Primeiro a versão convencional, depois a "aventureira": a ordem mais
comum nos lançamentos da indústria nacional — seguida por Fiat Idea e Volkswagen
Fox/CrossFox, entre outros — foi quebrada pela Citroën em sua minivan compacta.
Se já existia na Europa desde 2008 a C3 Picasso, aqui o fabricante francês
preferiu começar por um derivado com estilo fora-de-estrada, a C3 Aircross, para
só agora lançar a própria C3 Picasso.
Curiosamente, para tentar manter a Aircross enquadrada no mercado como um
utilitário esporte (o que não é), a empresa evita qualquer menção a ela em sua
informação à imprensa, como se fossem produtos independentes. Se com a Aircross
a Citroën mira no Ford EcoSport como adversário direto — para nós seria a Fiat
Idea Adventure, também uma minivan —, a Picasso quer brigar com a Idea
convencional e mais Chevrolet Meriva, Volkswagen SpaceFox, Nissan Livina e até o
hatch Kia Soul. Mas o parentesco entre as versões está à vista e mostra-se até
na composição das três versões.
A C3 Picasso GL, que chega ao preço sugerido de R$ 48 mil, traz de série
ar-condicionado, direção assistida, rodas de aço de 16 pol, computador de bordo,
controle elétrico dos vidros dianteiros e travas, porta-luvas refrigerado,
travamento das portas a distância e banco traseiro bipartido 60:40.
A GLX, a R$ 50,4 mil (R$ 53,9 mil com câmbio automático), acrescenta faróis de
neblina, rodas de alumínio, maçanetas e retrovisores na cor do carro, regulagem
de altura do banco do motorista, controle elétrico dos vidros traseiros e
função um-toque para o comando do motorista,
mesas para os passageiros traseiros, indicador de temperatura externa e rádio/CD
com MP3 e comandos no volante. As bolsas infláveis frontais são opcionais. Na
GLX automática, sistema antitravamento (ABS) de freios com
distribuição eletrônica de força entre os eixos (EBD)
está incluso.
Por fim, a Exclusive (R$ 57,4 mil manual, R$ 60,4 mil automática) adiciona
bolsas infláveis frontais, ABS, o terceiro encosto de cabeça no banco traseiro,
ar-condicionado automático, revestimento dos bancos (parcial) e do volante em
couro, sistema de áudio Pioneer de qualidade superior,
interface Bluetooth para telefone celular,
controlador e limitador de velocidade, faróis e
limpador de para-brisa automáticos, sensores de
estacionamento traseiros, apoios de braço dianteiros e retrovisores
cromados. As opções são, além do câmbio, navegador integrado com tela de 7 pol e
bolsas infláveis laterais dianteiras. Em todas a garantia é de três anos, sendo
de 12 contra corrosão.
Dentro da estratégia de começar pela Aircross, muito do que foi modificado no
projeto francês acabou por ser mantido na C3 Picasso, deixando nossa versão um
pouco diferente da europeia por fora e muito diferente por dentro. Na frente, a
nacional tem grade (lá fora a região é lisa, apenas com o emblema do duplo
chevron) e o para-choque é outro. Por trás, ao aproveitar a quinta porta da
Aircross, a Picasso fabricada em Porto Real, RJ, assumiu linhas assimétricas,
com a placa de licença em um alojamento deslocado para a direita, em vez da
posição central vista na Europa, o que causa alguma estranheza. Também mudaram
lanternas, frisos e outros detalhes na nacionalização.
O resultado agrada: com um tema de estilo baseado em cubos e o conhecido
para-brisa panorâmico em três peças, o novo membro da linha C3 chama atenção e
diferencia-se de tudo que roda pelas ruas... a não ser da própria versão
Aircross. A comparação entre uma e outra revela distinção apenas em acessórios:
na Picasso não há os elementos em prata que simulam protetores de alumínio,
estribos, barras de teto e o estepe preso a um suporte na tampa traseira, pois
ele vem sob o assoalho do porta-malas, no espaço que já era previsto.
A altura de rodagem diminuiu 30 milímetros, parte deles pelos pneus menores,
195/55 R 16 em vez de 205/60 R 16. Questionada sobre o
coeficiente aerodinâmico (Cx), que na Aircross é de 0,36, a Citroën pôde
informar apenas sua multiplicação à área frontal, que resulta em 0,80 contra
0,89 da "aventureira", ou 9% mais baixa. Supondo igual área frontal, o novo
modelo ficaria com 0,33, algo acima do valor (0,308) fornecido na Europa.
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