Depois de quatro anos no mercado com motor de 2,0 litros, a Citroën
decidiu que era hora de oferecer uma versão mais acessível de sua
minivan de cinco lugares. Para isso se valeu de motor nacional,
produzido na fábrica de Porto Real, RJ e já utilizado no C3, em vez de
ficar apenas com o importado de maior cilindrada. Com a mudança, o preço
sugerido de R$ 57.480 da Xsara Picasso GLX 2,0 com câmbio manual baixou
para R$ 49.950 numa primeira fase, que o fabricante chama de
promocional. O preço normal da nova versão, que não terá a opção de
caixa automática e só existirá no Brasil, é de R$ 54.680. O fabricante
não informou a partir de quando o preço cheio será aplicado.
Segundo a Citroën, deverá haver alguma canibalização sobre as versões
2,0-litros, mas o novo posicionamento de preço atrairá os consumidores
de outras marcas dessa faixa de preço, como a Renault Scénic e a
Chevrolet Meriva, que são menores e têm potência semelhante. Da produção
da Picasso em Porto Real, de 1.200 unidades por mês, o mix
previsto é 35% de 1,6-litro, 45% de 2,0 GLX e 20% de 2,0 Exclusive.
Todos os itens de série e opcionais da versão GLX de maior cilindrada
foram mantidos. A única diferença visível na 1,6 é a ausência do emblema
2.0i 16V na tampa traseira, lado direito.
O motor a gasolina (o flexível chega
só daqui a um ano, um atraso incompreensível, pois já é usado no 206 da
sócia Peugeot), de 110 cv a 5.750 rpm, se não leva ao mesmo desempenho
do 2,0 de 138 cv, não decepciona como se poderia esperar. Uma rápida
avaliação em terreno plano permitiu constatar que retoma bem velocidade,
graças em boa parte ao encurtamento médio de 13% na terceira, quarta e
quinta marchas, e que consegue acelerar bem da imobilidade até 100 km/h
— em 10,7 s, diz a fábrica, que informa também que o veículo atinge 186
km/h. O peso, 1.308 kg, aumentou em 2 kg devido ao bloco do motor
de ferro fundido do 1,6 contra alumínio no 2,0. A relação peso-potência
de 11,9 kg/cv (9,5 kg/cv na de 138 cv) ainda se mostra razoável para um
veículo familiar.
Em velocidade de auto-estrada como 120 km/h há a percepção do motor
girando mais alto do que seria desejável. Calculado, pois a Picasso não
tem conta-giros, são 31,8 km/h por 1.000 rpm, o que significa quase
3.800 rpm a essa velocidade real. A Citroën, quando informava consumo
(deixou de fazê-lo, lamentavelmente), declarava 9,6 km/l na cidade e
15,6 na estrada para a GLX 2,0 de 118 cv. Para a 1,6-litro, informou que
o motor menor leva a consumir, em média, 8% menos nos ciclos-padrão de
medição. Aplicando o porcentual, chega-se a 10,4 km/l na cidade e 17
km/l na estrada. Interessante é, e a empresa deveria divulgá-lo
oficialmente.
Preço, desempenho e consumo estão mesmo na direção certa, diante do
objetivo da Citroën em “democratizar” sua minivan no Brasil. |
Não há alterações externas ou
internas na GLX 1,6, apenas sob o motor; os 110 cv cumprem um desempenho
bem razoável, melhor do que se poderia esperar diante dos mais de 1.300
kg |