



Sem causar atração pelas linhas,
o X-Trail cativa o motorista com bom motor, rodar silencioso e uma
calibração de suspensão das melhores |
Beleza é um conceito muito subjetivo. O que para uns é belo, para outros
pode até ser feio. Há ainda aquelas pessoas que pouco se importam com a
beleza exterior: o que vale é o conteúdo, a beleza interior. Quando se
trata de utilitário esporte compacto — segmento que conta com alguns
modelos muito atraentes —, o Nissan X-Trail é para as pessoas que se
preocupam com a beleza interior, ou seja, a dirigibilidade. E para quem
aprecia automóvel.
Apesar de remodelado no ano passado, o desenho externo não é mesmo seu
ponto forte, comentário comum de várias pessoas que viram o carro. No
entanto, esse comentário perdia força depois que dirigiam o X-Trail. A
despeito de alguns pontos que podem melhorar, o carro impressiona pelo
conforto e silêncio a bordo, dignos de modelos bem mais caros.
Fabricado no Japão, na planta de Kyushu, o X-Trail trouxe uma série de
novidades na linha 2009. A começar pelo desenho que, embora tenha
mantido a identidade visual do anterior, foi todo reformulado. Faróis e
lanternas, parachoques e colunas traseiras aumentaram em nome de um
aspecto mais robusto. Junto desses elementos com traços mais brutos, o
X-Trail mantém linhas mais suaves, numa mistura que não casou muito bem.
Os parachoques e paralamas dianteiros muito angulosos contrastam com o
tamanho pequeno das rodas, o mesmo ocorrendo com a porção traseira, em
que as rodas não complementam o visual mais robusto que as colunas mais
amplas querem transmitir.
Além disso, a linha do teto é muito alta, o que melhora o espaço
interno, mas prejudica a harmonia do desenho. Um tanto quanto
desarmônico, o conjunto dá a impressão de ser a re-estilização de um
carro já antigo que a marca estivesse tentando rejuvenescer, o que não
corresponde à realidade. De concepção atual, o X-Trail usa a plataforma
C do grupo Renault/Nissan, a mesma do Sentra. Também desse sedã vêm o
motor de 2,0 litros e 16 válvulas e o câmbio
automático de variação contínua (CVT), exclusivo na categoria. Até
2008 era usado um motor de 2,5 litros. A redução teve como fator, além
da unificação de peças com o sedã mexicano, a adequação do utilitário a
uma alíquota de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) menor do
que a paga pela versão 2,5.
O motor rende um pouco menos no X-Trail: potência de 138 cv a 5.200 rpm
frente aos 142 cv a 5.500 rpm do sedã. Pode-se supor que o objetivo foi
trazer torque para regimes mais baixos, pois o ponto máximo baixou de
20,3 m.kgf a 4.800 rpm do Sentra para 20,2 m.kgf a 4.400 rpm no X-Trail.
A unidade motriz tem concepção moderna, com bloco e cabeçote em alumínio
e variador do comando de válvulas que
atua no tempo de abertura. Tudo isso acoplado ao câmbio CVT proporciona
uma condução agradável, sem nenhuma pretensão esportiva, ainda que o
acerto de suspensão permite que se ouse um pouco mais ao volante.
Também atual, o conjunto alia o sistema McPherson na frente ao
multibraço na traseira e torna a dirigibilidade muito prazerosa em
qualquer condição. O carro responde bem aos comandos e, mesmo na terra,
revela comportamento previsível e preciso. Nessa condição faltam pneus
que aceitem melhor a superfície irregular de terra ou areia, mas a
Nissan certamente levou em conta que a maioria dos proprietários não sai
do asfalto. O carro conta ainda com freios a disco nas quatro rodas,
sistema antitravamento (ABS) e distribuição
eletrônica entre os eixos.
Continua |