



No asfalto, motor silencioso e
boas respostas do câmbio; na terra, uma suspensão valente e confortável,
mesmo inalterada da Livina comum |
Na
estrada
Ao dirigir a X-Gear, a sensação só poderia ser a mesma da Livina
convencional. A versão que avaliamos, com motor 1,8 e câmbio automático,
trazia revestimento de couro dos bancos com acabamento plissado
(enrugado), que não existe na versão convencional — apenas na alongada,
Grand Livina —, mas faz falta a regulagem de altura, assim como da
ancoragem superior dos cintos de segurança. O bom equipamento original
de áudio toca MP3, mas não traz controle no volante, solução hoje já
adotada em veículos mais simples. O volante de couro com detalhe em aço
escovado é agradável ao toque.
O roteiro de avaliação foi muito bem escolhido e variado, com Marginal
congestionada, rodovia Castelo Branco, estradas vicinais e até um
pequeno trecho de terra. Como esperado, os pneus originais 185/65 R 15
nem podem ouvir falar em terra, pois perdem aderência com facilidade. Um
modelo de uso misto seria bem-vindo para essa finalidade, mas a Nissan
deve ter observado que os motoristas de carros "aventureiros" raramente
saem do asfalto. Em compensação, o rodar é confortável e um mergulho em
“cratera” encoberta pela poeira dos outros carros, com direito a pequena
decolagem ao sair, mostrou que o carro responde muito bem a pisos
irregulares, sem encostar nenhuma parte no chão, graças ao bom vão livre
de 16,5 centímetros (o mesmo da Livina “civil”) e à suspensão bem
acertada. Nesse momento surgiu um dos pontos altos (literalmente) das
minivans: não batemos a cabeça no teto.
Algo que chama atenção é o funcionamento silencioso do motor. Em
rodovia, em quarta marcha, só se ouve o ruído da unidade Nissan de 1,8
litro (a mesma do Tiida) ao se afundar o pé no acelerador. A retomada de
velocidade é muito boa e a rotação em viagem é moderada. O torque máximo
(17,5 m.kgf) aparece em alta rotação, mas 90% dele já estão disponíveis
a 2.400 rpm. Alguns detalhes interessantes vieram da Grand Livina, como
a chave que pode ficar no bolso do motorista. A menos de 80 cm do carro,
o sensor da chave envia um sinal interpretado por um receptador que
habilita o carro a funcionar. Assim, não é preciso tirar a chave do
bolso para abrir as portas ou o porta-malas e dar a partida por um
comando giratório.
O apelo da “aventura” dominou o marketing da última década. Nunca se
vendeu tanto equipamento para montanhismo; no entanto, o universo de
praticantes continua estável. É a busca de imagem, em que se adere a uma
característica para se enturmar. Nesse sentido, os veículos com pinta de
aventura emprestam uma imagem menos comportada a seus ocupantes. Outra
estratégia é atrair o público jovem, que vê na minivan a oportunidade de
transportar todo equipamento para uma viagem sem deixá-lo exposto a
intempéries, como ocorre em picapes. Sem rebater o banco traseiro, o
porta-malas comporta 449 litros, que passam de 700 litros quando o banco
é rebatido. E, ao contrário daquela que deverá ser sua maior concorrente
(a Fiat Idea Adventure), a Livina mantém o estepe dentro do
compartimento, sem apelar para uma improvisada montagem externa que dá
trabalho a cada vez que se deseja acesso à carga.
Está evidente que se trata de um carro criado a partir do pessoal do
marketing. Segundo a Nissan, o conceito da X-Gear é mostrar ao mundo que
a família que está a bordo não é igual às outras... pelo menos enquanto
as outras não estiverem todas de carros "aventureiros". |