O acabamento interno é simples, mas o motorista encontra boa posição e, com opcionais, o picape traz os itens de conveniência mais comuns

Se a potência não é muita, o motor de 1,4 litro permite usá-la com ruído e vibrações contidos; o rodar confortável constitui ponto alto do Hoggar

Rodar de automóvel   A Peugeot optou por oferecer a versão XR apenas com o motor de 1,4 litro e oito válvulas, talvez baseada na grande aceitação do concorrente mais vendido — o Fiat Strada — com propulsor semelhante. Se à primeira vista os 80/82 cv (gasolina e álcool, na ordem) e 12,85 m.kgf podem parecer insuficientes para um picape que chega a 1,8 tonelada quando carregado, o fato é que o pequeno motor surpreende.

Sua boa disposição desde baixas rotações traz desenvoltura ao Hoggar, mesmo sem se usar com frequência a alavanca de câmbio — não que isso constitua problema, pois os engates são muito suaves, e o pedal de embreagem, levíssimo. Além disso, por seu funcionamento suave, isento de vibrações, o motorista pode explorar as altas rotações sem a sensação de esforço anormal, o oposto do que acontece no Strada. Em uso rodoviário o regime do motor é moderado, e o nível de ruído, bem aceitável para o tipo de veículo. O engate simples da marcha à ré, sem anel-trava, traz conveniência.

O Hoggar é o único picape leve, hoje, com suspensão independente na traseira, o que a Fiat usou até 1994 em seus Fiorinos das linhas 147 e Uno, para dar lugar ao eixo rígido. Contudo, o sistema da Peugeot não guarda relação com aquele McPherson com feixe de molas transversal da marca de Betim, MG. Com braços arrastados e barras de torção, o conjunto cedido pelo furgão Partner — e similar em conceito ao da linha 207 — tem vantagens sobre os eixos rígidos e de torção, usados pelos concorrentes, como a total independência entre as rodas e a montagem compacta, que libera espaço na caçamba.

Com um acerto dos melhores, o picape consegue um rodar confortável como poucas vezes se viu na categoria. A sensação é mesmo de automóvel, ainda que um pouco mais firme na traseira, e o comportamento em curvas está de muito bom nível. Os pneus Pirelli Scorpion ATR mostram escolha acertada no tipo cidade/campo e na medida 175/70 R 14, em que as laterais altas contribuem para absorver impactos sem se dobrar em demasia nas curvas. Os freios é que poderiam evoluir: os dianteiros usam discos não ventilados, que podem se superaquecer em situações de maior exigência (não ocorreu na avaliação, mas o picape rodou com pouco peso), e falta opção de sistema antitravamento (ABS).

O conteúdo de série do Hoggar XR inclui direção assistida e faróis de neblina, enquanto os controles elétricos, travamento automático das portas em movimento, ar-condicionado e bolsa inflável para o motorista são opcionais. O preço básico de R$ 35.350 (que passa a R$ 40.250) com tais opções e pintura metálica) é bastante competitivo aos de Chevrolet Montana LS 1,4 (R$ 32.374 sem direção assistida), Fiat Strada Trekking 1,4 (R$ 36.890), o pacote intermediário do Ford Courier L 1,6 (R$ 35.115) e Volkswagen Saveiro Trend 1,6 (R$ 33.390, também sem direção assistida).

E o modelo da Peugeot talvez seja o que transmite maior sensação de automóvel ao rodar, o que agrada em especial a quem roda de picape por necessidade e não por opção. Por esse aspecto, o último a chegar está mesmo entre os primeiros.

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