


Os motores 1,0 e 1,6-litro são
enfim flexíveis e ganham potência; com baixo peso, o Ka 1,0 permanece
bem ágil


Ponto a corrigir: sem
estabilizador dianteiro, a Ford exagerou na firmeza da suspensão e
afetou o conforto |
No breve teste da fábrica de São Bernardo do Campo até o hotel em São
Paulo que serviu de base para o lançamento, dirigindo a versão 1,0,
pôde-se sentir que o novo Ka está certo em todas as definições, menos
uma: a suspensão é muito dura. Mesmo considerada a falta de
estabilizador (o que exige molas dianteiras menos elásticas para limitar
a rolagem), parece ter havido exagero nos parâmetros de molas e
amortecedores. Informou a Ford que a resistência à torção do eixo
traseiro foi até aumentada — equivale a ter estabilizador atrás. Como a
produção mal começou, há tempo de acertar esse detalhe.
Contudo, se a suspensão causa certo desconforto, por outro lado o novo
Ka continua a se comportar como carro de corrida, tal a precisão e
resposta de direção e a maneira como se sente à vontade abusando nas
curvas. Dificilmente um motorista será apanhado de surpresa ao entrar
numa curva mais rápido do que deve. A excelência de comportamento (que
seria pouco afetada com um rodar algo mais confortável) é resultado de
um dos últimos trabalhos do engenheiro galês da Ford, Richard
Parry-Jones, que se aposentou recentemente e esteve no Brasil para dar a
"receita" da suspensão e direção do novo Ka. Parry-Jones, que era
diretor de desenvolvimento de chassi da Ford mundial, é considerado o
melhor "acertador de chassi" da indústria de todos os tempos. Sua marca
está indelevelmente registrada em todos os Fords produzidos nos últimos
20 anos, dentre eles Escort, Fiesta, Mondeo e Focus.
Os motores são os mesmos do Fiesta 2008, com pequena variação de
potência por questão de instalação no compartimento. No 1,0 não mudou a
potência com álcool, mas perdeu 1 cv com gasolina. Desenvolve 70 e 73
cv, na ordem. Já o 1,6 ficou sem 3 cv (gasolina) e 1 cv (álcool), com
102 e 110 cv, na ordem. Pequena variação em torque também, com a
curiosidade de que no 1,6 o pico baixou para 2.500 rpm apenas com
álcool. Como os pesos são quase iguais (mais 12 kg que no Ka anterior),
o desempenho se manteve praticamente inalterado.
O 1,0 avaliado responde bem ao acelerador (veja os dados oficiais de
desempenho na ficha técnica) e a 120 km/h são 4.000 rpm, rotação
elevada, mas sem que o ruído do motor invada tanto o interior, resultado
do bom isolamento. Com o ganho de potência e torque, foram alongados
diferencial e relações de quarta e quinta nas duas versões. A Ford não
informou o consumo de combustível, limitando-se a mostrar comparações em
base 100 que indicam ser o novo Ka mais econômico do que os
concorrentes, em alguns casos até 10%.
De tudo o que se viu, uma coisa é certa: o novo Ka vai incomodar a
concorrência. Atributos não lhe faltam e seu estilo, capaz de despertar
paixões, tende a agradar a gregos e troianos, em uma vasta aceitação que
seu antecessor nunca desfrutou. |