O C4 Pallas apareceu em um tempo em que a maior parte da concorrência já
contava com motor flexível, mas a PSA Peugeot Citroën ainda não tinha
pronta essa variação da unidade de 2,0 litros e 16 válvulas. Agora chega
a aguardada mudança na linha 2009 do sedã argentino.
Ao contrário de Honda Civic e Toyota Corolla, que quando foram
"flexibilizados" não ganharam potência com álcool — o primeiro chegou a
perder com gasolina —, a versão flexível do C4 Pallas manteve os 143 cv
de antes e, ao ser abastecido com álcool, passa a desenvolver 151 cv,
sempre a 6.000 rpm. Sinal de que a engenharia do grupo francês
mostrou-se atenta às expectativas de muitos consumidores. Surpreende o
fato de ter sido mantida a algo baixa taxa
de compressão de antes, 10,8:1, e mesmo assim o torque ter passado
de 20,4 para 21,6 m.kgf (álcool), a 4.000 rpm nos dois casos. Os ganhos
de potência e de torque foram de 5,6 e 5,8%, na ordem.
Numa fase inicial só existirá versão flexível com a conhecida caixa
automática de quatro marchas, que pode ser operada manualmente e em
seqüência pela alavanca seletora. Quem quiser câmbio manual terá de
esperar três meses, segundo a Citroën. Nesse ínterim, caixa manual só
com motor a gasolina. Boa notícia é que os preços foram mantidos, também
ao contrário do que aconteceu com as marcas japonesas citadas. A versão
GLX custa R$ 71 mil, e a Exclusive, R$ 77,7 mil, ambas automáticas.
Agora, não só o C4 Pallas conta com uma potente arma para enfrentar os
rivais diretos Honda e Toyota, como conta com o atrativo para pessoas
jurídicas como locadoras, bancos, empresas de maneira geral e governo,
que só compram carros flexíveis. Foi até criada uma diretoria de Vendas
Especiais. Para ser idéia da importância desse mercado, na Fiat e a
Volkswagen ele representa mais de 30% das vendas totais.
Como a chegada da versão Flex muda o local de produção do motor, que
antes vinha da França e agora é feito na fábrica da PSA em Jepenner,
próximo a Buenos Aires. O motor tem 52% de itens produzidos na região do
Mercosul. É lamentável que não seja previsto funcionamento com gasolina
além-fronteira, sem álcool anidro, o que facilitaria a vida dos
residentes próximos à fronteira Brasil-Argentina e outros países
vizinhos.
Para funcionar com álcool, o motor EW10A — o mesmo do Peugeot 307 Flex
lançado em junho — passou pelas modificações habituais como
remapeamento de injeção e ignição, novas
válvulas e suas sedes no cabeçote, novos pistões e anéis com tratamento
de superfície diferenciado, bielas mais resistentes (fraturadas), bomba
de combustível de maiores vazão e pressão (4,2 ante 3 bars), nova bomba
de óleo (mais vazão e pressão), nova programação da caixa automática e
coletor de admissão com tubulação e orifícios calibrados para o sistema
de partida a frio. |
O sistema flexível é Magneti Marelli 6KPB. O pequeno reservatório de
gasolina do sistema de partida a frio tem 625 ml de capacidade e se
encontra no lado direito do motor. Possui um pires para recolher
gasolina eventualmente derramada, que escorre por um tubo até o solo. A
única identificação externa da versão flexível é o discreto emblema
"Flex" na base da pequena janela traseira direita, portanto sobre a
portinhola do bocal de abastecimento. Todos os itens de conforto e
comodidade, de série e opcionais, permanecem inalterados.
Empurra mais
O motor mais potente deixou o C4 Pallas mais agradável do que já era, e
isso se percebe já nos primeiros movimentos. Parece que a reprogramação
da caixa automática foi além da necessária para casar melhor com o motor
flexível: as respostas às trocas de marchas com "o pé", ou seja, atuando
no pedal do acelerador, ficaram bem mais rápidas. O desempenho não
decepciona ninguém.
Do interessante painel digital
aos equipamentos de série, nada
muda por dentro: as novidades estão sob o capô do C4 Pallas
O que é de se lamentar é a fábrica continuar a não informar dados de
desempenho e consumo, como há havia ocorrido com o Pallas lançado em
junho de 2007. Dados da Citroën francesa para a versão automática
informam de 0 a 100 km/h em 12 segundos e velocidade máxima de 190 km/h,
isso com motor de 143 cv e gasolina super européia de 95
octanas RON, igual à nossa comum ou
comum aditivada. Com a potência do motor flexível quando funciona com
álcool, esses números certamente serão melhores.
O C4 Pallas, se já agradava, deverá conquistar mais consumidores e até
mesmo ampliar seu consistente ritmo de 1.500 a 1.600 unidades por mês.
Se antes havia um fator que causava rejeição em muitos interessados, já
não existe mais. Agora, terão de se mexer Ford (com o novo Focus) e
Renault (Mégane), que ainda não oferecem motores flexíveis nesta
cilindrada. |