



Avaliado em Bariloche, na
Patagônia argentina, o Focus agradou pelo isolamento de ruídos,
desempenho correto e sensação de segurança |
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MOTOR
- transversal, 4 cilindros em linha; duplo comando no cabeçote,
4 válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 87,5 x 83,1 mm.
Cilindrada: 1.999 cm3. Taxa de compressão: 10,8:1. Injeção
multiponto seqüencial. Potência máxima: 145 cv a 6.000 rpm. Torque máximo:
18,9
m.kgf a 4.500 rpm. |
CÂMBIO
- manual, 5 marchas, ou automático, 4 marchas; tração dianteira. |
FREIOS
- dianteiros a disco ventilado; traseiros a disco; antitravamento
(ABS). |
DIREÇÃO
- de pinhão e cremalheira; assistência eletroidráulica. |
SUSPENSÃO
- dianteira, independente McPherson; traseira, independente
multibraço. |
RODAS
- 7 x 16 pol; pneus, 205/55 R 16 V. |
DIMENSÕES
(hatch) - comprimento, 4,351 m; largura, 1,84 m; altura, 1,497 m;
entreeixos, 2,64 m; capacidade do tanque, 55 l; porta-malas, 328
l; peso, 1.356 kg*. |
DIMENSÕES
(sedã)
- idem, exceto: comprimento, 4,481 m; porta-malas, 526 l; peso,
1.365 kg*. |
* versão Ghia com caixa
automática. |
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A distribuição de torque continua um destaque: mais de 15 m.kgf a 1.500
rpm e 17,5 a 2.500. Os argentinos contam também com um 1,8
turbodiesel de 115 cv e 28,5 m.kgf.
A caixa manual voltou a ter marcha à ré
sincronizada, como no Focus de motor Zetec 2,0 produzido até 2005,
mas sem o incômodo anel-trava para seu engate usado na época.
A automática ganhou modo de operação manual seqüencial pela
própria alavanca, em esquema pouco usual: troca ascendente para trás e
redução para frente, como na linha BMW e no Omega.
A Ford definiu um modo de atuação
interessante: o câmbio não faz reduções ao acelerar fundo nem trocas
ascendentes no limite de giros, mas realiza tais mudanças de forma
automática se o motorista usar o botão de fim de curso do acelerador
(kick-down). Bem pensado, pois é a reação intuitiva do condutor
quando precisa de mais potência para retomar ou da troca ascendente para
continuar uma ultrapassagem. Tanto na versão manual quanto na
automática, uma luz no painel avisa que o limite de rotação está
próximo.
Os conceitos de suspensão foram mantidos, com destaque para a traseira
independente multibraço (única na classe) e apoiada em
subchassi. Houve mudanças como a adoção
de buchas hidráulicas na dianteira e, como esperado pelo aumento de
peso, na calibração. Os pneus passaram de 195/60 R 15 para 205/55 R 16 e
as rodas usam cinco elementos de fixação em vez de quatro. Os freios
agora usam discos também na
traseira e ABS na versão GLX — antes só na Ghia —, incluem
distribuição eletrônica de pressão entre os
eixos (EBD) e controle em curva, que busca evitar excesso de
frenagem na traseira nessas condições. O pisca-alerta acende-se em
freadas de emergência.
Boa novidade é a assistência eletroidráulica de
direção, que permite ao motorista selecionar os modos Conforto, Normal e
Esporte, do mais leve ao mais pesado. Em uso urbano são similares, mas
têm diferentes curvas de aumento de peso, de modo que em média e alta
velocidade o Esporte se torna mais firme que o Normal e este que o Conforto. A
Ford também programou a direção para maior assistência em caso
de movimento muito rápido no volante, a fim de facilitar manobras
evasivas.
Na avaliação do novo Focus na belíssima região de
Bariloche, na Patagônia argentina, o Best Cars pôde somar cerca
de 80 quilômetros ao volante de um hatch automático e um sedã manual,
ambos Ghia, por trechos urbanos e de rodovia. As impressões confirmam o
que se esperava: a evolução de um carro que sempre cativou o motorista.
O isolamento de ruídos, vibrações e asperezas, que já era uma virtude,
está em excelente nível e o motor com boas respostas desde baixa rotação
lida bem com o peso adicional (130 kg no caso do sedã automático). O câmbio manual tem engates leves e
precisos e, como habitual no modelo, produz baixa rotação em
velocidades de rodovia, como cerca de 3.200 rpm a 120 km/h.
O automático opera com suavidade, mas seria bom
contar com cinco marchas, para atender a pedidos de redução com menor
aumento de giros. Se faltou melhor oportunidade para avaliar o
comportamento em curva, a precisão com que o carro reage aos
comandos no volante faz esperar que mantenha essa qualidade reconhecida
do Focus. A suspensão está acertada mais para firmeza, sem causar
desconforto, e a estabilidade direcional mostrou-se imperturbável nas
grandes retas argentinas a mais de 150 km/h. Lombadas e piso irregular,
ainda que raros em Bariloche (buracos há, e muitos), deram a impressão
de um carro bem adaptado a nosso piso. Tudo será verificado com mais
precisão na avaliação completa.
A Ford pretende dobrar o volume atual de 2.000 unidades de Focus com o
acréscimo da nova geração, desta vez com predomínio de sedã (70%) e de
câmbio automático (mesmo percentual, embora deva representar só 30% no
caso do hatch). A garantia ampliada de um para três anos resolve uma das
desvantagens do antigo modelo diante da intensa competição, mas a nosso
ver a medida mais decisiva está nas palavras de Antônio Baltar, gerente
geral de marketing da Ford: "Vai acabar aquela história de carro
injustiçado", referindo-se ao claro desinteresse da empresa em
promover o Focus até então.
Um carro elogiado pela imprensa mundo afora e líder
mundial de vendas por dois anos (2001 e 2002) nunca ter vendido bem no
Brasil prova que alguma coisa estava, de fato, muito errada na forma
como o fabricante o apresentava ao público. Agora que o carro está ainda
melhor, é chegado o tempo de corrigir o foco. |