Duplo caráter: um sedã confortável e seguro para levar a família e sua bagagem, mas capaz de ir de 0 a 200 km/h em menos de 17 segundos

Ao contornar uma curva, no entanto, é que o lobo mostra suas garras. Essa capacidade do M3 atinge um patamar pouco visto em carros homologados para andar em rua. Curvas de qualquer raio são tomadas com perfeição e neutralidade, em que o carro transmite ao motorista o que acontece com as rodas e mascara a velocidade em que se trafega. O limite dos pneus é tão alto que é preciso muito abuso para fazer atuar o controle de estabilidade — a não ser pela aplicação excessiva de potência, claro. A impressão é de segurança absoluta, mesmo quando se dirige a velocidades muito acima do normal.

E tudo isso sem acionar o botão "M" no volante. Todos que entraram no carro perguntaram para o que servia aquele comando. Ele está ligado à ampla possibilidade de configuração por meio do I-Drive. A assistência de direção oferece modos normal e esporte, em que o segundo deixa o volante mais pesado (não há variação na relação da caixa, que é muito rápida com 12,5:1). O EDC, como visto acima, trabalha com três programas e o controle de estabilidade (chamado de DSC, Dynamic Stability Control, no vocabulário BMW) pode ser usado em modo normal e no M Dynamic, que permite mais desvios de trajetória antes de atuar, ou mesmo ser desativado por inteiro. Há ainda a configuração do mapa de injeção e ignição do motor e de suas borboletas de aceleração em modos normal, esporte e esporte mais (Sport Plus).

Cada ajuste feito no I-Drive entra na seleção pessoal do motorista e, se houver alterações posteriores, basta usar o botão "M" do volante para retomar as configurações feitas — por exemplo, com amortecimento, motor e direção em modo esporte e DSC desativado. Na primeira parte da avaliação, o M3 foi ajustado para padrões mais moderados... e já fez tudo isso. Feitos os acertos para suspensão e direção mais firmes, controle mais permissivo, acelerador e câmbio mais rápidos, basta o uso do botão "M" e ele se transforma.

As acelerações ficam brutais, o ronco se torna a melhor das músicas e, com as luzes indicativas de troca de marcha no conta-giros, o motorista chega a acreditar que está dentro de um carro de corrida, tamanha a capacidade de aceleração. Contornar curvas muito rápido fica ainda mais divertido: o corpo é puxado para fora enquanto o carro parece empurrar novamente para dentro. Ao sair dela, percebe-se que a capacidade de curva é muito maior do que se imagina e que o limite ainda está acima. Em retas, rodar em velocidades típicas de Alemanha transmite a sensação de estar a 100 km/h pelo perfeito controle de movimentos da carroceria, o peso exato de volante e a capacidade de dissipar muita velocidade com rapidez, sem que os freios percam eficiência mesmo sob tortura.

É um carro para poucos, sem dúvida, já que custa R$ 405.000 na configuração básica do sedã (com caixa automatizada, R$ 421.600; se for o cupê, R$ 425.600; conversível, R$ 445.000), mas também uma máquina que tem a capacidade de causar paixão. Paixão pela direção, pelos carros, por motores, por seu ronco, pelo cheiro de borracha queimada quando acelerado com vontade. E ainda é possível levar a família a um passeio com espaço adequado, rodar confortável e a comodidade de uma caixa automática.

Talvez esteja aí o mérito mais especial do M3: conciliar com perfeição o método de uma engenharia impecável, o magnetismo da atração por suas formas e a magia de transformar, em quilômetros, qualquer motorista em um aficionado.

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