


Apesar do percurso
insatisfatório, ficou claro que esse novo Série 3 preserva os atributos
tradicionais do modelo... com exceção de um |
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MOTOR
- longitudinal, 4 cilindros em linha; duplo comando no cabeçote,
4 válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 90,1 x 84 mm.
Cilindrada: 1.997 cm3. Taxa de compressão: 10:1. Injeção
direta, turbocompressor de duplo fluxo, resfriador de ar. Potência máxima:
245 cv de 5.000 a 6.500 rpm. Torque máximo:
35,7
m.kgf de 1.250 a 4.800 rpm. |
CÂMBIO
- automático, 8 marchas; tração traseira. |
FREIOS
- dianteiros e traseiros a disco ventilado; antitravamento
(ABS). |
DIREÇÃO
- de pinhão e cremalheira; assistência elétrica. |
SUSPENSÃO
- dianteira, independente McPherson; traseira, independente,
multibraço. |
RODAS
- 17 pol, pneus 225/50 R 17 (básico); 18 pol, pneus 225/45 R 18
(demais versões). |
DIMENSÕES
- comprimento, 4,624 m; largura, 1,811 m; altura, 1,429 m;
entre-eixos, 2,81 m; capacidade do tanque, 60 l; porta-malas, 480
l; peso, 1.430 kg. |
DESEMPENHO - velocidade
máxima, 250 km/h; aceleração
de 0 a 100 km/h, 6,1 s. |
CONSUMO
- em cidade, 12,2 km/l; em estrada, 19,2 km/l. |
Dados do fabricante para 328i; consumo
conforme padrões europeus |
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Com
menor peso que os anteriores, os novos modelos aceleram mais rápido: de
0 a 100 km/h em 6,1 segundos no 328i e em 5,5 s no 335i. A velocidade
máxima está limitada a 250 km/h pela central eletrônica em qualquer um
deles. O consumo pelos padrões europeus no 328i foi reduzido em 15%
diante do antigo 325i, em parte por conta da caixa de oito marchas
(entre as versões de câmbio manual a redução foi de 11%). No 320i será
usado o 2,0-litros turbo com menores potência e torque, 184 cv e 27,5
m.kgf.
Além da alterações citadas em motor e câmbio, a BMW lançou outras
medidas para reduzir as emissões e o consumo. Ao lado dos programas de uso Comfort e Sport o seletor no console do 328i traz a função Eco Pro, que
afeta parâmetros como pontos de trocas automáticas de marcha, resposta
ao comando do acelerador e uso do ar-condicionado em busca de maior
eficiência. Também novo no Série 3 é o sistema de
parada e partida
automáticas do motor, que pode ser desativado por um comando junto ao
botão de partida no painel.
Se a nova estrutura com aços de diferentes resistências permitiu
aumentar ainda mais (em 10%) a rigidez torcional do Série 3, as
suspensões conservam os conceitos da geração anterior, com pequenas
melhorias como mancais e articulações esféricas com menor atrito.
Mudança importante — também relacionada a eficiência — está na direção,
em que a assistência hidráulica dá lugar à elétrica, mantendo o sistema
Servotronic para reduzir a assistência conforme aumenta a velocidade. Os
freios incluem funções como controle de frenagem em curvas, assistência
na saída em aclives e secagem dos discos em pista molhada.
Ao volante
Boas
condições de avaliação dos lançamentos têm sido raras, e não foi
diferente em mais este evento da BMW. Estava disponível apenas o 328i
por um trajeto breve (menos de 40 quilômetros) e insatisfatório, a maior
parte em retas da Rodovia dos Bandeirantes.
Apesar das limitações, o novo Série 3 transmitiu boas sensações.
A mais
presente é a de torque, muito torque: não existe retardo para a atuação
do turbo, o que torna imediatas e consistentes as respostas ao
acelerador. Capaz de ganhar velocidade com rapidez mesmo quando já se
está nos 120 km/h permitidos para a via, essa versão atende muito bem à
demanda por desempenho da grande maioria dos compradores, o que talvez
não se pudesse dizer do antigo 325i. A tal velocidade, em oitava marcha,
o motor repousa a cerca de 2.000 rpm para beneficiar ruído, consumo e
emissões.
No limite permitido ou bem acima dele (que a Polícia Rodoviária não nos
leia), tem-se a certeza de que os homens de Munique fizeram bem a lição de
casa. O 328i segue a trajetória sólido como uma rocha, com
peso exato de direção mesmo em curvas de alta. A absorção de
irregularidades do piso é muito boa para um carro com seu perfil de
pneus e com calibração de suspensão voltada à estabilidade.
No trecho sinuoso que ligava a rodovia à base do evento,
foi prazeroso despejar potência nas rodas sem afetar a direção, como só
uma tração traseira pode fazer. Nessas condições a tendência ao
subesterço pareceu um pouco excessiva,
algo comum hoje em nome da
facilidade de uso pelo dito "motorista médio". Em uma estrada estreita
não chegamos a desativar o controle de estabilidade.
A operação da caixa automática revela-se irrepreensível, ajudada pelo mínimo
intervalo entre as oito relações, que faz o giro cair menos de 500 rpm
em várias trocas. Como já acontecia no câmbio de seis marchas, há muito
pouco deslizamento de conversor de torque para aumentar a eficiência. Se
movida para a esquerda a alavanca aciona o modo esportivo, que mantém
rotações mais altas, e passa a permitir trocas
manuais. Mesmo em manual a mudança para cima é automática; já as
reduções só ocorrem com uso total do acelerador, isto é, pode-se
desfrutar o método carga com facilidade.
Se há algo em que o novo 328i pode decepcionar quem vem dos 325i, 328i e 330i de variadas gerações, é no som do motor. Não que seja
ruidoso — emite apenas um ronco esportivo e agradável quando mais
exigido — ou apresente vibrações, mas deixa no passado a
música dos seis cilindros em linha que tanto ajudaram a construir a
imagem da marca. Ouça o 2,0-litros subindo até seu limite de giros,
perto de 7.000 rpm, e você saberá estar em um carro de alta estirpe, mas
que poderia ter qualquer outro emblema no capô ou na grade. Se o meio
ambiente merece tal concessão, é certo que o "seis" vai deixar saudade.
Como sabíamos, não seria tarefa fácil a BMW aperfeiçoar o Série 3. Houve
progressos em espaço e eficiência, mas talvez alguma perda em estilo e o
abandono de um motor carismático nessa versão intermediária — só os
endinheirados compradores do 335i ainda poderão desfrutar o
seis-cilindros. Mas, comparado a concorrentes diretos como Mercedes-Benz
Classe C, Audi A4 e Volvo S60, o médio bávaro preserva boas condições de
ser o escolhido. |