


Com suspensões modernas, o
Journey comporta-se como automóvel e tem rodar confortável, bem
diferente de utilitários esporte tradicionais


O motor V6 com 185 cv e 25,5
m.kgf é apenas justo para tanto peso; a caixa automática tem seis
marchas, trocas suaves e comando manual |
Uma menção negativa merecem os pneus Yokohama Aspec em medida 225/65 R
16, que parecem ceder mais que o desejável quando mais solicitados. O
estepe é do tipo temporário. E a tração dianteira, não faz patinar em
toda a esquina? Não: o controle de tração esperto age bem e não deixa a
massa de duas toneladas na mão, nem mesmo naquelas curvas em subida mais
íngremes, com água escorrendo justo no pior lugar. E o câmbio de seis
marchas automático é um primor, em especial em uso urbano. Só “perde o
pé” subindo serra íngreme, onde fica indeciso entre terceira e quarta ou
quarta e quinta e sempre escolhe a marcha mais alta. Mas aí há o comando
manual Autostick, que salva a pátria — apesar do antinatural esquema de
troca de marchas de reduzir puxando para esquerda e o contrário para a
direita.
O motor a gasolina de seis cilindros em "V", 2,7 litros e 24 válvulas
entrega potência de 185 cv e torque máximo de 25,5 m.kgf. Ou seja, não é
nenhum portento de força para um V6, mas supera com folga os
concorrentes de quatro cilindros. Uma curiosidade sobre este motor, que
é a única opção para as três versões de Journey vendidas no Brasil, é
que ele é chamado pela Chrysler norte-americana de flexível em
combustível, capaz de ser alimentado com E85, composto de 85% de álcool
derivado de milho (equivalente ao da cana de açúcar) e 15% de gasolina.
Curiosamente, o Journey no Brasil é um carro a gasolina e, como diz o
manual, deve ser abastecido com o combustível derivado do petróleo com
no máximo 10% (inexistente por aqui) de álcool, sem nenhuma menção à
possibilidade de rodar com percentuais maiores do combustível verde. E
por quê? Porque aqui não existe E85. Nosso álcool contém um mínimo de
gasolina, o que demandaria a instalação de sistema de partida a frio,
como em todos os carros flexíveis vendidos no Brasil. Naturalmente, esse
sistema e seu tanque de gasolina teria de passar pelos testes habituais
do fabricante, até mesmo de colisão, o que talvez não se justifique pelo
volume de vendas previsto para cá.
Como carrega quase duas toneladas, que viram duas e meia com carga
completa, o fôlego do V6 está sob medida para conter exageros de
velocidade. Acompanhar um tráfego nervoso em rodovia com o Journey SE
não é um exercício de paciência se o carro estiver vazio, mas, se acaso
estiver lotado de almas e suas tralhas, uma ultrapassagem em estrada
pode exigir mais tempo e espaço do que seria ideal. Vale manter a mão na
alavanca do câmbio, pronta para “chamar” a marcha certa antes da
decisão, talvez tardia, dos automatismos. Não merece a alcunha de chocho
nem subdimensionado o V6 de 2,7 litros. Está simplesmente justo.
Aliás, como o preço: em relação ao Journey STX deixam-se de lado a
regulagem elétrica dos bancos, o ar-condicionado automático (substituído
por um de ajuste manual), a terceira fileira de banquinhos escamoteáveis
para levar crianças — ou adultos merecedores de castigo —, rodas de
alumínio de 17 pol, faróis auxiliares e sensores de estacionamento. Um
pacote que tirou R$ 14 mil do Journey sem afetar em nada sua
surpreendente competência, conforto e — o ponto alto — a imponência.
O carro custa R$ 85,9 mil, mas o manobrista vai querer gorjeta de carro
de R$ 150 mil. Certeza. |
MOTOR
- transversal, 6 cilindros em V; duplo comando no cabeçote, 4
válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 86 x 78,5 mm.
Cilindrada: 2.736 cm3. Taxa de compressão: 9,9:1. Injeção
multiponto sequencial. Potência máxima: 185 cv a 5.500 rpm. Torque máximo:
25,5
m.kgf a 4.000 rpm. |
CÂMBIO
- automático, 6 marchas; tração dianteira. |
FREIOS
- dianteiros a disco ventilado; traseiros a disco; antitravamento
(ABS). |
DIREÇÃO
- de pinhão e cremalheira; assistência hidráulica. |
SUSPENSÃO
- dianteira, independente McPherson; traseira, independente,
multibraço. |
RODAS
- 16 pol; pneus, 225/65 R 16. |
DIMENSÕES
- comprimento, 4,888 m; largura, 1,878 m; altura, 1,745 m;
entre-eixos, 2,89 m; capacidade do tanque, 80 l; compartimento de
bagagem, 758
l (até o teto) a 1.461 l (com banco rebatido); peso, 1.940 kg. |
Dados do fabricante;
desempenho e consumo
não disponíveis |
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