto possível com um mínimo de perda de tração. Basta
manter o pé esquerdo no freio e acelerar a fundo: o motor berra a 6.500
rpm e, liberado o pedal da esquerda, o 911 dispara para frente, fazendo
qualquer um ao redor acreditar que o motorista passou dias treinando
para obter tal eficiência.
Na volta seguinte passamos ao modo Sport Plus, que faz acender as luzes
dos botões referentes a amortecedores e ruído do motor, indicando que o
carro foi reconfigurado. Nem precisava avisar: mesmo em baixa rotação, o
som do 3,8-litros agora se faz notar, encorpado, lembrando vagamente um
carro de corrida. Nas tomadas de curva e sobretudo ao sair delas, o
motorista ganha permissão para tirar o carro um tanto a mais da
trajetória antes que a eletrônica apareça, o que só aumenta a diversão
em local apropriado como esse.
No balé de curvas, esquerda-direita-esquerda-direita, o 911 empolga e
mostra competência. Mesmo liberado em grande parte das amarras
eletrônicas, o esportivo permanece fácil de tocar, com uma direção bem
acertada, de peso ideal, e respostas tão imediatas do motor que a
escolha da marcha deixa de ser importante. Só não se deve provocar o
carro acelerando forte e muito cedo, nas saídas de curva, ou tirando o
pé de vez ao tomá-la rápido: a traseira vem mesmo, decidida, e requer
mãos habilidosas para que não ultrapasse a frente.
De volta à reta, o urro dos 400 cv toma conta do interior e se sobrepõe
à conversa com o piloto que nos acompanha sem pedir licença — e sem que
nenhum de nós reclame da interrupção, pois é pura música. No fim da
reta, os freios dissipam velocidade com rapidez impressionante — o 911
sempre esteve entre os carros mais eficientes do mundo em frenagem, em
boa parte porque o motor traseiro resulta em menor deslocamento de peso
para frente que em um carro de motor central ou, ainda mais, dianteiro.
Então retomamos as curvas e tudo recomeça por mais cinco ou seis voltas,
até que concluímos nossa meia hora de trabalho árduo...
O 911 está longe de ser acessível — ainda mais agora, penalizado pelo
aumento de IPI —, mas tem um valor interessante em relação a outros
esportivos de renome. A nova geração evoluiu no que interessa ao
entusiasta, como desempenho e comportamento, sem abrir mão de certa
praticidade de uso que é muito apreciada no modelo, já que no caminho
até a estradinha sinuosa existe, em geral, trânsito. Tem tudo para se
manter um símbolo de carro esporte, como provam os 14 títulos na
categoria O Carro dos Meus Sonhos da
Eleição dos Melhores Carros. |